Escrito por: CNM CUT
A Anglo American, uma das gigantes da mineração no mundo, deu um importante passo para se tornar, no prazo de cinco anos, a quarta maior produtora de minério de ferro mundial ao adquirir 49% da Minas-Rio, o maior projeto da MMX, companhia controlada pelo empresário Eike Batista.
A aquisição vai custar US$ 1,15 bilhão para o grupo sul-africano, com sede em Londres. Desse valor, US$ 704 milhões irão direto para a conta de Batista, que detinha 30% do empreendimento por meio da Centennial Asset Mining Fund. US$ 446 milhões serão injetados via subscrição de ações da empresa, que desenvolve um projeto integrado (mina-mineroduto-porto) nos dois estados, com investimento de R$ 2,35 bilhões.
Para Eike Batista, a gigante Anglo American é um sócio ideal para fazer um projeto de tamanho mundial, como o da MMX, ficar em pé. 'Se alguém tinha alguma dúvida sobre nosso negócio, isso afasta esta dúvida, pois a Anglo é um sócio extraordinário', disse ao Valor.
Cynthia Carrol, presidente executiva da Anglo, disse em nota da companhia, que minério de ferro é o foco da estratégia futura de crescimento do grupo. Segundo a executiva, a parceria com a MMX para desenvolver um grande projeto no Brasil, junto com as expansões planejadas para Kumba (mineradora que controla na África do Sul), 'poderá elevar a produção consolidada das duas empresas a 100 milhões de toneladas de minério de ferro nos próximos cinco anos'.
A Anglo American foi escolhida num processo de escolha de sócio estratégico da MMX Minas-Rio, coordenado pelos bancos Credit Suisse e Itaú BBA. A proposta foi entregue à MMX na semana passada. No domingo, firmaram acordo preliminar que prevê o fechamento do negócio em seis semanas.
Bernie Pryor, executivo global de desenvolvimento de negócios da Anglo, disse ao Valor que essa participação vai adicionar valor ao portfólio de minério de ferro do grupo, pois se trata de um projeto com porte importante na sua estratégia de crescimento nesse negócio. A Anglo já anunciou reposicionamento de negócios, com enfoque de expansão em metais e minerais (cobre, níquel, minério de ferro e carvão) e saída de ouro (tem 41% da Anglo Gold Ashanti) e celulose e embalagens de papelão.
Pryor afirmou que a Anglo tem planos de ter uma participação significativa no mercado de minério de ferro. Vale do Rio Doce, Rio Tinto e BHP Billiton, reconhece, vão continuar como os três principais produtoras de minério.
A MMX está concluindo a reestruturação do projeto Minas-Rio, previsto para entrar em operação no quarto trimestre de 2009, com produção de 26,5 milhões de toneladas anuais. O processo prevê a cisão em duas empresas: MMX Minas-Rio e LLX Minas-Rio, esta última dedicada à logística, principalmente do mineroduto de 550 km e do Porto de Açu (RJ), que inclui uma pelotizadora. A primeira vai operar jazidas em Minas Gerais (27 direitos minerários e mais o direito de passagem no mineroduto). A Anglo American vai ter 49% do capital das duas empresas e a MMX, 51%.
Rodolfo Landim, diretor geral da MMX, não vê problemas para o fechamento do negócio. 'Todos os princípios já estão discutidos e acordados'. Segundo ele, o interesse da MMX em trazer o expertise da Anglo é grande.
Landim informou que para ter os 49%, a Anglo subscreverá aumento de aumento de capital MMX Minas-Rio. Além dos US$ 704 milhões para comprar os 30% de Batista e dos US$ 446 por 19% de ações, vai aportar ainda mais de US$ 400 milhões correspondente à parte de recursos próprios dos sócios para desenvolver o projeto.
Segundo Pryor, da Anglo, as reservas atuais são suficientes para desenvolver a primeira fase do Minas-Rios. Uma duplicação do projeto, para 53 milhões de toneladas, será estudada após a incorporação de novas reservas minerais.
A Anglo já atua no Brasil em vários negócios, como níquel em Goiás (tem outro projeto, de Barro Alto, de US$ 1,2 bilhão em curso, também no Estado), nióbio e fertilizantes, além de extração de ouro.
Fonte: Valor