Escrito por: CNM CUT

Metalúrgicos da CUT participam de missão à China

Delegação tem encontros com trabalhadores e universidades e vai conhecer empresas de vários setores. Trabalhadores querem obter informações para propostas de política industrial no Brasil.

Crédito: DivulgaçãoDelegação de metalúrgicos no SindicatoDelegação de metalúrgicos no Sindicato Nacional dos Trabalhadores da China

Teve início no último sábado (15) a visita da missão dos metalúrgicos da CUT à China. O objetivo é conhecer a realidade dos trabalhadores e a política industrial daquele país e estabelecer intercâmbio e parcerias para a formulação de propostas para a indústria no Brasil.

A missão foi organizada pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SP), e teve apoio da Câmara do Comércio de Desenvolvimento Internacional Brasil China.

Integram a delegação de sindicalistas brasileiros o secretário geral da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, os presidentes das Federações Estaduais dos Metalúrgicos da CUT de São Paulo e Minas Gerais, Luiz Carlos da Silva Dias e Marco Antonio de Jesus, os presidentes dos Sindicatos dos Metalúrgicos de Sorocaba (SP) e de Porto Alegre (RS), Leandro Soares e Lírio Segalla Martins Rosa, e os dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Rafael Marques, Nelsi Rodrigues (Morcegão) e Wellington Damasceno.
Eles estão acompanhados dos técnicos do Dieese André Cardoso (CNM/CUT), Luiz Paulo Bresciani (ABC) e Leandro Horie (CUT Nacional).

“Queremos articular os metalúrgicos da CUT com os trabalhadores chineses para comparar as relações de trabalho nos dois países. Nossa visita também está sendo muito útil para ver como uma política industrial clara impacta no desenvolvimento econômico de um país e como o investimento em inovação tecnológica intensifica o desenvolvimento industrial”, destacou Loricardo de Oliveira.

“Essas atividades são fundamentais para que os metalúrgicos da CUT e os trabalhadores do ramo industrial representados pela CUT aprofundem seus debates para pensar que indústria e que desenvolvimento querem para o Brasil. E vai colaborar também com a criação do Instituto da Indústria. Para isso, o apoio e a solidariedade dos parceiros chineses serão muito importantes”, avaliou o secretário geral da CNM/CUT, referindo-se à proposta do instituto aprovada no final de junho na plenária nacional da Confederação e que está sendo articulada com o Macrossetor da Indústria da CUT (que reúne metalúrgicos, químicos, trabalhadores na construção, vestuário e alimentação).

Visita à fábrica e contato com sindicato
Assim que chegou a Pequim (capital chinesa), no sábado, a delegação brasileira visitou a empresa Shunxin Holdings, que atua na área de alumínio e também na indústria de processamento de carnes.

Segundo Oliveira, a direção da empresa chinesa tem interesse em investir no Brasil na área de processamento de carnes e pediu apoio à delegação para abrir caminho para o estabelecimento de parcerias com empresas ou cooperativas locais. “Nos comprometemos a conversar com cooperativas de agricultura familiar e dar retorno”, contou.

Nesta segunda-feira (17), os metalúrgicos cutistas se reuniram com dirigentes do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da China para trocar informações sobre as relações de trabalho nos dois países.  A CNM/CUT apresentou a proposta de que uma missão chinesa visite o Brasil para estreitar relações e aprofundar o debate sobre o ramo industrial nos dois países.

No encontro, do qual participaram sindicalistas chineses da área de siderurgia, a delegação brasileira se impressionou ao saber que naquele país os trabalhadores têm convenção coletiva de trabalho nacional, jornada de trabalho de 40 horas semanais, e planos de benefícios estabelecidos de acordo com as funções exercidas. “Eles não fazem horas extras e, quando elas são necessárias, são remuneradas em percentuais que variam de 150% a 300%", informou Loricardo.

De acordo com o técnico da Subseção do Dieese da CNM/CUT), a ideia disseminada de que o salário dos chineses é menor do que o dos brasileiros é incorreta. “Eles têm uma proteção social grande e o custo de vida menor. Isso significa que o poder de compra dos salários é maior do que muitos países de fora”, explicou André Cardoso.

Cardoso e Oliveira contaram que o segmento siderúrgico chinês emprega cinco milhões de trabalhadores e que existe uma preocupação com o excesso de capacidade produtiva naquele país, diante da crise internacional, e a compreensão de que é preciso reduzir a produção, com ajustes tecnológicos.
 

Crédito: DivulgaçãoNa universidadeNa universidade, informações sobre pesquisa em biodiesel

Biodiesel, energia solar e “logística 4.0”
Ainda nesta segunda em Pequim, a delegação brasileira se encontrou com o professor-doutor Liu Dehua, na Universidade de Tsing Hua – a primeira e mais importante instituição chinesa, que está entre as 30 maiores universidades do mundo.

O professor coordena naquele país pesquisa energética sobre o biodiesel, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e disse que há interesse da China em investir em duas empresas da área no Brasil (no Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul). “Ele nos contou que, infelizmente, ainda não houve retorno por parte do governo brasileiro”, informou Loricardo.

De acordo com o dirigente da Confederação, a pesquisa daquela Universidade é calcada em três objetivos: desenvolver na China um tipo de biodiesel a partir da parceria com a Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia) da UFRJ); transferir a tecnologia para indústrias brasileiras; e importar o biodiesel brasileiro para a China.

Sobre a pesquisa de energia solar, o professor contou à delegação que há interesse em se trabalhar nos mesmos moldes, mas que o programa de parceria, que também envolve a Universidade de Campinas (Unicamp), ainda não está tão avançado como o do biodiesel.

Depois desse encontro, a delegação brasileira visitou a New Business, empresa de logística que atua via internet e que faz a intermediação de vendas industriais. “O foco da empresa é desenvolver uma plataforma via internet para unificar transporte e logística industriais, para atender a chamada indústria 4.0. Eles pretendem ser uma espécie de Uber do transporte e logística”, contou André Cardoso.

Programação
A programação da delegação brasileira vai até a próxima segunda (25), com visitas a empresas e centros tecnológicos de várias áreas. Nesta terça (18), ela segue para a cidade de Yíxīng, onde conhecerá a companhia de abastecimento de água e, no seguinte, o Parque Nacional da indústria Ecológica.

(Fonte: Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)