Escrito por: CNM CUT
Um dos países do mundo com mais restrições aos direitos das mulheres, Arábia Saudita foi eleita para comissão por voto secreto; Brasil participou de votação.
Como a votação, que aconteceu no dia 19 de abril em Genebra (Suíça), foi secreta, não é possível saber quem votou a favor ou contra os sauditas. Além disso, só houve sufrágio após um pedido dos Estados Unidos, pois, normalmente, a escolha é feita por aclamação.
Dos 54 membros do Conselho Econômico e Social da ONU, 47 votaram a favor da inclusão da Arábia Saudita. Segundo a organização UN Watch, que monitora as ações da ONU, isso significa que ao menos 15 países que se dizem promotores da igualdade entre gêneros votaram a favor da inclusão dos sauditas.
O Brasil é um dos países que fazem parte do conselho. Consultado por Opera Mundi, o Itamaraty afirmou que, em respeito ao princípio de voto secreto na eleição para a Comissão, "o Brasil, como todos os demais países envolvidos, não divulga em quais candidatos vota".
"Escolher a Arábia Saudita para proteger os direitos das mulheres é como transformar um incendiário em chefe de bombeiros da cidade", diz Hillel Neuer, diretor-executivo da UN Watch. Para ele, a escolha é “absurda e moralmente repreensível”.
“A discriminação contra mulheres é grande e sistemática na lei e na prática. Toda mulher saudita é obrigada ter um guardião masculino, que toma todas as decisões importantes por ela, controlando a vida de uma mulher do nascimento à morte. Por que a ONU escolheu o líder das opressões contra as mulheres para promover equidade de gênero e empoderamento feminino?”, questiona. “Hoje, a ONU enviou uma mensagem de que direitos das mulheres podem ser vendidos por petrodólares e política.”
No país, mulheres são, por exemplo, proibidas de dirigir. Em 2011, uma saudita foi condenada a 10 chibatadas por conduzir um veículo, mas sua sentença foi cancelada pelo então rei Abdullah bin Abdul Aziz.
Além disso, somente em 2015 mulheres foram autorizadas a se candidatarem a postos públicos em eleições. Na época, vários setores conservadores da sociedade saudita viram a medida como uma “intrusão ocidental”.
A monarquia saudita remonta ao ano de 1923 e é regida estritamente pela lei islâmica (“sharia”), conhecida pela segregação de sexos em espaços públicos e restrições de direitos sociais, principalmente os das mulheres.
Em 2016, a Arábia Saudita ficou em 141º lugar entre 144 países no relatório anual do Global Gender Gap, estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial que mede a desigualdade entre mulheres e homens pelo mundo. O país ficou à frente somente de Síria, Paquistão e Iêmen – o Brasil ficou em 79º lugar.
(Fonte: Opera Mundi)