acc toolbox
Contraste de cores
Tamanho dos textos
Conteúdo em destaque
Ampliar elementos
learn more about  toolbox
MENU

Sem as ruas, oposição não conseguirá deter reforma da Previdência, avaliam parlamentares

Líder do PT na Câmara e senador apontam maioria governista e pedem mobilização para mudar posicionamento de parlamentares e evitar perda de direitos. Debate foi organizado pela CNM/CUT.

Publicado: 25 Janeiro, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Edu Guimarães
Mesa com o deputado Zarattini (SP), o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e Paulo Cayres, presidente da CNM-CUTMesa com o deputado Zarattini (SP), o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e Paulo Cayres, presidente da CNM-CUT
Mesa com o deputado Zarattini, o senador Lindbergh Farias e Paulo Cayres

Em minoria, a oposição tentará barrar propostas do governo Temer na base da obstrução, mas o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) avaliam que, sem mobilização popular, será muito difícil evitar a aprovação de propostas que reduzem direitos sociais. Entre elas, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, de reforma da Previdência. "Não temos condições de derrotar isso. Se não tivermos uma movimentação social capaz de influenciar os deputados, vamos ter sucessivas derrotas. Quem é contra precisa se manifestar", alertou Zarattini, durante debate organizado pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), em São Bernardo do Campo (SP). A entidade, que reuniu sua direção ontem e hoje (25), prepara uma campanha de esclarecimento sobre o teor da reforma.

Crédito: Edu Guimarães
Zarattini Zarattini
Zarattini                       

Segundo o líder petista, depois do impeachment, o Congresso tornou-se um "rolo compressor" contra direitos sociais e trabalhistas. A reforma da Previdência, diz, visa basicamente a postergar o tempo de aposentadoria e reduzir o valor de benefícios. Ele citou ainda ofensivas contra o monopólio da Petrobras no pré-sal e em relação à lei de conteúdo nacional. E chamou a atenção para o volume de projetos governistas. "De 19 de dezembro até agora, o governo emitiu 15 medidas provisórias. Doze eu diria que são muito importantes. Com mais seis que já estavam lá, são 21 que entram na pauta a partir de 1º de fevereiro", afirmou o parlamentar.

No início de março, possivelmente no dia 9, o PT reunirá em Brasília toda a sua bancada, incluindo Senado, Câmara dos Deputados e Câmara Municipais, para discutir ações contra a reforma da Previdência, vista, neste momento, como fator catalisador. "A gente tem de fazer um movimento para que o deputado perceba que a base dele é contra. Eles armaram um plano de guerra para aprovar a reforma."

A estratégia a ser adotada é a da obstrução, inclusive aproveitando as 21 MPs em discussão na Câmara. O governo espera aprovar a PEC 287 ainda no primeiro semestre. Inicialmente, a proposta passará por uma comissão especial, a ser criada nos primeiros dias de fevereiro, após a eleição da mesa diretora. Depois, terá de ser votada em dois turnos, para então ser remetida ao Senado. "A reforma da Previdência do (ex-presidente) Fernando Henrique demorou três anos para ser votada. Mas não tinha essa mobilização como agora. O plano deles é muito mais violento", comentou o deputado.

Austeridade

Crédito: Edu Guimarães
- -
Lindbergh                    

Para Lindbergh, está em curso a segunda ofensiva neoliberal na América Latina e o golpe continua em ação. "Afastar Dilma foi só o início", afirmou, prevendo aprofundamento da crise social. "Só tem um jeito de retomar o crescimento econômico. É o governo federal gastar, investir mais", acrescentou, para observar que "gasto público" virou expressão proibida no atual governo. "Estamos presos nesse discurso maluco da austeridade. Eles colocaram o ajuste fiscal no centro da discussão", disse o senador, para quem a reforma da Previdência terá "efeito desastroso" na economia. "Reduzimos a desigualdade (referindo-se, principalmente, ao governo Lula) ampliando o gasto social."

"Temos de nos preparar para um ano muito quente", afirmou Lindbergh, dizendo-se convencido que o PSDB e "as elites" tentarão "empurrar" o presidente Michel Temer até 2018. "Mas pode ser que eles não consigam."

Falando para metalúrgicos de todas as regiões do país, o senador observou que o governo Dilma também cometeu erros. O principal teria sido o ajuste promovido pelo então ministro Joaquim Levy. "Cortamos tudo. A economia foi ladeira abaixo. E nós imobilizamos a nossa base social." Faltou ainda, segundo ele, "desarmar" a questão do pagamento dos juros, que custou R$ 502 bilhões apenas em 2015.

Destacando "maldades" da PEC, o parlamentar lembrou que aproximadamente 70% dos aposentados ganham o equivalente a um salário mínimo e que a média das aposentadorias é de R$ 1.100. "É impressionante que não tem nenhuma medida para o andar de cima", afirmou, também contestando a tese de "rombo" da Previdência. "Para dizer isso, eles tiram a parte do governo", acrescentou, citando contribuições como Cofins e CSLL, além do PIS/Pasep.

Lindbergh também defendeu mobilização para barrar as medidas. E observou que isso já acontece do outro lado. "A direita está disputando ruas. Se a gente não conseguir fazer grandes manifestações, é difícil virar o jogo."

Crédito: Edu Guimarães
Cayres Cayres
Cayres                        

O presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, defendeu a unidade do movimento sindical e da esquerda, além da formação de uma frente parlamentar progressista e permanente. "Vamos mapear todos esses deputados (favoráveis às propostas do governo), a base principal deles, mostrando em que ele está votando. A reforma da Previdência é mobilizadora", afirmou.

Mobilização contra reformas
A reunião da CNM/CUT teve início na manhã desta terça-feira (24), com a presença de mais de 100 dirigentes de sindicatos e federações de metalúrgicos cutistas. O objetivo é organizar ações unificadas para resistir às reformas trabalhista e da Previdência Social. 

Leia mais informações sobre o evento: 

É hora do enfrentar a direita, avaliam sindicalistas em evento da CNM/CUT

Lula: crescimento só volta com democracia e eleição direta

Para sindicalista, reforma trabalhista de Temer é liberar terceirização

Uma reforma ruim para professor, trabalhador rural e para todos, diz ex-ministro

Esses paineis foram transmitidos pela página da Confederação no Facebook

(Fonte: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual)