Indústria quer aumentar jornada de trabalho para 80 horas semanais
Proposta de 12 horas diárias de trabalho é do presidente da CNI e foi levada para reunião com o golpista Michel Temer. Para presidente da CNM/CUT, com o golpe, empresários querem a volta da escravidão.
Publicado: 08 Julho, 2016 - 00h00
Escrito por: CNM CUT
Crédito: Nando Neves - Agência Imagens da Terra |
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É isso mesmo que você leu. A proposta de jornada de 80 horas semanais é do presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade, e foi feita logo depois de uma reunião com o presidente golpista interino, Michel Temer, nesta sexta-feira (8), da qual participaram cerca de 100 empresários.
O presidente da CNI não vê problema nenhum no fato de o trabalhador ter uma jornada diária de 12 horas diárias e ter apenas tempo livre para dormir. E criticou a bandeira histórica da CUT, de reduzir a jornada de 44 para 40 horas semanais.
Na opinião dele, para o governo diminuir o rombo nas contas públicas serão necessárias "mudanças duras" tanto na Previdência Social quanto nas leis trabalhistas.
"É claro que a iniciativa privada está ansiosa para ver medidas duras, difíceis de serem apresentadas. Por exemplo, a questão da Previdência Social. Tem de haver mudanças na Previdência Social”, disse Andrade, defendendo também a implementação de reformas das leis trabalhistas que aumentem a jornada de trabalho.
Para justificar a proposta que foi levada a Michel Temer, o presidente da CNI citou o exemplo da França, que mudou a legislação trabalhista por decreto (leia aqui). “O mundo é assim e temos de estar aberto para fazer essas mudanças. Ficamos ansiosos para que essas mudanças sejam apresentadas no menor tempo possível", destacou o empresário.
Volta da escravidão
O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Cayres, rechaçou a proposta e enfatizou que isso “é apenas o começo do retrocesso caso o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff e contra a democracia se consolide no Brasil”.
O sindicalista argumentou que a flexibilização total da legislação trabalhista e a ampliação da idade para aposentadoria são dois dos principais motivos pelos quais o golpe está em curso no Brasil. “Os empresários, apoiados pelo golpista Temer e seus representantes no Congresso Nacional, querem a volta da escravidão no Brasil”, considerou Cayres. Ele lembrou ainda que o vice-presidente da Fiesp, Benjamin Steinbruch, já defendeu recentemente que trabalhador não precisa ter uma hora de almoço.
Para o presidente da CNM/CUT, os trabalhadores têm de dar uma resposta à altura e lutar com toda intensidade para defender os seus direitos e impedir que o golpe avance. “Nossa resposta tem de ser nas ruas porque não podemos e não vamos permitir que nossos direitos sejam substituídos por correntes invisíveis que levem à classe trabalhadora se tornar escrava da ganância da elite econômica e política no Brasil”, alertou.
(Fonte: Assessoria de Imprensa da CNM/CUT, com informações da Agência Brasil)