Escrito por: Redação CNM/CUT

Com Lula, Dia da Consciência Negra volta a ser marco de luta contra o racismo

CNM/CUT tem buscado fortalecer atuação das lideranças sindicais no enfrentamento a luta antirracista e investindo em processos de formação e na luta pela cláusula de combate às desigualdades no acordo coletivo

Tânia Rego/ Agência Brasil

Neste domingo, 20 de novembro, se celebra no país o Dia da Consciência Negra, e com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, a data volta a ser marco de luta contra o racismo, já que nos últimos quatro anos a pauta foi ignorada pelo governo de Jair Bolsonaro. 

A pauta racial esteve presente durante os dois mandatos de Lula como presidente, de 2003 a 2010. O petista foi responsável pela inclusão do feriado da Consciência Negra no calendário escolar, pela criação do Estatuto da Igualdade Racial e pela criação da Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), que atuou na promoção de políticas públicas voltadas aos afro-brasileiros. 

Ainda durante os governos Lula, os movimentos sociais e negros conquistaram programas como Prouni, Minha Casa Minha Vida, Ciências Sem Fronteiras e Bolsa família, que contribuíram para melhorar o acesso à universidade, à casa própria e até possibilitaram aos jovens negros e mais pobres estágios e intercâmbios em instituições estrangeiras, ajudando a formar intelectuais negros em diversas áreas, das produções acadêmicas à cultura.

Essas políticas foram destruídas pelo ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP) e depois por Jair Bolsonaro (PL). Eles começaram o desmonte acabando com o status de ministério da SEPPIR.Bolsonaro sequer fingiu preocupação com a pauta do movimento negro mesmo que fosse para atrair o voto da população negra. Tanto o programa de governo apresentado por Bolsonaro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2018 quanto o deste ano não trouxeram uma linha sequer sobre políticas voltadas à população negra no país.

A Secretária de Igualdade Racial da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Christiane Aparecida dos Santos, disse estar esperançosa com o novo governo em 2023 e que o dia 20 volta a ter o significado de marco de luta contra o racismo e contra a herança maldita de Bolsonaro. 

“Que neste 20 de novembro seja um dia de reflexão sobre as nossas lutas, nossa resistência e também sobre nossas vitórias. Já avançamos muito, mas precisamos avançar mais, precisamos vencer esse fascismo e o ódio. Nossa luta não é de hoje, tivemos que lutar muito pra chegar até aqui e continuaremos lutando, hoje e sempre, para que o nosso Brasil seja um Brasil pra todas e todos. Com Lula, teremos um Brasil verdadeiramente democrático, com igualdade de oportunidade ,sem fome, sem miséria, com educação e saúde para todos nós trabalhadores  e trabalhadoras”, destaca a dirigente.

No dia 20, movimentos negros e sociais realizam atos em várias cidades do país para celebrar a democracia e colocar o combate ao racismo na pauta do governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).  Saiba mais sobre a mobilização na matéria publicada pela CUT

CNM/CUT antirracista

Segundo do Dieese CNM-CUT, são 586,3 mil trabalhadores/as negros/as metalúrgicos no Brasil, 30,5% de participação no total da categoria. As desigualdades de raça se somam às de gênero nos locais de trabalho e uma das consequências são as diferenças de remuneração. 

Em 2019, as mulheres negras recebiam 55,2% da remuneração dos homens não negros, que, tradicionalmente, são os trabalhadores com os maiores salários. Já a remuneração dos trabalhadores negros do sexo masculino equivalia a 71,7% dos não negros. 

O Racismo é um mal que precisamos excluir do mundo do trabalho de modo, a possibilidade um ambiente saudável que continua para a promoção da saúde física e mental, bem como, o desenvolvimento das potencialidades de cada trabalhador/a, ampliando o número de  número de pessoas negras em cargos administrativos e garantia de oportunidade para o desenvolvimento pessoal e profissional- afirma Christiane

A Secretaria de Igualdade Racial da CNM/CUT tem buscado fortalecer a atuação das lideranças sindicais no enfrentamento ao racismo e investindo em processos de formação e na luta pela cláusula de combate às desigualdades sociais existentes no mundo do trabalho nas negociações da convenção coletiva nacional da categoria. 

Além disso, tem buscado atuar nos processos de negociação coletiva, buscando aprovar cláusulas que impliquem na ampliação da participação da população negra no mundo do trabalho, de forma digna e com garantia de condições de trabalho e salário.

“O racismo é estruturante em nossa sociedade e precisamos mudar essa realidade e para isso diversas ações devem ser implementadas pelos governos e empregadores envolvendo a participação dos trabalhadores”, disse Christiane. 

Saiba Mais

 

Algumas das ações sugeridas pela CNM/CUT

1.Educação Antirracista que considere a diversidade, equidade e inclusão social  como um pilar importante voltado para o mundo do trabalho.

2.Investir em programas que amplie a empregabilidade – criando e ampliando oportunidades de contratação de forma inclusiva, com desenvolvimento profissional e valorização;

3.Investir, implementar e divulgar ações, políticas e práticas de combate ao racismo e de inclusão estabelecendo estratégias de comunicação que potencializam a inclusão e o enfrentamento ao racismo. 

4.Importante ter metas de indicadores de desigualdade social focadas no combate ao racismo, com prazos claros e bem estabelecidos. 

5. Ampliar a inclusão de negros e negras nas empresas através de politicas publicas de igualdade racial e implementação de cláusulas sobre o combate ao racismo nos acordos e negociações coletivas. 

Sobre o dia 20 de novembro

A celebração relembra a importância de refletir e, ao mesmo tempo, discutir sobre a posição dos negros na sociedade. Afinal, as gerações de afro-brasileiros que sucederam a época de escravidão sofreram e sofrem diversos níveis de preconceito. Vale ressaltar que a data foi estabelecida pelo projeto Lei n.º 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. No entanto, somente em 2011 a lei foi sancionada (Lei 12.519/2011) pela então presidenta Dilma Rousseff.

Em alguns estados do país, o Dia da Consciência Negra é feriado, como no Rio de Janeiro, Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, e a data é para lembrar a morte de Zumbi dos Palmares, nascido livre num quilombo (povoado formado por escravos fugidos), lutou até a morte para defender seu povo contra a escravidão. Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da luta contra a escravidão, lutou também pela liberdade de culto religioso e pela prática da cultura africana no País.