Escrito por: CNM CUT
O ministro da Justiça, Tarso Genro, garantiu que existem provas concretas contra o banqueiro Daniel Dantas, que na semana passada foi preso e solto duas vezes acusado de crimes como tentativa de suborno, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e formação de quadrilhas.
Em computadores apreendidos no banco Opportunity, a Polícia Federal identificou o nome de 89 brasileiros que enviaram ilegalmente cerca de R$ 2 bilhões ao paraíso fiscal das Ilhas Cayman.
Essa relação inclui empresários, médicos, jornalistas, executivos e comerciantes. Esse dinheiro passava depois pelas Ilhas Virgens e voltava ao Brasil como investimento estrangeiro.
O banco foi fundado em 1996 e a partir do primeiro mandato de FHC participou da formação de consórcios para a compra de empresas do sistema Telebrás que foram privatizadas.
De acordo com as investigações, o Opportunity se uniu aos fundos de pensão e, com dinheiro do paraíso fiscal, arrematou a Brasil Telecom, a Amazônia Celular e a Telemig Celular.
Para a Polícia Federal, Dantas construiu uma estrutura de poder que buscava influenciar a Justiça, manipular os meios de comunicação e corromper as autoridades.
Contra o investidor Naji Nahas pesa a acusação de comandar esquema que enviava dinheiro ilegal para o exterior e depois repatriava. O ex-prefeito Celso Pitta é acusado de ser um cliente de Nahas, que legalizaria dinheiro desviado quando era prefeito de São Paulo.
Banqueiro montou rede de influência
Das 24 pessoas presas, permanece na prisão Hugo Chicaroni, ex-diretor do Opportunity, que confessou a tentativa de suborno do delegado Victor Alves, à mando de Dantas, para tentar tirar do inquérito o nome do banqueiro.
Seguro da influência do patrão, Chicaroni chegou a dizer no depoimento que "a preocupação do Daniel Dantas seria apenas com o processo na primeira instância, uma vez que no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça ele resolveria tudo com facilidade".
A reação de alguns parlamentares e jornalistas mostra a força do banqueiro. Na Câmara Federal, deputados subiram à tribuna para questionar o uso de algemas e criticar o que seria um espetáculo da Polícia federal. Eles nada falaram sobre as acusações de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão fiscal, empréstimos proibidos, gestão fraudulenta e uso indevido de informações privilegiadas.
Já a jornalista global Miriam Leitão disse que não entendia o motivo da prisão de Dantas, pois as acusações tratam de coisas do passado. Afirmou ainda que o banqueiro não cometeu crimes, apenas se meteu em diversas confusões.
Ela também nada disse das acusações feitas pela Polícia Federal de lavagem de dinheiro, reciclagem de capitais sujos, ocultação de provas, espionagem e intimidação de pessoas, partidos e governantes.