Escrito por: CNM CUT
Os trabalhadores na Makita, indústria de ferramentas elétricas de São Bernardo, iniciaram mobilização nesta sexta-feira (4) em protesto contra a empresa, que anunciou o fechamento da unidade e a demissão de 285 metalúrgicos.
A direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informa que a ação da Makita foi inescrupulosa e anti-ética, porque desrespeitou o compromisso e a garantia firmados com a entidade e os trabalhadores de que a fábrica não seria fechada.
O Sindicato está concentrando todos os seus esforços e recursos para assegurar empregos e direitos dos 285 trabalhadores da Makita.
No comunicado que distribuiu na manhã desta sexta, a empresa afirma que o fechamento foi consequência da crise econômica internacional. O texto não informa, porém, a atuação permanente do Sindicato para evitar que a fábrica fosse fechada nem a disposição de buscar alternativas. A direção dos Metalúrgicos do ABC não aceita a justificativa da crise usada pela empresa.
O Sindicato mantinha negociações transparentes, permanentes e éticas com a diretoria da Makita e, nas seguidas reuniões que realizou com a empresa sobre a possibilidade de fechamento, obteve garantias e o compromisso de que a fábrica não seria fechada.
Ao apoiar a mobilização dos trabalhadores, o Sindicato quer denunciar à sociedade, às autoridades e ao Poder Público a falta de responsabilidade social da Makita e a quebra dos acordos e da palavra empenhada por sua direção.
Os trabalhadores permanecerão mobilizados até que a Makita atenda a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e reveja o anúncio de fechamento fábrica.
Sem aviso
Moisés Selerges, coordenador de base do Sindicato, falou a uma assembleia que misturava desolação e revolta, pois a fábrica negava com veemência seu fechamento até um dia antes.
"Foi uma traição!", definiu Claudio Miranda, do Comitê Sindical, que manhã de sexta-feira estava no Sindicato para uma reunião agendada com a direção da empresa, na qual se esperava assinar um termo de compromisso de manutenção da fábrica em São Bernardo. Ao invés disso, só apareceu um advogado para anunciar o fechamento.
A Makita colocou os 285 companheiros em licença remunerada até o próximo dia 29 e avisou que todos estarão demitidos nessa data.
Solidariedade
Na assembleia de campanha salarial, a categoria aprovou uma moção de solidariedade ao pessoal na Makita. "Essa luta é de todos os metalúrgicos do ABC", convocou o presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, que considerou canalha a atitude da fábrica.
Na própria sexta-feira, os companheiros na Otis participaram da assembleia em apoio à luta. Uma fábrica fica diante da outra. "Semana passada nos juntamos aqui para a discutir campanha salarial. Agora, é para lutar pelo emprego", frisou Paulo Francisco Franco, o Boneca, do CSE na Otis.
Compromisso
Há mais de dois anos, o Sindicato cobra uma posição oficial da empresa sobre sua permanência em São Bernardo. Desde que surgiu a suspeita de fechamento, o assunto era pauta permanente com a fábrica. Apesar de negar, ela resistia em assinar qualquer tipo de acordo, porque sempre negou que fecharia as portas.
Choro, revolta e indignação
Esses sentimentos tomaram conta dos companheiros e companheiras com a traição da Makita. "Foi como um punhal entrando nas costas", contou Raul Polidônio.
"Como a fábrica pode fazer isso, se a gente sabia que um protocolo de permanência estava em negociação?", perguntava, perplexo, Adriano Pereira. "Estou sem acreditar até agora. Foi uma violência, uma traição contra nós", dizia João dos Santos.
Desespero
Ao ver o desespero de seus companheiros, Valderice da Silva teve uma crise de choro. Grávida de cinco meses do terceiro filho, ela desconfiava que a fábrica fecharia, mas não esperava tão repentinamente.
Maria Elmira estava chocada. "Não imaginava que seria assim, tão violento", acrescentou. "Foi horrível o que fizeram conosco. Até ontem (quinta-feira) negavam que fechariam a fábrica", emendou Maria de Jesus.
A CNM/CUT e o Sindicato dos Metalúrgicos da CUT de Ponta Grossa, onde a Makita abriu nova unidade, vão se mobilizar em solidariedade aos trabalhadores do ABC.