Escrito por: CNM CUT
O empresário Jorge Gerdau Johannpeter já traçou seu futuro à frente do grupo Gerdau, maior fabricante de aços longos das Américas: vai deixar a presidência executiva no início de 2007. O compromisso está expresso no último relatório anual do grupo, referente ao desempenho financeiro-operacional de 2005, que acaba de ser publicado e distribuído ao mercado. Ele irá se dedicar só às reuniões do conselho de administração, do qual também é presidente.
Seu sucessor no comando executivo, cuja maior aposta recai sobre seu filho André Bier Gerdau Johannpeter, ainda não está definido. 'Em data a ser definida, será informado o nome do novo presidente do Comitê Executivo', afirma ele no documento. Outro nome cotado para a posição é o de Cláudio Gerdau Johannpeter, seu sobrinho. Cláudio, filho de Klaus, como o primo André, é vice-presidente do comitê executivo do grupo desde meados de 2002.
Jorge Gerdau evita falar sobre o tema sucessão no grupo. Aos 70 anos, incompletos, o empresário acredita ter muita energia ainda para dedicar à empresa, cujo comando assumiu em 1983. Desde então, a Gerdau, fundada em 1901 como uma fabricante de pregos em Porto Alegre (RS), cresceu muito no país e se internacionalizou. Criou ramificações do Uruguai ao Canadá, com forte presença nos Estados Unidos, chegou à Europa e já se prepara para pôr os pés na Ásia.
O grupo brasileiro, controlado por quatro irmãos e suas famílias - Germano, Frederico (o caçula), além de Jorge e Klaus -, é o 14º maior do mundo, com produção de 14,5 milhões de toneladas de aço por ano. Com os investimentos em andamento e as recentes aquisições nos Estados Unidos e Peru, o grupo deve atingir capacidade de 21 milhões de toneladas em 2007.
Ao lado de Jorge Gerdau, deixarão também o comitê executivo do grupo seu irmão Frederico Gerdau Johannpeter e o executivo de confiança da família, Carlos Petry. Frederico, de 64 anos, e Petry, com 65, são vice-presidentes executivo sênior. Ambos já integram o conselho do grupo, composto por oito conselheiros. O cargo deles no comitê executivo poderá ser extinto.
O processo de escolha do novo comandante da Gerdau, conforme menciona no relatório, 'teve início em 2001 e conta com auxílio de consultores internacionais, além das análises internas'. Lembra que a Gerdau 'já fez quatro sucessões ao longo de sua história com absoluta naturalidade' e que 'a decisão sobre o futuro presidente será consensual entre os membros do conselho de administração e levará em consideração características pessoais mais ajustadas para liderar globalmente o negócio'.
Fatores que pesam em favor da escolha de André são sua volta dos Estados Unidos no início deste ano e as novas atribuições que assumiu no grupo. Aos 40 e poucos anos, ele é vice-presidente de operações e membro do conselho da subsidiária Gerdau Ameristeel. No Brasil, passou a cuidar de um amplo leque de responsabilidades corporativas globais: em marketing e vendas, metálicos, suprimentos, logística, gestão de pessoas e desenvolvimento organizacional.
Carlos Gerdau também exibe vasta experiência no grupo e uma de suas especialidades é o negócio de aços especiais, que cresceu neste ano com a compra da Sidenor, da Espanha, grupo controlador da brasileira Aços Villares. Atualmente, Carlos é vice-presidente executivo da Açominas, uma das cinco operações de negócios em que o grupo está dividido. As outras quatro são: Aços Longos Brasil (Ricardo Gehrke), Aços Especiais (Paulo Bins Vasconcelos), América do Norte (Mário Longhi) e América do Sul, exceto Brasil (Carlos Petry).
Para o consultor e especialista em sucessões familiares, Renato Bernhoeft, o caso da Gerdau é um dos mais bem conduzidos no país, para o qual a família fez se preparou bem. 'Suceder uma 'figura' com o perfil do Jorge não é fácil'. A sucessão na siderúrgica, lembrou ele, é importante, mas o papel estratégico mantém-se no conselho, em poder dos quatro irmãos.
Fonte: Valor