Escrito por: CNM CUT

O Brasil só terá paz quando Michel Temer cair

Nunca antes na história deste país houve um ocupante da presidência da República tão rejeitado como Michel Temer. Os motivos são óbvios. Vão desde a sua ilegitimidade no poder, conquistado por meio de um golpe parlamentar, até o fracasso de sua gestão, que produziu a maior depressão econômica de todos os tempos e deixou nada menos que 14 milhões de brasileiros sem emprego.

Rejeitado por 90,6% dos brasileiros, que exigem sua saída e pedem eleições diretas, segundo levantamento da Paraná Pesquisas, Temer finge que ainda governa e, nesta quarta-feira, ao dar posse ao seu novo ministro da Justiça Torquato Jardim, que parece agir como seu advogado de defesa, fez um apelo para que "deixem o Executivo trabalhar em paz".

No entanto, se Temer realmente deseja a paz para o Brasil, a única coisa que ele pode fazer é renunciar e apoiar o processo de eleições diretas, o que ainda lhe daria uma saída honrosa.

Um dos motivos, claro, é a rejeição quase unânime dos brasileiros.

Outro, o fato de ele ser o único "presidente" na história do Brasil investigado por corrupção, organização criminosa e obstrução judicial, além de alvo de 14 pedidos de impeachment, um deles apresentado pela Ordem dos Advogados do Brasil.

Se isso não bastasse, para o Conselho Federal de Economia (Confecon), a permanência de Temer no poder prejudica a recuperação da atividade econômica no Brasil. "Tanto a permanência de Temer quanto a eleição indireta de um novo presidente manterão a economia brasileira 'na UTI' nos próximos 18 meses, com a retração dos investimentos e a consequente ampliação do desemprego, fomentando a desesperança e ampliando o risco de explosão do 'caldeirão social'", diz o texto aprovado ontem pelo Confecon (leia mais aqui).

Além disso, dentro de poucos dias, ele será denunciado ao Supremo Tribunal Federal pelo procurador-geral Rodrigo Janot.

É hora de reconhecer que acabou, Temer.

Abaixo, reportagem da Reuters sobre a fala de Temer nesta quarta-feira:

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer disse nesta quarta-feira que o país vive um momento de "grande conflito institucional" e fez um apelo para que deixem o Executivo "trabalhar em paz", num momento em que enfrenta grave crise política decorrente de delações de executivos do grupo J&F.

"Vamos deixar o Judiciário trabalhar sossegado, vamos deixar o Legislativo trabalhar em paz, vamos deixar o Executivo, convenhamos, trabalhar em paz", disse Temer, na cerimônia de posse do novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, no lugar do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

"Eu vejo em pronunciamentos meus que as pessoas querem muito que continue o programa de governo que nós inauguramos no país um ano atrás", acrescentou o presidente, que sofreu fortes pressões nas últimas semanas para renunciar.

"Até quando fazem uma ou outra objeção dizem que é preciso continuar o programa que se iniciou nesse governo, ou seja, um governo acolhido pelo país, um programa de governo acolhido pelas necessidades do país."

Temer, que vinha comemorando a melhora em diversos indicadores econômicos e se colocou sempre como presidente de um governo reformista, viu seu apoio parlamentar diminuir e o ritmo das reformas desacelerar depois da revelação de uma gravação de conversa dele com o empresário Joesley Batista, do grupo J&F, que levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a autorizar a abertura de um inquérito contra ele.

Às vésperas do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode cassar seu mandato no processo sobre a chapa vencedora na eleição presidencial de 2014, quando disputou a reeleição como vice da então presidente Dilma Rousseff, e com o pano de fundo da operação Lava Jato, que tem investigado dezenas de políticos, Temer disse que o país precisa "recuperar a institucionalidade".

"O Brasil vive hoje momentos de grande conflito institucional... precisamente porque não se dá cumprimento muitas e muitas vezes à ordem institucional", disse.

"O que nós precisamos, com muita celeridade, é exatamente recuperar a institucionalidade do país, porque a recuperação da institucionalidade significa, precisamente, a recuperação da ordem; significa, sim, o cumprimento da lei."

Apesar do esforço do governo para procurar mostrar que a troca de ministro ocorreu sem problemas, Serraglio, que teria ficado irritado com o modo como foi sacado do comando da Justiça, não compareceu à cerimônia.

(Fonte: Brasil 247)