Escrito por: Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba (SMetal)
Após realizar uma assembleia na empresa ZF Automotive, o SMetal recebeu inúmeras denúncias sobre a qualidade da alimentação servida aos metalúrgicos
Nas últimas semanas, o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba (SMetal) recebeu diversas denúncias sobre a qualidade da alimentação fornecida em empresas metalúrgicas da região. Bastou uma assembleia, na ZF Automotive, para que a entidade fosse pautada por trabalhadores a respeito da mesma situação em outras empresas.
Na fábrica de autopeças, a denúncia foi de que cerca de 20 trabalhadores precisaram buscar atendimento hospitalar após consumirem refeições de má qualidade no refeitório da empresa. Em outras metalúrgicas, as reclamações apontam para refeições insuficientes, com pouca carne, e de baixa qualidade, o que afeta diretamente a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.
Relatos diretos dos trabalhadores, recebidos pelos Comitês Sindicais de Empresas (CSEs), ilustram o cenário preocupante. “A qualidade da alimentação tem caído cada dia mais. Falta feijão, o suco está quente, o arroz duro, a mistura gelada, sem salada. Compensa mais beber água do que o suco servido. Não dá para continuar assim; isso precisa ser resolvido com a empresa”, relata um trabalhador metalúrgico em depoimento anônimo.
SMetal intensifica pressão contra alimentação inadequada
Leandro Soares, presidente do SMetal, faz um questionamento para os representantes das empresas: “Será que vocês costumam almoçar no mesmo refeitório que os companheiros da produção?”. Isso porque, na visão de Soares, não existe uma vivência dos patrões nos ambientes predominantemente frequentados pelos trabalhadores.
“Se os patrões passassem uma semana inteira comendo somente as refeições servidas nos refeitórios, talvez começassem a entender que a gente se indigna porque além da qualidade ser ruim, a quantidade é, por vezes, insuficiente. Mas do alto das cadeiras dos restaurantes chiques, o patrão jamais vai enxergar a qualidade do almoço do peão”, lamenta.
Diante desse cenário, o Sindicato vem pressionando para que as fábricas assumam sua responsabilidade e promovam melhorias urgentes nos contratos com as fornecedoras de alimentação. “As empresas estão falhando em garantir o mínimo necessário para a saúde e a segurança dos metalúrgicos. Não vamos aceitar que tamanha negligência coloque em risco a vida dos nossos companheiros e companheiras”, defende Leandro.
Valdeci Henrique da Silva (Verdinho), que além de vice-presidente da entidade é secretário de saúde do trabalhador da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SP), reforça que a alimentação inadequada não é apenas desconforto; é uma violação dos direitos básicos do trabalhador. “Temos casos de fraqueza, tontura e até trabalhadores que foram para o hospital. As empresas precisam rever imediatamente seus contratos com as fornecedoras terceirizadas e garantir refeições nutritivas e em quantidade suficiente”, enfatiza.
Diante das denúncias e dos riscos evidentes, o SMetal ressalta que, se necessário, irá acionar os órgãos competentes e não descarta a possibilidade de mobilizações e paralisações. “A responsabilidade é das empresas, que não podem se eximir de garantir condições dignas de trabalho”, alerta o presidente Leandro Soares.
O SMetal está orientando, por meio de suas redes sociais, que os trabalhadores formalizem essas denúncias. “Com esses relatos documentados, podemos reunir forças e material de trabalho, para que possamos pressionar as empresas e resolver a questão”, reforça Soares.
O SMetal recebe denúncias pelo WhatsApp (15) 99714-9534 ou pelo
site smetal.org.br/denuncie. Estes espaços são destinados para que o metalúrgico ou a metalúrgica, associado ou não, faça suas denúncias, anônimas ou não, de forma segura e sigilosa.
Pessoas nutridas trabalham melhor
A nutricionista do Banco de Alimentos de Sorocaba (BAS), Perla Xavier, defende que investir na qualidade da alimentação, mesmo que se torne financeiramente mais custoso para a empresa, trará benefícios à saúde física e mental dos trabalhadores.
Perla enfatiza, sobretudo, a respeito da importância das proteínas.“A necessidade proteica de uma pessoa varia. Para trabalhadores de linha de produção, que muitas vezes realizam tarefas físicas pesadas, a recomendação geral é de cerca de 1,2 a 1,6 gramas de proteína por quilo de peso corporal por dia. Para um trabalhador que pese 70 kg, por exemplo, a ingestão seria entre 84g e 112g de proteína diária”, afirma a nutricionista.
Veja o gráfico abaixo com a divisão nutricional média, levando em consideração a alimentação de um metalúrgico que trabalha 8h por dia em uma posição de linha de produção.