Escrito por: CNM CUT

Brasil é o país que mais cobra imposto sobre carro

Dentre os principais países fabricantes de veículos, o Brasil é o que mais cobra imposto sobre a cadeia automobilística. Os tributos podem chegar a 36,4% do preço de um automóvel de mais de 2000 cc, à gasolina. No caso dos carros de 1000 cc, os tributos representam 27,1% do preço total.

Os impostos incidentes são 7% de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) - sobre o preço de fábrica -; 12% de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que abrange a incidência sobre o preço de fábrica mais o IPI; e 11,6% de PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para Fins Sociais), descontados sobre o faturamento.

O que todas essas siglas e porcentagens significam é que quando o consumidor compra um Mille Fire duas portas básico - atualmente, o modelo com menor preço no mercado - dos R$ 22.170 (preço de tabela) que irá pagar, cerca de R$ 6 mil vão para os cofres do governo. Se os tributos não fossem cobrados, o preço cairia para R$ 16.162. Se utilizar como base R$ 50 mil para um exemplo de carro de 2000 cc, flex fuel, o valor pago em impostos saltaria para R$ 16.550.

De acordo com levantamento feito pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a taxa média cobrada sobre o valor do carro é de 30,4%. Ou seja, quase o dobro do segundo colocado, a Itália, cujos tributos representam 16,7% do preço total do veículo.

Nos Estados Unidos a participação dos impostos no preço do carro é de 6,1% - a menor entre os principais fabricantes (ver gráfico ao lado). O baixo imposto norte-americano, somado a fatores como poder de compra e preços de combustível menores, justifica as vendas desse mercado, o maior do mundo. Em 2006, foram comercializados nos Estados Unidos 17 milhões de veículos novos. No Brasil, foram 1,9 milhão de unidades.

Em suma, ao colocar o Brasil ao lado de tais mercados, somente com carga tributária o País fica em último lugar no quesito competitividade. Por isso, hoje o câmbio desfavorável para as exportações pesa tanto: não consegue mais compensar a defasagem.

A solução? Para o assessor econômico da Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), Fabio Pina, não será uma reforma tributária, mas sim uma reforma fiscal. 'Em termos de tributos o Brasil é uma lástima. Porém, para reduzir impostos é preciso reduzir gastos do governo. A reforma tributária só transfere a tarifa de um lado para o outro, não resolve o problema.' O assessor chama atenção ainda para as distorções nas cobranças quando o produto entra no varejo. 'Além da redução, a antecipação do tributo tiraria a vantagem de quem vende sem nota, por exemplo.'

De acordo com Pina, a Fecomercio SP possui diversos estudos que traçam uma possível reforma fiscal. No entanto, o efeito da mudança só seria sentido após 20 anos do início da implantação. 'É muito difícil fazer uma reforma fiscal. É algo para longo prazo.'

Fonte: Diário do Grande ABC