Escrito por: CNM CUT
Trabalhadores do mundo inteiro fundam nova Central Mundial de Sindicatos
Mais de 300 delegados representando sindicatos do mundo inteiro, reunidos em Viena, criaram na semana passada a Confederação Sindical Internacional (CSI), uma nova organização fruto da unificação da Confederação Internacional de Organizações Sindicais Livres (CIOSL) e da Confederação Mundial do Trabalho (CMT).
Dos 70 membros do Conselho Geral, 18 pertencem à região das Américas, dos quais 5 são da América do Norte, 12 da América Latina e 1 do Caribe de fala inglesa.
No Comitê Executivo a região está representada por 2 da América do Norte e 3 da América Latina. Das 18 vagas destinadas aos sindicatos das Américas, três ficarão com organizações brasileiras, entre elas, a CUT.
Divididas há 87 anos, as correntes reformistas e cristãs do sindicalismo internacional se encontram agora reunidas. Depois da dissolução das duas grandes centrais em congressos próprios ocorridos no dia anterior, elas se uniram a outras confederações nacionais independente num congresso para a fundação da nova internacional sindical.
Entre esses sindicatos independentes que reforçam a nova central sindical destacam-se a Confederação dos Trabalhadores Argentinos (CTA) e a Confederação Unitária da Colômbia (CUT), na América Latina e a Confederação Geral do Trabalho (CGT) da França.
Em 3 de Novembro, ultimo dia do congresso, Guy Ryder foi eleito secretario geral da CSI. O Congresso também elegeu um Conselho diretivo de 70 pessoas, com 8 cargos adicionais reservados aos representantes dos jovens e das mulheres.
Depois de formada a equipe dirigente, Guy Ryder disse a respeito de sua eleição: 'Sinto-me honrado pela confiança que depositaram em mim os delegados e delegadas do Congresso ao confiar-me este cargo. Amanhã começaremos o trabalho da nova Internacional com esperança e otimismo renovados, com a certeza de sermos mais fortes e não apenas pelo número, mas pela diversidade que conseguimos unificar'.
'A palavra solidariedade nunca teve tanto significado e importância como agora. E a solidariedade prática, através de organização e campanhas internacionais, é o quer nos propomos a oferecer'.
Um dos primeiros atos da recém criada Confederação Sindical Internacional foi ratificar o acordo com as Federações Sindicais Internacionais e a Comissão Sindical Consultiva junto à OCDE (TUAC) para formar o Conselho Global Unions. Entre os objetivos do Conselho está o de promover a sindicalização e defender os interesses sindicais comuns em todo o mundo, através de uma melhor cooperação.
'O Conselho nos permitirá mobilizar as forças de todo o mundo por iniciativas e ações políticas para enfrentar as forças globais que operam contra os interesses dos trabalhadores e de suas famílias', disse hoje Guy Ryder, o novo secretário geral eleito da CSI.
As Federações Sindicais Internacionais representam os trabalhadores e trabalhadoras nos distintos setores econômicos, da educação e dos serviços públicos ao setor industrial, passando pelo comercio e os meios de comunicação. Os metalúrgicos são representados pela Federação Internacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, a FITIM.
A nova CSI representa hoje 307 organizações sindicais nacionais de todo o mundo, com um total de 165 milhões de trabalhadores e trabalhadoras afiliadas. É a maior central internacional de trabalhadores da história e o seu propósito é construir um novo internacionalismo sindical.
A ORIT, a organização regional da CIOSL para as Américas e a CLAT, a organização da CMT para a América Latina tiveram uma participação destacada no congresso de fundação da nova internacional.
O processo de unidade não está ainda terminado. As regiões(África, Ásia e as Américas) tem um prazo até 1 de novembro de 2007 para unificar-se conforme disposição estatutária da CSI.
A CUT participa da nova Confederação
O maior desafio, e o mais urgente, da recém-fundada CSI (Confederação Sindical Internacional) será transformar os diagnósticos e resoluções sobre o mundo do trabalho em ações concretas e que ganhem visibilidade, segundo avaliação do presidente da CUT Artur Henrique. 'Uma das decisões tomadas no congresso de fundação da CSI é a de construir um primeiro ato internacional, que funcionará como um marco da capacidade de mobilização da entidade', diz Artur, que integrou a delegação da CUT que participou do congresso, realizado entre os dias 1º e 3 de novembro, em Viena, Áustria.
O princípio da CSI é fazer frente ao capital globalizado e pressionar e fiscalizar para garantir que os países respeitem direitos trabalhistas dignos já estabelecidos em convenções internacionais, ou que estabeleçam plataformas laborais onde sequer existem ainda. 'É necessária nossa organização para combater barbáries como a existência de 1,4 bilhão de seres humanos trabalhando por menos de dois dólares por dia, ou as mortes notificadas de 2,2 milhões devido a acidentes de trabalho, todo o ano. A humanidade precisa ser lembrada, insistentemente, de que há mais de 12 milhões de escravos no mundo, até que tome para si a tarefa de combater tais absurdos', avalia Artur.
Para João Felicio, secretário de Relações Internacionais da CUT e integrante da delegação que esteve em Viena, a fundação da CSI é um fato histórico. 'Nunca o movimento sindical teve uma iniciativa que tivesse tamanha representatividade. E a CSI já formulou diagnósticos muito lúcidos e consistentes sobre o mundo do trabalho. Precisamos agora passar à prática, e isso deve incluir, necessariamente, campanhas e mobilizações internacionais', afirma.
Por congregar entidades de diferentes concepções, inseridas em realidades nacionais muito diversas, a CSI já recebe críticas de setores do movimento sindical, por conta de uma suavização de princípios e métodos que seria resultado de acomodação de interesses muito díspares.
Por exemplo: Artur reclamou, em pronunciamento que fez no congresso fundador, da ausência de debates sobre a luta pela terra. 'A influência na CSI dos países europeus, que já superaram a questão da reforma agrária há muito tempo, cegou a organização do congresso sobre o tema', afirma. Para Felício, a agenda dos países pobres e em desenvolvimento precisa ser colocada como eixo central da nova entidade. 'As nações desenvolvidas precisam se engajar na pauta dos trabalhadores e ajudar no combate a práticas de países que não adotam legislação trabalhista, piso salarial nem salário mínimo regional, muitas vezes em benefício de corporações sediadas nas grandes potências', diz.
A secretária nacional de Comunicação Rosane Bertotti, ao falar em plenário, destacou a importância que deve ser dada à construção de uma rede democrática e supranacional de comunicação, sem a qual será ainda mais difícil concretizar as ações propostas. 'Há diferentes instrumentos e tecnologias que devem ser utilizadas para uma troca constante de denúncias, experiências e conquistas entre as entidades filiadas', comenta Rosane.
Maria Ednalva Bezerra Lima, secretária sobre a Mulher Trabalhadora, foi eleita para compor o Conselho da CSI, integrado por sindicalistas de 70 países. Também foram delegados pela CUT ao congresso fundador Quintino Severo, secretário-geral, Rosane Silva, secretária de Política Sindical, Denise Motta Dau, secretária de Organização Sindical, Lúcia Reis, diretora executiva, e Everaldo Augusto da Silva, e Expedito Solaney, também diretores executivos. (com material da Agência CUT, ORIT e ITUC).