Escrito por: CNM CUT
Empresários homenagearam ex-presidente
Em palestra no Estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), o ex-presidente Lula reafirmou sua política em relação ao apoio à construção naval e manifestou a crença de que a política irá continuar com a "companheira" Dilma Roussef.
- Até 2002 os estaleiros estavam com teias de aranha. Não foi por acaso que resolvi investir na construção de navios e plataformas no Brasil e hoje o resultado está à vista de todos - afirmou o conferencista, ao lado do presidente do Sindicato da Construção Naval (Sinaval), Ariovaldo Rocha e do presidente do Gruno Sinergy, dono dos estaleiros Mauá e Eisa, German Efromovich.
Ao saudar Lula, Ariovaldo Rocha lembrou que, em todo o mundo, construção naval decorre de política governamental, não de simples regras de mercado. Rocha destacou que, ao fim do Governo FHC, os estaleiros geravam 2.000 empregos diretos, número que hoje está em 60 mil e poderá chegar a 90 mil em breve, uma vez que há diversos estaleiros se instalando no país.
O ex-presidente concordou com Rocha e salientou que houve uma política de governo - que deve continuar com Dilma - de apoio ao setor e que está intimamente ligada à linha de conteúdo local para obras destinadas ao pré-sal.
- Conosco não haverá a tal maldição do petróleo. Vamos usar o produto para construir mais refinarias, mais navios e gerar mais empregos - disse. Em seguida, apontou para o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli e pediu uma confirmação: " Vamos investir mais e mais no Brasil, não é, Gabrielli ?". A certa altura, Lula instigou Efromovich a ativar ainda mais o estaleiro Mauá - hoje com 3.500 homens - e o empresário respondeu: " Depende do Gabrielli". Com bom-humor, Lula e Efromovich procuraram ressaltar a importância da maior empresa da América Latina para a sustentabilidade dos estaleiros.
Dirigindo-se aos metalúrgicos presentes, Lula lembrou que, para um desempregado, a pior coisa é chegar o Natal e não poder dar um presente ao filho. E afirmou, com bom-humor:
- Quando a gente está sem emprego, até o sindicato foge da gente, pois nessa condição sempre se pede algo. É o emprego que dá altivez ao homem e, na construção naval, nossa história é de sucesso e vai continuar na gestão da companheira Dilma. Lula ressaltou que a política oficial é de apoio aos estaleiros, ao emprego no setor e ao conteúdo local, com encomendas crescentes aos fornecedores nacionais. O site em que a Petrobras se relaciona com fornecedores, o Petronet, conta com 80 mil usuários e em breve deverá chegar a 200 mil.
MAIS NAVIOS
Presente ao encontro com Lula, o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, confirmou que o primeiro dos 49 navios encomendados pela Petrobras será entregue no início de outubro. Será o "Sergio Buarque de Hollanda", construído no Mauá. Machado citou que a seriação permitiu a adoção de alta tecnologia nos estaleiros e comentou com Lula:
- Antes, a gente ía ao exterior e era recebido por assessores. Agora, somos recebidos pelo presidente ou até pelo dono da empresa estrangeira - disse, acenando com a possibilidade de contratação de novos navios ainda este ano, o que será o Programa de Modernização da Frota (Promef) III.
Como se sabe, o primeiro navio lançado para a Transpetro foi o "João Cândido", no Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, mas o primeiro a ser entregue será a embarcação construída no Mauá. Até o fim do ano deverão ser entregues o "Celso Furtado", também feito no Mauá e o "João Cândido".
ATRASOS PREOCUPAM MARÍTIMOS
O presidente do Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar), Severino Almeida, admite que os atrasos na entrega de navios preocupam sua classe.
- Durante décadas, não houve encomendas de navios. Agora, só da Transpetro há 49 petroleiros encomendados. Mas os atrasos na fabricação são motivo de preocupação, pois isso significa menor demanda por marítimos e, de certa forma, estímulo ao uso de navios estrangeiros, sob afretamento.
Segundo Severino, há uma "lógica matemática" por trás disso.
- Um navio-sonda custa de cinco a seis vezes mais do que um petroleiro. Pode estar havendo desleixo na fabricação de navios mercantes, dando-se preferência aos navios-sonda.
Para Severino, é comum ver-se, no setor, casos de expectativas registradas na imprensa que não se tornam realidade. E destaca.
- Estou fazendo críticas em defesa de minha classe. Mas há que se reconhecer que a situação é mil vezes melhor do antes de 2003, quando simplesmente não havia perspectiva de novos navios. Revelou que navios-sonda também usam marítimos, mas em número inferior às demais embarcações de transporte.
Outro motivo de preocupação para Almeida é o desmantelamento da equipe do Departamento de Marinha Mercante (DMM) que cuida, no Ministério dos Transportes, dos processos de financiamento para navios e estaleiros, através do Fundo de Marinha Mercante (FMM).
Severino lembra que reunião do FMM marcada para agosto último foi cancelada e que o Governo se habituou a uma prática que gera apreensão: a aprovação de projetos sem realização de reuniões físicas, através de consultas eletrônicas.
- Eventualmente, ocorria inclusão de um projeto via consulta eletrônica, o que é aceitável. No entanto, a exceção virou regra e agora inúmeros processos são aprovados por consulta eletrônica. Isso é condenável, porque, na análise nas reuniões, sempre um dos conselheiros esclarece os demais quanto a itens positivos ou negativos de cada proposta e, na consulta eletrônica, praticamente se registra aprovação, sem maior debate.
Em relação à atualização de incentivos para a navegação brasileira, através de melhorias na legislação do Registro Especial Brasileiro (REB), o chamado Pró-REB, Almeida afirma que seu apoio é total;
- Os armadores começaram a negociar com o governo na gestão passada do Syndarma, através de Hugo Figueiredo e a receptividade no Governo foi boa. Achamos essencial que isso se torne realidade, pois hoje não há sequer um navio porta-container brasileiro operando nas rotas externas. Países emergentes sempre apoiaram suas marinhas mercantes, como ocorreu com Coréia, Japão e China e o Brasil não pode perder o trem da história.
Em relação aos anunciados desmandos de cruzeiros pela costa brasileira, Almeida criticou:
- O que falta é regulação. Os navios estrangeiros de passageiros fazem o que querem na costa brasileira e procuram deixar de lado a legislação brasileira, para aplicar a lei dos países onde foram registrados. Hoje, as autoridades brasileiras sabem pelos jornais quando um navio de passageiros vai ou não atracar em um porto.
Segundo Almeida, há um vazio regulatório, pois a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) não tem controle sobre os transatlânticos e o Ministério do Turismo não tem competência nem sensibilidade específica sobre o tema.
VALOR EM TRANSPORTES
O jornal Valor destacou as mil maiores empresas do país. Em transportes, as dez melhores foram: ALL, Triângulo do Sol, Gol, Ecorodovias, Renovias, CCR, Norsul, Gefco, Tecondi e Rodovias das Colinas. A seguir, vamos destacar empresas de navegação e terminais citados. Em crescimento sustentável, a liderança coube a Norsul, seguida do Tecondi; em receita líquida a melhor empresa de navegação indicada foi a Aliança, em oitavo lugar; em geração de valor, o Santos Brasil ficou em 10º lugar; em rentabilidade, Tecondi ficou em sexto lugar; em margem da atividade - que é lucro da atividade sobre receita líquida, em percentual - o terminal Santos Brasil obteve oitavo lugar; em liquidez corrente, foram citados a Norsul, em primeiro lugar, a Log-In, em terceiro e Wilson, Sons, em 7º. Em giro do ativo, o segundo lugar é da Libra de Navegação.
VIVA A NR 34
Raramente um ato governamental é saudado por empresários e trabalhadores. Isso ocorreu com Norma Regulamentadora 34,do Ministério do Trabalho. Feita em conjunto por governo, dirigentes de estaleiros e líderes de metalúrgicos, a NR 34 acaba com a aplicação de regras da construção civil na construção naval. Até agora, os fiscais do Ministério do Trabalho se baseavam em disposições genéricas, feitas para atender à construção civil e totalmente distanciadas da construção naval, onde as condições são totalmente diferentes e específicas. Em novembro, a presidente Dilma deverá fazer um evento, em Brasília, para destacar o novo entendimento.
CONTAINER VERSÁTIL
O Tecon Salvador (BA), operado pela Wilson, Sons, realizou, em agosto, o primeiro embarque de soja em contêiner do Nordeste. Em geral, soja vai nos porões dos navios, na modalidade a granel. O uso de container encarece a operação, mas evita perdas, furtos e permite carga e descarga a qualquer tempo. No caso dessa carga, foi destinada ao Japão. De certa forma, o preço mais caro pode até ser compensado, tendo em vista que o custo extra de um navio no porto é muito alto e, em caso de chuva, a embarcação não pode abrir os porões, mas opera normalmente com containeres.
Certos países não aceitam produtos transgênicos e, no caso de carga a granel, fica difícil identificar a natureza dos grãos, o que é facilitado no caso do container. Segundo especialistas, para grandes tonelagens, a soja vai continuar a ser movimentada a granel, mas nada impede que o uso do container cresça de forma acentuada.
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EVENTOS
No dia 4 de novembro, será realizada, no Rio, a feira de petróleo OTC - o que ocorrerá pela primeira vez fora dos Estados Unidos. Em Houston, onde é tradicional, a OTC (Offshore Technoloy Conference) é considerada a maior mostra mundial do setor de óleo e gás. A edição brasileira está passando por certa turbulência. Afirma-se que a gigante Petrobras continuará fiel à concorrente brasileira, a mostra bienal Rio Oil & Gas. Mas já confirmaram presença na OTC Brasil corporações como GE, Schlumberger, Halliburton, Baker Hughes e Weatherford.
Realiza-se dia 5, no auditório da antiga Bolsa do Rio, a Conferência Internacional de Finanças Portuárias, com a presença de importantes empresários e autoridades do Brasil e especialistas do exterior.
No próximo ano, o Rio vai receber a 31a. Conferência Internacional em Engenharia Oceânica, Offshore e Ártica. Será em junho.
Fonte: Netmarinha