Escrito por: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Entre os temas debatidos, o futuro do trabalho, lei da devida diligência, transição energética justa e combate à ascensão da extrema-direita no mundo
A direção executiva do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC recebeu no último dia 29, na Sede em São Bernardo do Campo (SP), os parlamentares alemães do Partido Social-Democrata (Sozialdemokratische Partei Deutschlands, SPD): Matthias Miersch (secretário-geral da sigla), Verena Hubertz (vice-presidenta do grupo parlamentar) e Rainer Vogt (secretário de relações internacionais).
No encontro, foram debatidos entre outros temas, o futuro do trabalho, transição energética justa, combate à ascensão da extrema-direita no mundo, e a lei da devida diligência (duo diligence), que visa garantir que as empresas não violem os direitos humanos e não causem danos ambientais nas suas cadeias de produção.
O secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT), Maicon Michael Vasconcelos, articulador do encontro, contextualizou a situação política na Alemanha ao lembrar que lá foi estabelecida uma ampla aliança entre os partidos em nome da governabilidade. Destacou também que o país, que era um dos propulsores da transição energética, sofreu um grande recuo nesse aspecto em função da guerra na Ucrânia.
“Essa foi uma das pautas que debatemos, falamos sobre cooperação internacional, sobre a necessidade de estarmos mais próximos e debatermos as questões da eletromobilidade, duo diligence e da transição justa. Conversamos sobre parcerias políticas entre os sindicatos e os partidos progressistas da Alemanha e de outras partes do mundo que entendam que a parceria internacional tem que ser um jogo de ganha-ganha, e não somente um jogo em que nós vendemos matérias-primas e os países centrais do capitalismo nos vendem produtos industrializados”, ressaltou.
Discussões sobre os desafios para frear a ascensão da extrema-direita no mundo também tomaram parte do debate. “Traçamos um paralelo de ambos os lados, os principais desafios para impedir a ascensão da extrema-direita no mundo. Visão essa baseada em ódio contra imigrantes, nordestinos, negros ou contra quem tem uma posição política diferente. Para os extremistas, não há debate de ideias, mas sim a vontade de eliminação de quem está debatendo”, destacou Maicon.
O dirigente ressaltou a conversa sobre a questão da devida diligência e o comércio exterior e contou que os parlamentares alemães destacaram que é necessário debater transferência de tecnologia, desenvolvimento industrial nos países parceiros e que a visão neocolonial do comércio exterior é um dos principais motivos para ascensão da extrema-direita.
“Esse protecionismo, esse neocolonialismo comercial com as regiões periféricas do mundo capitalista é um componente que, todos na reunião concordaram, acentua as desigualdades sociais, o que se torna um combustível enorme para a ascensão da extrema-direita. Essa dinâmica precisa acabar nas relações internacionais e nas relações de solidariedade entre a classe trabalhadora”.
“Continuaremos a dialogar e construir pontes com todos os parceiros internacionais que, como nós, acreditem que o desenvolvimento industrial e tecnológico do Brasil é importante para a geopolítica mundial”, concluiu o secretário de relações internacionais da CNM/CUT.