Escrito por: CNM CUT
Evento na Câmara dos Deputados subiu o tom contra a oposição e reiterou apoio à soberania energética e ao resultado legítimo da eleição de 2014.
Representantes de dezenas de entidades sindicais, dos movimentos social e estudantil, partidos políticos e deputados se reuniram nesta terça-feira (14) no Ato em Defesa da Petrobras e da Democracia. A atividade aconteceu no auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, em Brasília, e foi precedida de manifestações no lado externo do Congresso Nacional e reafirmou o apoio ao atual modelo de exploração do petróleo, que garante a soberania energética do Brasil e a destinação de recursos à educação e à saúde pública.
A manifestação foi organizada pela Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobrás (que tem 240 parlamentares), com apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP), CUT, Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), União Nacional dos Estudantes (UNE), entre outras entidades.
Durante o ato, os participantes reiteraram seu apoio à Petrobras e criticaram o Projeto de Lei do Senado (PLS) 131, de autoria de José Serra (PSDB/SP), que muda o modelo de exploração e abre caminho para privatizar a exploração do petróleo e, assim, dificultar o desenvolvimento social brasileiro (na semana passada, por pressão das organizações sociais e sociais, foi retirado o pedido de urgência para a votação da matéria).
“Não estamos discutindo um modelo de gestão de uma empresa e, sim, a soberania nacional. Estamos discutindo o modelo de país que queremos. Se vamos continuar a ser colônia como quer o Serra, submetido ao imperialismo, ou se queremos um país para os trabalhadores, com educação saúde etc.”, afirmou Vagner Freitas, presidente da CUT, na manifestação.
O sindicalista lembrou ainda os efeitos da Operação Lava Jato na economia brasileira, destacando que defende o combate à corrupção, mas que por traz destes ataques prolongados à estatal está a tentativa de minar o governo da presidenta Dilma Rousseff e privatizar a Petrobras.
“Estamos colocando na conta desses golpistas a paralisia do setor produtivo do país. Eles querem que as empresas transnacionais venham prestar serviços aqui, com a quebra das nossas empresas nacionais. E eles estão fazendo isso porque não se conformam com a derrota sofrida por Aécio Neves”, enfatizou Freitas.
O presidente da CUT, ao referir-se à postura ofensiva e “irresponsável” dos partidos de oposição e da mídia tradicional contra a presidenta da República, foi enfático: “Não nos chamem pra briga porque damos um boi para não brigar mas uma boiada para não sair. Se tentarem um golpe eles encontrarão milhares de militantes da CUT para defender nosso projeto e o governo da presidenta Dilma”.
Presente no ato, o presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, lembrou que os metalúrgicos do setor naval estão sentindo na pele os efeitos desse processo. “São os trabalhadores as principais vítimas destes ataques. Eles estão perdendo seus empregos, não recebem salário nem indenização, porque os estaleiros paralisaram a construção de plataformas”, afirmou, referindo-se às cerca de 15 mil demissões na indústria naval este ano. “A Petrobras é um dos maiores patrimônios dos brasileiros e tem de ser preservada. Ela assegura soberania energética, empregos e desenvolvimento social”, completou.
Soberania
O coordenador da FUP, José Maria Rangel, também endossou o papel da estatal e cobrou que o governo assuma também a defesa da soberania nacional.
“A empresa saiu de 2% para 13% do PIB a partir do governo Lula e hoje conseguimos jogar gás do Sul ao Norte do país e passamos a produzir plataformas e navios com a Lei de Conteúdo Nacional. Em sete anos, produzimos 800 mil barris de petróleo do pré-sal, um recorde no mundo, e temos uma cadeia produtiva ao redor da companhia que gira em torno de quase 1,5 milhão de empregos. Agora, é preciso que a Petrobras venha a público e diga que quer o pré-sal, que defenda essas conquistas”, alertou.
A diretora da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) Selene Michieli destacou que ter como estratégia entregar o pré-sal às companhias internacionais reflete qual o modelo de educação a oposição, liderada pelo PSDB, pensa para o país. “Na época do FHC (Fernando Henrique Cardoso), também aprovamos uma Plano Nacional de Educação (PNE), mas não saiu do papel porque não tinha financiamento. Por isso não podemos abrir mão dos royalties”, falou.
Lobby das petroleiras
Entre os parlamentares, muito alertaram que num segmento tão lucrativo como o petróleo e num mercado tão promissor quanto o brasileiro, a briga entre as empresas envolvem lobby, chantagem e financiamento de políticos. Por isso é preciso avaliar mais de perto argumentos como o de Serra que, para justificar o PLS 131, alegou a ausência de recursos da Petrobras para extrair o pré-sal.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) lembrou que no primeiro trimestre deste ano a estatal lucrou R$ 5,3 bilhões. A empresa ainda conseguiu um empréstimo de US$ 11 bi com o China para ampliar o capital, fator que quebra a ideia de ausência de linha de crédito.
Para dar ideia da importância estratégica da Petrobras, o parlamentar lembrou ainda que dois casos de espionagem envolvendo o Brasil recentemente, o Wikileaks, responsável por denunciar o envolvimento de Serra como lobista de petroleiras multinacionais, e o caso Edward Snowden, ex-consultor da CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), envolveram a companhia brasileira.
Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobrás, David Magalhães (PCdoB-BA), acusou, inclusive, o relator do PLS de Serra, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), de se reunir com representantes da Shell enquanto os parlamentares discutiam o pedido de urgência do projeto.
Como definiu a deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), a melhor forma de preservar a Petrobras é blindar a democracia contra o rolo compressor de destruição de direitos, conquistas e símbolos nacionais que vão além da estatal. “Vamos aqui enfrentar projetos na Câmara e no Senado que tentam desestruturar a Petrobras. Mas, ao mesmo tempo temos que entender que a melhor forma de defender a Petrobras é defender a Constituição, a legalidade democrática e o projeto votado pelo povo há pouco mais de seis meses. Essa é a defesa do principal, de um projeto soberano e nacional.”
Metalúrgicos cutistas de várias regiões estiveram presentes na atividade.
(Fonte: Assessoria de Imprensa da CNM/CUT, com informações de Luiz Carvalho - CUT Nacional)