Escrito por: Redação CNM/CUT

“Estamos fazendo o que nunca foi feito: taxar quem tem mais”, diz Guilherme Mello

Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda defende números positivos da economia no Governo Lula e diz que gritaria contra "taxas" vem de quem tem muito dinheiro, pode e não quer pagar

Em reunião ampliada com o Conselho Diretivo da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) na manhã desta terça-feira (1º), o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, defendeu os esforços do Governo Lula na luta pela justiça tributária ao buscar equilibrar as contas públicas no país.

Além disso, ele exaltou os bons números da economia, trazendo dados de como vários setores se encontram em momento positivo histórico se comparado a períodos anteriores da história recente do país.

“Em qualquer outro momento histórico, se nós tivéssemos os dados atuais, o governo estaria muito bem avaliado. São dados surpreendentes até para o nosso campo político. São pesquisas que mostram que estamos com os menores níveis de pobreza da história, que a nossa inflação é a menor média desde os governos Lula 1 e FHC 2”, afirmou o Mestre em Economia Política pela PUC/SP e doutor em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas.

Pobre é prioridade no orçamento

Mello disse que o que norteia as ações do Ministério da Fazenda desde o início do mandato do governo é o que Lula prometeu ainda na eleição presidencial: o lugar do pobre será dentro do orçamento do governo e o do rico será pagando o imposto que não paga.

“Estamos enfrentando algo que nunca foi enfrentado: taxação de quem tem mais. A gritaria vem do setor financeiro que vai pagar um pouquinho a mais. É uma reação natural e esperada. Acho que estamos avançando nessa agenda, apesar das dificuldades”, afirmou o economista.

Dados  do Instituto Justiça Fiscal, mostram que a carga tributária no Brasil é de 32,3% do Produto Interno Bruto (PIB), quase igual à de países desenvolvidos (35%). Mas aqui, quem mais paga são os pobres e a classe média. Lá fora, o Imposto de Renda da Pessoa Física arrecada 9% do PIB. Aqui, apenas 3%. Já a tributação sobre patrimônio arrecada no Brasil 1,5% do PIB, enquanto nos países ricos chega a 2,4%.

Por aqui, o salário paga até 27,5% de Imposto de Renda. Mas quem ganha R$ 70 mil por mês com lucros e dividendos, paga menos de 10%. Além disso, o consumo — que pesa no bolso dos mais pobres — é excessivamente tributado.

Herança negativa de Guedes e Bolsonaro

Além desses números históricos que mostram a disparidade entre quem paga mais e menos impostos, para o secretário de Política Econômica o governo Lula 3 ficou com uma herança pesada na área econômica, evidenciada principalmente na quantidade de isenções fiscais dadas a parcelas ricas da população no governo Bolsonaro, que se acumularam e deixaram um rombo gigante nas contas públicas.

“Nós começamos a medir esses benefícios fiscais liberados pelo ex-ministro Paulo Guedes questionando as empresas e os setores beneficiados. Um exemplo é o setor do agro que tem R$ 158 bilhões de  isenção por ano. Isso daria o orçamento de um Bolsa Família por ano. Temos milhares de exemplos de programas de benefício fiscal que foram dados e fugiram do controle, deixando uma situação fiscal delicada ao governo seguinte”, afirma Mello.

Políticas públicas desmontadas

O economista ainda denuncia o desmonte feito durante o governo Bolsonaro da parte de arrecadação do governo federal, o desmantelo dos investimentos públicos e a bagunça deixada nos benefícios como Bolsa Família e BPC.

“Nós organizamos os programas sociais que foram enfraquecidos nos governos passados, Temer e Bolsonaro. Retomamos os critérios e ajustamos o foco no Bolsa Família e no BPC. Agora o dinheiro chega de verdade em quem realmente precisa. Se você permitir que a política pública vire bagunça, ela acabará mais cedo ou mais tarde”, disse o economista do Ministério da Fazenda.

Sobre a inflação, Guilherme Mello disse que os anos Temer e Bolsonaro foram cruéis com o poder de compra do trabalhador, já que a política de valorização do salário mínimo foi acabada no período. Ele recorda que a inflação de alimentos no governo Bolsonaro chegou a mais de 50% ao ano, o que fez o país voltar ao mapa da fome e ter cenas de pessoas procurando osso no lixo para comer.

“No governo Lula 3 começamos um processo de reverter a queda do poder de compra do trabalhador, de forma gradual, para que ele tivesse mais renda para comprar alimentos”, comentou.