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Fábrica de vagões deve ser reativada em Minas Gerais

Publicado: 02 Março, 2011 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Quase dois anos depois de a Cooperativa Mineira de Equipamentos Ferroviários (Coomefer) ter fechado as portas - que era formada por ex-funcionários da antiga Companhia Industrial Santa Matilde, instalada em Conselheiro Lafaiete (Campos das Vertentes) -, finalmente o parque industrial da companhia poderá voltar a ser ativado ainda neste ano.

De acordo com o advogado e um dos sócios da Moura Tavares, Figueiredo, Moreira e Campos Advogados, Geraldo Luiz de Moura Tavares, a área de 32 mil metros quadrados, localizada às margens da BR-040, foi arrendada por um grande empresário mineiro.

"O arrendamento foi concluído e em março estamos embarcando para a China para negociar parceria com uma grande empresa de lá para implantação de um empreendimento no ramo de recuperação de vagões ferroviários", afirmou, sem revelar o valor estimado dos aportes e nem o nome do empresário.

O investimento acompanha o aquecimento dos negócios no setor ferroviário no Brasil, que visa à eliminação de gargalos logísticos no segmento, um dos modais mais importantes para o transporte de cargas em Minas, utilizado para escoamento da produção do setor minero-siderúrgico e de grãos.

"A ideia é aproveitar a onda de investimentos em infraestrutura que serão realizados no Brasil nos próximos anos, principalmente no setor ferroviário. O empreendimento deverá ser concretizado o mais breve possível, por isso a importância de uma parceria estratégica, como com os chineses", disse.

ANTF - Balanço divulgado na última quinta-feira pela Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), mostrou que o setor de transporte de cargas no Brasil está em pleno crescimento.

De 1997, quando a concessão de ferrovias foram privatizadas, até o final do ano passado, a movimentação de cargas no país aumentou 86%. Houve um salto de 253,3 milhões de toneladas para 471,1 milhões de toneladas por ano. O crescimento foi alavancado principalmente pelo transporte de produtos siderúrgicos e de commodities agrícolas, como soja, milho e açúcar.

Com isso, os investimentos realizados pelas empresas concessionárias ao longo desses 13 anos somaram mais de R$ 24 bilhões. Só em 2010 foram cerca de R$ 3 bilhões.

Além disso, nos próximos dez anos, deverão ser comprados mais 2 mil locomotivas e 40 mil vagões. Segundo a ANTF, um vagão novo substitui quatro carretas de 27 toneladas e tem uma vida útil de 30 a 35 anos.

Massa falida - A Coomefer era formada por ex-funcionários da Companhia Industrial Santa Matilde, fundada em 1916. Depois que a companhia fechou, em 2001, os 350 funcionários arrendaram as instalações da empresa, com o objetivo de dar continuidade à produção de vagões ferroviários.

No entanto, em outubro de 2005, foi decretada a falência da Santa Matilde. Naquele ano, a Justiça, por meio de um mandato de lacramento, fechou a unidade e todos os 350 funcionários foram dispensados.

O parque fabril da Santa Matilde já foi alvo de várias tentativas de venda nos últimos anos. Em outubro de 2009 foi realizado um leilão, que acabou não despertando interesse de nenhum empreendedor. Conforme informações da Coomefer na época, o desinteresse foi devido à supervalorização do negócio: o lance inicial era de R$ 20,9 milhões.

A cooperativa ainda enfrenta problemas trabalhistas como atrasos salariais, pendências financeiras com fornecedores e na área tributária. "O processo judicial ainda não está finalizado, mas já conseguimos arrendar a área, mesmo estando subjudice", afirmou Moura Tavares.

Além da planta de Lafaiete, a Santa Matilde mantinha uma unidade fabril no município de Três Rios (RJ), que foi a leilão em 2007 e arrematada por um grupo paulista do ramo de resinas termoplásticas.

Fonte: Diário do Comércio