Escrito por: CNM CUT
Dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba se reuniram hoje, 17, na sede do sindicato para tratar das recentes demissões do grupo ZF em Sorocaba e em outras localidades, com cerca de 300 trabalhadores atingidos. Participaram sete integrantes do Comitê de negociação, com a presença dos coordenadores do ABC, Araraquara e das três plantas de Sorocaba.
Segundo o secretário de Juventude da CNM/CUT, dirigente do STIM de Sorocaba e metalúrgico na ZF, Leandro Soares, no encontro foram abordados os temas da campanha salarial e da assinatura do acordo Marco Internacional.
Leandro disse as diretrizes do Acordo Marco foram apresentadas na sede do grupo ZF, na Alemanha, em recente viagem de intercâmbio de metalúrgicos e metalúrgicas brasileiros(as) da CNM/CUT de todo o Brasil. “Na Alemanha conseguimos o aval da empresa para a construção do Acordo Marco e esperamos que seja assinado pela ZF o quanto antes,” disse Leandro.
Entenda a situação nas plantas da ZF
A planta da ZF em Sorocaba, entre os dias 13 e 14 de junho, demitiu 110 funcionários, número que corresponde a 2% do quadro total de colaboradores da fabricante de autopeças instalada na cidade. A empresa aponta o desaquecimento econômico e a redução de demanda do primeiro semestre como motivo dos desligamentos. O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (Smetal), por sua vez, afirma que esse é um caso pontual no setor de ônibus e caminhões, motivado pela implementação do motor Euro 5, fato que provocou uma antecipação das compras dos veículos de grande porte. Apesar desse posicionamento, o presidente do sindicato, Ademilson Terto da Silva, afirma que o setor de autopeças enfrenta dificuldades e diz que a situação pode ser comparada com a retração ocorrida no setor entre 2008 e 2009 com a crise econômica mundial.
Por meio de nota enviada à redação, a ZF afirmou que houve uma "drástica redução de demanda no primeiro semestre deste ano, particularmente no setor automotivo brasileiro". Fabricante de autopeças também para veículos de grande porte, a empresa diz que desde o final do ano passado vem adotando medidas de contenção de despesas e redução de custos. Essas ações, continua a nota, foram tomadas com o objetivo de enfrentar a atual crise econômica que, segundo a empresa, tem proporções mundiais. Ainda de acordo com a nota da empresa há uma preocupação com a preservação de empregos.
Presidente do Smetal, Terto afirma que o sindicato faz a homologação apenas das demissões de trabalhadores com mais de um ano de carteira assinada. Segundo ele, o caso da ZF pode ser considerado pontual e foi causado pela vigência da tecnologia Euro 5 que substitui o modelo de motores usados em ônibus e caminhões. A determinação entrou em vigência em janeiro deste ano e, por conta disso, os empresários e frotistas anteciparam a compra desses veículos causando queda na demanda durante o primeiro semestre.
Antes das demissões da ZF, uma forjaria em Iperó havia sinalizado problemas por conta da queda no volume de encomendas. Parte da cadeia produtiva automobilística, essa forjaria assinou, em março, acordo de suspensão temporária de contrato de 70 funcionários que estão fazendo cursos profissionalizantes ministrados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no primeiro quadrimestre do ano a venda foi 9,2% menor, com um recuo de quase 30% na produção.
Autopeças
Apesar das medidas governamentais de reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos novos, a venda de automóveis não voltou a atingir os mesmos patamares dos anos de 2010 e 2011. Dessa forma, diz Terto, o setor de autopeças na região encontra dificuldades. Segundo ele, assim como aconteceu durante a crise econômica ocorrida entre os anos de 2008 e 2010, ferramentas trabalhistas para minimizar os impactos da crise e preservar empregos podem ser adotadas.
A suspensão temporária do contrato de trabalho, assim como a adoção de banco de horas e concessão de férias coletivas são algumas medidas que podem ser adotadas para preservação de postos de trabalho. Com a suspensão temporária dos contratos, os funcionários são obrigados a fazer curso de qualificação ministrado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Essa exigência, afirma Terto, é benéfica para os trabalhadores.
Apesar da situação das autopeças o segmento de energia está expansão. Terto destaca a presença de empresas ligadas à energia eólica e de fabricação de insumos para o setor energético como um todo. Assim, diz ele, a obrigação de frequentar cursos de qualificação facilitará no caso de uma eventual migração das vagas de trabalho para o setor energético. A categoria dos metalúrgicos na região conta com mais de 40 mil trabalhadores que iniciarão a campanha salarial na próxima semana.
Fonte: Mara Grabert com informações do Jornal Cruzeiro do Sul