Escrito por: CNM CUT

Marcopolo e Tata Motors instalam fábrica de ônibus na Índia

A Marcopolo, de Caxias do Sul (RS), e a indiana Tata Motors anunciaram a implantação de uma nova fábrica de ônibus rodoviários, urbanos, mini e microônibus na Índia, que deve começar a produzir em maio do ano que vem. A maior fabricante brasileira do setor terá 49% de participação na 'joint venture' - que prevê um faturamento de US$ 98 milhões, nos primeiros 12 meses, e de US$ 395 milhões, no quinto ano de operação - mas a gestão será compartilhada entre os sócios, afirmou o diretor de estratégia e desenvolvimento da empresa, Ruben Bisi.

A sétima subsidiária no exterior foi anunciada pouco mais de dois meses depois que a Marcopolo comunicou um acordo entre a sua controlada Ciferal e a Ruspromauto para produção de ônibus rodoviários na Rússia, a partir de setembro deste ano, com investimentos de US$ 6,5 milhões divididos em partes iguais entre os dois sócios. Na Índia, serão aplicados US$ 13,3 milhões e o próximo objetivo da empresa brasileira é se instalar na China e em 'outros mercados potenciais', informou Bisi.

A Marcopolo já tem unidades na Colômbia (em parceria com a Superbus), no México (com a Mercedes Benz), na África do Sul, em Portugal e na Argentina (desativada desde 2001 em função da retração da demanda local) e pretende, na associação com a Tata, aproveitar as perspectivas de crescimento do segundo maior mercado do mundo no setor. Em 2005 foram vendidos 45 mil ônibus na Índia, praticamente o dobro do volume comercializado no Brasil, ante 30 mil em 2000. Para 2008, a projeção é chegar a uma demanda total de 60 mil unidades, explicou Bisi.

Estávamos fora desse mercado', afirmou o executivo. De acordo com ele, as vendas de ônibus na Índia só perdem para as da China, que chegam a 90 mil veículos por ano, e tendem a crescer por conta dos fortes investimentos que o governo local está fazendo no sistema de transportes. O principal projeto é a construção de um anel rodoviário de 10 mil quilômetros ligando as principais cidades do país em dez anos, que só em 2006 receberá aportes de US$ 2 bilhões, relatou Bisi.

A fábrica indiana atenderá o mercado interno e exportará para países vizinhos como Sri Lanka, Paquistão e Bangladesh e ainda para o oriente Médio, região que também continuará recebendo ônibus fabricados no Brasil. A Tata Motors fornecerá o chassi e fará a comercialização dos produtos, enquanto a Marcopolo entrará com a tecnologia, desenho e desenvolvimento de novos modelos. O volume de produção previsto para a nova unidade não foi revelado. Conforme o diretor da empresa brasileira, ainda não foi definida a cidade onde será construída a planta.

Segundo Bisi, os ônibus rodoviários de luxo produzidos na Índia serão vendidos na faixa de US$ 150 mil, contra um preço entre US$ 220 mil a US$ 230 mil nos demais mercados em que a Marcopolo atua, graças ao menor custo da mão-de-obra, dos componentes e das matérias-primas.

A Tata Motors é a maior do setor automotivo na Índia, com faturamento de US$ 4,7 bilhões no ano fiscal 2004-05. A Marcopolo teve receita líquida de R$ 388,3 milhões, no primeiro trimestre, 2,7% menor do que no mesmo período de 2005. O lucro cresceu 91,3%, ficando em R$ 19,5 milhões.

Fonte: Valor