Escrito por: CNM CUT
A Magna, empresa com sede no Canadá, que adquiriu participação majoritária na Opel, a divisão europeia da General Motors, ainda é pouco conhecida no Brasil, onde tem uma filial que produz autopeças. No entanto, essa companhia já demonstrou interesse em incluir o Brasil nos seus planos de expansão mundial. Ao acertar com os canadenses a venda da Opel, que vinha sendo cobiçada também pela Fiat, a General Motors consegue chegar com mais de tranquilidade ao pedido de proteção contra credores, sob o capítulo 11 da lei de falências e concordatas dos Estados Unidos, que deve ser anunciado hoje.
A negociação envolveu também as operações da Vauxhall, o braço da GM no Reino Unido. A oferta da Magna inclui ações do banco russo Sberbank. A Magna deverá ficar com 20% das ações e o Sberbank com 35%. Isso garantrirá participação majoritária ao consórcio formado entre a empresa canadense e o banco russo. Esse consórcio fará um investimentos de 700 milhões de euros no novo negócio, dos quais 300 milhões de euros serão aportados imediatamente para ajudar principalmente no pagamento de dívidas com fornecedores. Nessa composição acionária, a GM ficará ainda com 35% dos papéis e os funcionários da Opel com os 10% restantes.
Além disso, o governo alemão concordou em conceder um financiamento de 1,5 bilhão de euros. O acordo trouxe alívio aos fornecedores, com cobranças a vencer esta semana, segundo informa o "Financial Times", e aos 55 mil empregados na Europa. Carl-Peter Forster, que comanda a GM na Europa disse: "A Opel está salva. Este é um novo começo para o futuro da Opel, seus trabalhadores e sua marca".
A Magna tem uma atividade peculiar e ainda não explorada no Brasil. Uma das divisões da companhia faz a montagem de automóveis para algumas fabricantes de modelos de luxo, como Mercedes-Benz e BMW. Esse tipo de atividade que faz uma espécie de montagem terceirizada é chamada de Magna Steyr e tem sede na Áustria. A Magna Steyr é comandada pelo executivo austríaco Herbert Demel, que já foi presidente da Volkswagen do Brasil.
Além de Demel, até o ano passado outro antigo executivo da GM, Mark Hong, que comandou a General Motors do Brasil, esteve na presidência da Magna International, a direção-geral da companhia, que fica no Canadá. Há dois anos, quando ainda estava na presidência do grupo, Hogan andou sondando a possibilidade de comprar uma fábrica de carros já pronta no Brasil. Segundo disse ao Valor na ocasião, uma das ideias era fazer uma proposta para adquirir a fábrica da Mercedes-Benz em Juiz de Fora (MG).
Há algum tempo, o presidente da Volkswagen do Brasil Thomas Schmall , acenou com a possibilidade de testar no Brasil o modelo utilizado na Europa de terceirização de montagem final.
A Usiparts, fabricante de autopeças do grupo Usiminas, já tem uma atividade semelhante. A empresa já fornece partes acabadas de carroceria para a fábrica da Mitsubishi, em Catalão (GO), e para as linhas de produção de caminhões da Ford e Scania, em São Bernardo do Campo (SP). A fábrica da Usiparts parece uma montadora. Na sua linha, cabines e carrocerias são estampadas, soldadas e pintadas.
A subsidiária da Magna no Brasil é uma empresa que fornece autopeças para as montadoras. Sob o comando de Agnaldo Cervone, a Magna está localizada em Vinhedo, no interior de São Paulo. Com aproximadamente 700 funcionários, a unidade fabrica atuadores (itens que integram sistemas de embreagem), batentes, fechaduras, maçanetas e mecanismos de acionamento de vidro. Na América do Sul, o Brasil é o único país onde a Magna está presente. Na estrutura situada no interior paulista, a empresa conta, além da fábrica, com departamentos comercial e de desenvolvimento de produtos. O Fiat Pailo é um dos veículos equipados com peças da Magna.
Esta não é a primeira vez que a Magna tenta comprar um fabricante de veículos para expandir as atividades. A empresa canadense participou da disputa pela Chrysler, quando essa montadora americana ainda pertencia ao grupo DaimlerChrysler, que se desfez. A Magna esteve muito próxima de comprar a Chrysler, mas acabou perdendo a disputa para um fundo de investimentos, o Cerberus.