Escrito por: CNM CUT

Desafio: logística dificulta crescimento de fábrica da Ford na Bahia

Entraves logísticos e dificuldades para ampliar a unidade industrial fazem com que a Ford não planeje aumentar a capacidade de produção em Camaçari, sua unidade mais moderna. O presidente da montadora, Marcos de Oliveira, disse que a logística da saída dos carros produzidos na fábrica baiana para os principais mercados consumidores e portos é um desafio que precisa ser vencido para que Camaçari melhore sua competitividade.

As dificuldades logísticas também se referem à chegada dos componentes. Oliveira esclarece que, devido à forma como a fábrica foi construída e ao seu modo de funcionamento, para aumentar o potencial de produção seria preciso parar a montagem por um bom tempo. Em um momento de mercado extremamente aquecido, essa possibilidade é logo descartada. "Optamos pela tentativa de incrementar a produtividade", diz. O executivo admite, no entanto, que não há espaço para grandes ganhos nesse sentido. "Podemos elevar um pouco a produtividade, mas não chegar em algo como 30%, 40%", ressalta.

Para Oliveira, a decisão de, por ora, não investir na ampliação da capacidade dessa unidade passa por uma combinação de fatores. Segundo ele, a estratégia da multinacional é equalizar melhor a produção na América Latina. "Queremos utilizar as fábricas até o ponto mais próximo do máximo de sua capacidade produtiva", explica.

A Ford, contudo, segue com apenas um turno na unidade de Pacheco, na Argentina, não têm novos investimentos para elevar a capacidade na Bahia e aposta as fichas em São Bernardo do Campo (SP). O potencial da fábrica paulista aumentou com a produção do novo Ford Ka. A produção de caminhões, na mesma unidade, passará a funcionar em dois turnos a partir de 2009.

Orgulho do governo e do empresariado baiano e razão para a mudança do nome do Pólo Petroquímico de Camaçari para Pólo Industrial, a Ford conseguiu atrair para o Estado fabricantes de pneus como Pirelli e Bridgestone. A implementação da montadora, porém, não foi capaz de trazer para a Bahia boa parte dos fornecedores. Embora tenha a produção integrada, com a presença dos sistemistas (fabricantes de autopeças que montam os conjuntos de componentes dentro da própria Ford), essas empresas não fabricam seus produtos em solo baiano; fazem apenas a montagem em Camaçari.

"Um dos nossos objetivos é dinamizar essa cadeia no Estado", disse Oliveira, logo após evento de comemoração aos 30 anos do pólo de Camaçari. Mais uma vez, porém, esse objetivo passa pela questão logística. Segundo ele, é preciso gerar mais escala não apenas na Bahia, mas em outros Estados das regiões Nordeste e Centro-Oeste. Na sua avaliação, é necessário, ainda, o crescimento da demanda vinda de outras montadoras para que os fornecedores sejam estimulados a também produzir nesses locais.

Em Camaçari são produzidos 250 mil veículos por ano, o máximo da capacidade. Enquanto isso, em momentos de produção fortemente aquecida ou de problemas como a recente greve da Receita Federal, a Ford lança mão do transporte aéreo para que peças e componentes cheguem mais rápido à Bahia.

Fonte: Valor