Escrito por: CNM CUT
Professor participou de painel sobre a conjuntura durante a reunião da direção plena da CNM/CUT, ao lado do petista Paulo Frateschi. Dowbor analisou mudanças na economia e Frateschi, os desafios para 2014.
O mundo está vivendo hoje a chamada “economia do pedágio”, pela qual quem ganha mais é o intermediário de produtos e serviços. A avaliação é do professor-doutor em Ciências Econômicas Ladislau Dowbor e foi feita nesta segunda-feira (16), em painel sobre a conjuntura na reunião da direção plena da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT).
Ao lado de Dowbor, esteve no mesmo painel o secretário nacional de comunicação do Partido dos Trabalhadores, Paulo Frateschi. Na opinião dele, o principal desafio a ser enfrentado no Brasil é encontrar saídas para a juventude brasileira, especialmente no campo da educação.
A reunião da Confederação, que foi encerrada no início da tarde de hoje (17), fez um balanço das atividades realizadas em 2013 e debateu as ações da entidade para o próximo período, inclusive no âmbito do Macrossetor da Indústria da CUT. Para isso, também recebeu representantes das outras quatro confederações cutistas de trabalhadores do ramo industrial (químicos, têxteis, alimentação e construção civil).
Além disso, os dirigentes metalúrgicos aprovaram diretrizes propondo a criação do programa Inovar-Máquinas, voltado para o setor de bens de capital e fizeram uma avaliação dos segmentos que compõem o ramo metalúrgico, a partir de indicadores apresentados pela Subseção do Dieese da CNM/CUT e FEM-CUT/SP (veja aqui).
Intermediação
Ao justificar o termo “economia do pedágio”, Ladislau Dowbor exemplificou: um fabricante de fogão vende o produto para uma rede de lojas por R$ 100,00. Esta, por sua vez, coloca o fogão à venda por R$ 250,00 à vista e a prazo, por 12 parcelas de R$ 40,00 (R$ 480,00). “Quem ganha e quem perde nesse sistema? Certamente, quem mais perde é o consumidor, depois o fabricante. Quem ganha é só o intermediário”, destacou o professor.
Para Dowbor, o lucro está se deslocando na cadeia produtiva e se concentrando nas mãos de intermediários, sem falar nas atividades das instituições financeiras. “O banco paga 6% ao ano na conta poupança de seus clientes, mas usa esse dinheiro para ganhar 24% ao ano na especulação financeira”, disse.
O professor enumerou ainda uma série de indicadores que mostram que a cada vez mais aumenta a desigualdade entre ricos e pobres e que fortunas estão sendo geradas apenas com a intermediação financeira. “Três quartos da riqueza mundial estão nas mãos desses intermediários”, assinalou, ressaltando que na Europa e nos EUA o fosso entre ricos e pobres é cada vez maior.
(os estudos e as análises de Ladislau Dowbor podem ser lidos em seu site pessoal).
Desafios
Para Paulo Frateschi, no Brasil, enquanto o projeto democrático popular se mostra vitorioso, a conjuntura se mostra complexa. “Nos últimos anos, não foi uma nova classe média que nasceu, mas uma nova classe trabalhadora. E a juventude que foi às ruas em junho nos coloca uma série de desafios, entre eles o de pensar uma nova forma de educação. É preciso levar banda larga e tecnologia para todas as escolas de ensino básico, porque elas não são atrativas para as crianças e os jovens”, disse.
O dirigente petista enfatizou ainda que o processo eleitoral de 2014 será difícil, porque “o capital está tratando com ódio de classe os trabalhadores e seu projeto”. Para Frateschi, quando a burguesia perde espaço, começa a criar clima de golpe. “Ao longo desses anos, vimos várias tentativas como a agenda negativa promovida pelos meios de comunicação (apagão, inflação etc.). A burguesia continua inconformada e usará de todas as suas armas para tentar derrotar nosso projeto”, afirmou o secretário de comunicação.
Por isso, Frateschi avaliou que é necessário que o governo se reaproxime dos trabalhadores e que leve em consideração a pauta do movimento sindical. “Temos vários desafios em 2014, mas o principal será o de garantir a continuidade deste projeto”, considerou.
O painel teve a coordenação do secretário geral e de Relações Internacionais da CNM/CUT, João Cayres.
Crédito: CNM/CUTRepresentantes do MSI conversam com dirigentes da CNM
Macrossetor da indústria
Também na tarde de segunda-feira, a direção da CNM/CUT recebeu dirigentes e assessores das confederações que integram o Macrossetor da Indústria da CUT (MSI) para uma conversa sobre os desafios comuns dos trabalhadores no ramo industrial e as ações para fortalecer as lutas das categorias e do conjunto da classe trabalhadora.
Participaram da mesa, além do presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, as presidentas da Confederação Nacional dos Químicos, Lu Varjão, e da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Vestuário, Cida Trajano, o secretário de Política Sindical da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação, e o assessor e ex-dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Construção Civil, Dario Carneiro. A coordenação da mesa ficou a cargo de Christiane dos Santos, secretária de Igualdade Racial da CNM/CUT
(Fonte: Solange do Espírito Santo – assessoria de imprensa da CNM/CUT)