Escrito por: CNM CUT
A Gerdau, que deu mais um passo sexta-feira para reforçar sua presença no mercado norte-americano com a compra da Fargo Iron and Metal , também tornou-se sócia de uma de suas rivais no mercado brasileiro, a Arcelor . Com a aquisição da Dofasco pela siderúrgica européia, a Gerdau passa a ser parceira da Arcelor em sua única operação em aços planos, a Gallatin Steel. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) também estuda ampliar seus negócios nos Estados Unidos. Executivos da subsidiária norte-americana da companhia, a CSN LLC visitaram recentemente as instalações da usina de planos Wheeling-Pittsburgh , segundo agências internacionais.
Segundo o presidente do Grupo Gerdau , Jorge Gerdau Johannpeter, a empresa aposta no crescimento naquele continente, mas enfocará sua atuação na área de aços longos, principalmente voltados à construção civil. 'Estamos concentrados em longos. Nosso trabalho ainda não terminou, temos muito a crescer na América Latina e América do Norte. É complexo entrar no segmento de longos, o investimento é alto e é um processo que deve ser muito bem analisado', disse o executivo, em evento no interior de São Paulo. A aquisição da siderúrgica canadense Dofasco por parte da Arcelor criou uma joint venture entre a empresa européia e a brasileira Gerdau. A Dofasco possuía uma operação conjunta (50%-50%) com a Gerdau Ameristeel, a Gallatin Steel , um produtor de laminados a quente reciclados a partir da sucata, com capacidade anual de 1,5 milhão de toneladas.
A Gerdau afirmou que, apesar de agora contar com um novo parceiro na Gallatin, pretende manter sua posição acionária na companhia, confirmando a visão de analistas, uma vez que a operação é a única que a empresa gaúcha possui no segmento de aços planos.
O vice-presidente executivo da Arcelor, Michael Wurth, na ocasião da compra da Dofasco também reiterou que a empresa não pretende se desfazer de qualquer um dos ativos da Dofasco, incluindo a Gallatin.
A CSN é outra que está fazendo 'sondagens' para expandir suas operações nos Estados Unidos. Segundo agências internacionais, executivos da CSN LLC, braço norte-americano da companhia, fizeram visitas às instalações da Wheeling-Pittsburgh, usina local com portfólio de produtos bastante semelhante ao da CSN no Brasil. A usina possui capacidade para produzir 2,8 milhões de toneladas de bobinas a quente e a frio, galvanizados e também zincados.
Analistas norte-americanos afirmam, entretanto, que as instalações da usina, que reportou prejuízo no último período fiscal, são antiquadas, e que o único destaque entre seus ativos são as baterias de coque, mas estas já são operadas em joint venture com a Severstal.
Apetite inglês
A inglesa Corus pode ser o próximo grande consolidador na siderurgia mundial. A empresa voltou à tona no processo na semana passada, com as notícias de que poderia fazer uma nova proposta pela aquisição da brasileira CSN. Em 2002, a multinacional já havia oferecido US$ 4,8 bilhões pelos ativos da siderúrgica nacional, mas o negócio acabou não se concretizando. Executivos da Corus deram declarações afirmando que a empresa possui interesse em ativos e novos investimentos nos mercados do Brasil, da Índia e da Rússia.
Analistas dos Estados Unidos levantam agora a possibilidade de uma fusão entre a Corus e a US Steel (que negocia a compra da AK Steel ). Uma consolidação entre os três grupos criaria a terceira maior siderúrgica do mundo, com capacidade de 50 milhões de toneladas anuais. A Mittal Steel Co e a Arcelor SA também estariam tentando adquirir a CSN, segundo o jornal britânico The Business.
A Steel Business Briefing (SBB) fez um levantamento de 15 siderúrgicas, dos Estados Unidos e Canadá, que podem ser os próximos alvos do processo de consolidação mundial. Entre elas, há a presença de grandes grupos, como a própria US Steel (capacidade de 24,5 milhões de toneladas anuais), a Nucor (21 milhões de toneladas anuais) e a canadense Stelco (4,3 milhões de toneladas anuais). As três, somadas, possuem um total de 25 unidades no continente.
Preços em alta
O processo de consolidação da cadeia do aço coincide com o reaquecimento da demanda mundial e, conseqüentemente, a alta nas cotações. Distribuidores de aço e a própria CSN confirmaram esta semana que haverá reajuste médio de 5% nos preços domésticos dos aços planos. Segundo Luis Fernando Martinez, diretor de laminados da CSN, a empresa vinha trabalhando com patamares de preço do segundo trimestre do ano passado. O executivo confirmou que as demais usinas anunciaram o reajuste e afirmou que a CSN acompanhará o mercado de aço, aumentando seus preços no mesmo patamar.
Plano de investimento
O grupo siderúrgico Arcelor pretende elevar nos próximos cinco anos a produção de aço na América Latina. O foco será a Arcelor Brasil, que passará dos 11 milhões de toneladas anuais para 20 milhões - um aumento de 80%. A ampliação deverá ocorrer nas instalações da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) e da Belgo Siderurgia (antiga Belgo Mineira), dedicadas à fabricação de produtos planos e longos, respectivamente.
Fonte: DCI