Escrito por: CNM CUT

Fiat prevê ultrapassar sua capacidade em 2007

A Fiat Automóveis contratou esta semana os 120 primeiros operários que, junto com mais 1.080 a serem escolhidos no processo de seleção dos próximos dias, formarão o terceiro turno de trabalho a partir de fevereiro.

Quando todas as áreas da montadora italiana começarem a funcionar 24 horas por dia, o volume de produção diária passará dos atuais 2,2 mil veículos para 2,5 mil unidades. Mas o presidente da empresa, Cledorvino Belini, aposta que é possível, com alguns ajustes, ultrapassar a capacidade máxima da fábrica e chegar a 2,8 mil carros já em 2007.

A rede de fornecedores está sendo preparada para abastecer o aumento no ritmo da linha de produção em Betim (MG), segundo Belini. O executivo lembra que quando entrou na companhia, em 1987, essa mesma fábrica - a única da montadora italiana no Brasil - produzia uma média de 500 carros por dia.

De janeiro a novembro deste ano, a produção da montadora italiana no Brasil cresceu 11,2%. As projeções indicam um total de 560 mil unidades até o fim do ano. Uma marca ainda distante do recorde de 620 mil veículos, alcançada em 1997, época em que a empresa se favorecia de uma exportação vigorosa para a Europa.

Abaladas pela valorização do real, as vendas externas desta vez não estão bem. Mas a força do mercado doméstico leva a empresa, líder nas vendas internas, a se preparar para um aumento de demanda. Belini prevê crescimento de 10% na produção e no mercado doméstico em 2007.

Isso não quer dizer, porém, que o executivo acredite no crescimento sustentado dessa indústria no Brasil a longo prazo, apesar do potencial do país. O Brasil tem hoje 8,3 habitantes por veículo. Na Alemanha, por exemplo, a média está em 1,7. A indústria despejará este ano 1,9 milhões de veículos no mercado doméstico e enviará mais cerca de 800 mil para outros países.

Para Belini, uma produção anual de 2,5 milhões de veículos deixa o Brasil em desvantagem em relação aos países que estão produzindo carros em grande escala. Segundo o executivo, para não ser engolido pelos concorrentes asiáticos, o país deveria se preparar para garantir uma produção anual de 4 milhões de veículos por ano.

Para responder quanto tempo isso levaria, o executivo faz as contas no papel. Chega à conclusão de que essa marca só pode realmente ser perseguida se a economia brasileira começar a crescer num ritmo acima do atual.

'Precisamos de um aumento anual mínimo de 6% no PIB', afirma. Com esse índice, que garantiria, segundo ele, a manutenção do crescimento da indústria automotiva a médias anuais de 10%, seria possível o país chegar à produção anual de 4 milhões de veículos em sete anos.

Para o executivo, o nó da competitividade da indústria automobilística brasileira está na desvantagem de escala. Em 1994, o Brasil tinha cinco montadoras e hoje conta com 13.

Com o aumento do número de concorrentes, a média anual de produção por montadora caiu de 250 mil para 188 mil unidades. De todas as fábricas brasileiras, somente quatro plataformas (bases de veículos) alcançam produção entre 100 mil e 200 mil carros por ano. Na Ásia, 30 plataformas atingem essas médias, segundo Belini.

'Vamos produzir quanto o mercado pedir'

A partir de fevereiro do ano que vem a Fiat vai produzir 2,5 mil veículos por dia na fábrica de Betim, MG, e para isso está contratando 1,2 mil empregados. Para Cledorvino Belini, presidente da Fiat no Brasil e América Latina, o fato é prova da confiança da montadora no crescimento do mercado doméstico em 2007. 'Vamos produzir quanto o mercado pedir.'

Nessa linha otimista a Fiat está ampliando a projeção da produção em 2007 para 616 mil veículos, o que representa crescimento de 10% sobre 2006. A estrutura no Brasil é, segundo o Belini, suficiente para atender ao mercado interno.

O executivo admite que os resultados das exportações em 2006 só não foram piores porque a empresa adotou estratégia diferenciada. Além de aumentar os preços, atitude comum entre as montadoras para compensar a queda nos volumes exportados, 'a Fiat ampliou a oferta de modelos para seus mercados externos'. Segundo Belini, a expectativa para o ano que vem é pelo menos manter as 100 mil unidades exportadas em 2006.

O executivo explica que o foco da montadora é ampliar a participação de mercado na América Latina, dos atuais 12,7% para 15% até 2010. O mercado latino-americano tem hoje volume de 4,2 milhões de veículos, o que o torna importante globalmente. O alvo maior na região é mesmo o México, que deve absorver 6 mil veículos da marca em 2007 e nos próximos três anos chegar às quarenta concessionárias.

A liderança de mercado no Brasil parece não animar tanto Belini: 'Experiências passadas mostraram que ter o foco dos negócios apenas na liderança em vendas pode ser muito caro, por isso nossa estratégia é liderança de resultados, onde o que importa é a inovação tecnológica, competitividade, relacionamento com clientes, fornecedores, funcionários e acionistas'.

Fiat confirma aliança com indiana Tata

Fiat e Tata anunciaram acordo industrial para produção de veículos na Índia, dando prosseguimento ao memorando de intenções assinado em julho passado, que deu início aos estudos de parcerias estratégicas das duas montadoras. Segundo comunicado divulgado nesta quinta-feira, 14, as duas empresas vão operar em conjunto na planta de produção da Fiat em Ranjangaon, no Estado indiano de Maharashtra, com capacidade para fabricar 100 mil carros e 200 mil motores e transmissões por ano.

De acordo com o comunicado, a fábrica de Ranjangaon vai produzir para os mercados local e externo veículos de ambas as marcas. Mas os primeiros carros montados sobre o guarda-chuva da joint venture serão modelos Fiat. Palio e Adventure já estão em testes de produção e as primeiras unidades devem seguir para as concessionárias indianas em janeiro. Na seqüência serão introduzidos na linha os modelos Fiat Grande Punto e Línea. Os motores fabricados também serão Fiat: o 1.3 diesel e o 1.0 e 1.2 a gasolina da família Fire.

A parte comercial fica por conta da Tata, que já mantém acordo com a Fiat para comercializar modelos da marca italiana em sua rede de 42 concessionárias na Índia - que deverá crescer progressivamente para cem lojas.

Integração -A associação das duas empresas prevê o desenvolvimento conjunto de novos veículos, com investimento de 665 milhões de euros na joint venture. Mas os primeiros modelos Tata-Fiat só devem ser apresentados em 2008.

'Com o início desse projeto em Ranjangaon vamos dar grande impulso à competitividade da Fiat na Índia e região ao redor. A cooperação industrial com a Tata nos permitirá produzir carros e motores com custos adequados à demanda local, além de tirar vantagem do excelente posicionamento e conhecimento da Tata nesse mercado', declarou Sergio Marchionne, presidente mundial da Fiat. 'A integração dos produtos Fiat e Tata é um passo adiante para criar na Índia um participante global do mercado automotivo.'

O presidente da Tata Motors, Ratan Tata, destaca que a parceria permitirá ampliar o portfólio de produtos nas concessionárias, além de trazer conhecimento tecnológico à montadora indiana, a maior daquele país, com faturamento de US$ 5 bilhões no último ano fiscal. 'Essa aliança estratégica dará à Tata Motors acesso aos conjuntos de propulsão (powertrains) de classe mundial da Fiat para sua próxima geração de veículos, ao mesmo tempo em que expande a linha de produtos disponível em nossos concessionários.'

Argentina? - O comunicado divulgado pela Tata também menciona que continuam as negociações para cooperação comercial e industrial com a Fiat na América Latina, conforme a análise de parceria que começou em julho deste ano. 'Essas discussões estão progredindo positivamente', informa a empresa indiana.

Em novembro passado, durante encontro de executivos da Fiat na Itália, uma apresentação feita por Lorenzo Sistino, gerente de marca para o setor de comerciais leves, já dava como certa a produção de picape 4x4 da Tata na fábrica da Fiat em Córdoba, na Argentina, a partir da metade de 2008.

Fonte: Valor e Autodata