Escrito por: CNM CUT

Grupo Brasil investe US$ 35 mi para retomada da Karmann-Ghia

O investimento será voltado para o setor de estamparia e na produção de moldes

Após anos sem receber grandes investimentos do grupo alemão Karmman, a Karmann-Ghia do Brasil vive hoje uma nova fase. Em maio, a empresa foi vendida para o Grupo Brasil e receberá US$ 35 milhões para a expansão do setor de estamparia.

Apesar de a Karmann-Ghia ter ficado famosa no país pela parceria com a Volkswagen na produção de veículos entre 1962 e 1975 e, depois, pelo desenvolvimento de conversíveis, a idéia do Grupo Brasil é retomar a força da empresa em estamparia e ferramentaria.

Em entrevista ao G1, o CEO do Grupo Brasil, Antônio Haddad Filho, fala sobre os planos para a empresa e sobre o novo ciclo que a indústria automobilística nacional vive, com o crescimento da demanda interna. O Grupo Brasil possui outras cinco empresas no setor de autopeças, a Metalúrgica de Tubos de Precisão (MTP), SIFCO, Alujet, BR Metals e Westport.

G1 - Qual é o grau de importância da Karmann-Ghia na estratégia do grupo?
Antônio Haddad Filho -
Todas essas empresas do grupo não eram mais o foco das antigas acionistas. Então, o Grupo Brasil fez a aquisição e trabalha na reestruturação e na busca de sinergia para elas se tornarem novamente rentáveis. Ou seja, elas passam a ser o nosso foco. Assim, podemos colocar essas empresas juntas e, cada uma com o seu processo, fornecer para os nossos clientes várias opções de produtos.

G1 - E qual será o investimento dentro da Karmann-Ghia?
Antônio Haddad Filho -
Preparamos investimento para a estamparia de US$ 35 milhões. Aumentaremos a capacidade produtiva de estamparia e faremos melhorias no parque de produção de moldes. É um projeto muito importante para o grupo, com sinergia muito forte com nossas empresas.

G1 - Faz parte da estratégia a retomada do desenvolvimento de automóveis, como aconteceu na década de 1960 com a parceria da Volkswagen, ou a montagem de veículos, como o Land Rover Defender?
Antônio Haddad Filho -
Não vamos fazer isso. Vamos fazer o que a Karmann-Ghia sabe fazer, o que deveria fazer desde o começo, que são peças e não automóveis. Já a montagem da Land Rover foi por muito pouco tempo, não vamos fazer nada nesse sentido.

G1 - Os investimentos do grupo acontecem em um cenário de aquecimento do mercado brasileiro, inflação e aumento dos preços das commodities. Como você enxerga a evolução desse quadro?
Antônio Haddad Filho -
Inflação é um problema que todos os segmentos enfrentam e não é só do Brasil, assim como o aumento dos preços das commodities. O importante no Brasil tem sido o aumento da demanda criado pela situação da demanda, é o diferencial do país para o resto do mundo. O Brasil é um oásis de crescimento, nos preparamos para uma demanda de 5 milhões de veículos. Nossa preocupação é que o Brasil acompanhe esse crescimento com a infra-estrutura necessária.

G1 - Nesta quarta-feira (23), o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu os juros em 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano. Qual é a sua opinião sobre a política adotada pelo governo para conter a inflação?
Antônio Haddad Filho -
A política monetária tem sido bem conduzida, com bastante cautela. Mas em determinados momentos vejo um zelo excessivo. Há fundamentos nas ações, mas poderiam ter um espaço mais flexível. Tiro o chapéu para a política que foi feita, porque a inflação foi derrubada. Essa inflação que nós temos hoje é importada. Ou seja, quando o preço das commodities se equilibrarem, ela vai diminuir.

G1 - Quando você diz flexível se refere à queda do consumo?
Antônio Haddad Filho -
O aumento dos juros impacta muito mais nas decisões de investimento do que nas de consumo. Inibe muito mais os investimentos. O brasileiro vai ter um impacto muito pequeno sobre as prestações. Mas em pouco tempo a tendência é de que a inflação volte a patamares normais.

G1 - E o Grupo Brasil já pensa em novas aquisições ainda para este ano?
Antônio Haddad Filho - Prospectar e avaliar oportunidades de compra está no nosso DNA. Sempre estamos avaliando novas oportunidades. Atualmente estudamos quatro oportunidades, mas isso não quer dizer que fecharemos mais um negócio neste ano. Nossa média, até agora, foi um por ano (o grupo começou as atividades em 2000 e hoje já reúne oito empresas).


Karmann-Ghia do Brasil

A Karmann-Ghia do Brasil Ltda. foi fundada em 1960 em São Bernardo do Campo como uma subsidiária da Wilhelm Karmann GmbH e começou a produzir carrocerias para o Karmann-Ghia 143 Coupe em cima de uma plataforma da Volkswagen.

A fabricação de ferramentas começou em 1962, quando foi instalada a primeira prensa. O último Karmann-Ghia a ser fabricado, foi o modelo TC, que saiu de linha em 1975.

Fonte: G1