Entidade participa ativamente das conversas sobre participação dos trabalhadores e os desafios do trabalho decente com a preocupação ambiental
A participação da Confederação Nacional dos Metalúrgicos e Metalúrgicas da CUT (CNM/CUT) segue intensa na COP30, em Belém do Pará. Nesta quinta-feira (13), a entidade esteve representada pela secretária da Mulher, Maria de Jesus Marques de Almeida, metalúrgica de Manaus, que acompanhou de perto uma série de debates fundamentais sobre a realidade amazônica, o futuro da floresta e a centralidade das trabalhadoras e trabalhadores na agenda climática.
Logo pela manhã, a programação trouxe a atividade “Rede Sindical Amazônica: A Amazônia também é feita de gente e não haverá futuro para a floresta sem trabalho decente”, reunindo representantes de diversos setores e países que compõem a Rede Sindical Amazônica: Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Suriname e Venezuela.
A rede, articulada em torno do setor florestal e da madeira (ICM), tem como objetivo fortalecer a ação sindical e ampliar a capacidade de incidência política dos trabalhadores e trabalhadoras da região, especialmente em um contexto de mudanças climáticas e expansão de grandes empreendimentos econômicos.
Para Maria de Jesus, o caráter internacional da rede demonstra a urgência de uma agenda que ultrapasse fronteiras. “O trabalho decente é uma condição básica para que qualquer política de proteção ambiental dê certo. A realidade da Amazônia é vivida por pessoas, e essas pessoas precisam ter direitos, renda, saúde e segurança”, destacou.
Ainda na quinta-feira (13), teve apresentação de estudos e pesquisas realizadas em todos os países que compõem a Rede Sindical Amazônica, trazendo diagnósticos sobre condições de trabalho, impactos ambientais e estratégias de proteção aos povos da floresta.
A CNM/CUT seguirá acompanhando os debates e reforçando a participação das trabalhadoras e dos trabalhadores da indústria no centro das discussões sobre clima, economia e desenvolvimento sustentável.
“A presença da nossa Confederação aqui não é só simbólica. É um compromisso com a vida na Amazônia, com os direitos da classe trabalhadora e com a construção de um futuro que seja justo para quem produz e para quem vive nas regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas”, concluiu Maria de Jesus.
Debates sobre pós-COP e os desafios para a ação sindical
A atividade contou com duas mesas centrais: “Programa de Trabalho para a Amazônia” e “Desafios para a ação sindical e o pós-COP”. Esta última, segundo a dirigente, foi a mais intensa, justamente porque coloca no centro a questão fundamental: o que será feito depois da COP30.
O pós-COP tem sido uma preocupação recorrente entre as organizações sociais e sindicais presentes no evento. “Nada termina quando a COP acaba. Pelo contrário, é depois que começa a responsabilidade de transformar recomendações em ações concretas. O movimento sindical vai precisar se debruçar sobre tudo o que foi debatido para garantir a implementação, fiscalização e defesa dos direitos nos territórios”, explicou Maria de Jesus.
Energia renovável e impactos nos territórios: o caso de Serra do Mel
Outro tema que ganhou destaque no debate foi o avanço das energias renováveis, em especial dos complexos eólicos na região Nordeste. A discussão partiu do estudo de caso do município de Serra do Mel (RN), que concentra um grande parque de torres eólicas. Apesar de serem consideradas fontes limpas, essas estruturas têm gerado impactos significativos nas comunidades locais.
Entre os problemas relatados estão danos ambientais, prejuízos à saúde, ruídos constantes, rachaduras em residências e a falta de transparência com moradores sobre a instalação e operação dos equipamentos. Para Maria de Jesus, essas situações mostram que a transição energética precisa ser justa, dialogada e centrada nas pessoas. “Não podemos aceitar que, em nome da energia limpa, comunidades inteiras sofram impactos que violam direitos básicos. A transição só é justa se respeitar quem vive no território”, afirmou.