Escrito por: Redação CNM/CUT

Organização sindical: é preciso estar preparado para novos tipos de ação sindical

Quarta conferência temática do 11º Congresso da CNM/CUT debateu experiências de organização sindical e o futuro do movimento sindical brasileiro

A quarta conferência temática virtual do 11º Congresso da CNM/CUT - “Reconstruir o Brasil de forma sustentável e humanizada com trabalho decente, soberania, renda e direitos”, foi realizada na manhã desta quinta-feira (4) e debateu a Organização Sindical.

Os debates foram conduzidos pelo secretário-geral da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira. Foram convidados os seguintes palestrantes: Claudionor Vieira do Nascimento, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SP); Taise Gonçalves, integrante do conselho fiscal do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre (RS); e Fausto Augusto Jr., diretor técnico do Dieese.

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Abrindo os trabalhos, Claudionor Vieira abordou a experiência do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC no uso do modelo de Comitês Sindicais de Empresa (CSE) para organização no local de trabalho. O dirigente fez um contexto histórico da organização no local de trabalho até a forma atual dos CSEs e contou como isso influencia na eleição do Sindicato.

Ele elogiou o modelo por ser democrático e permitir a renovação permanente de quadros dirigentes da entidade, além de valorizar a presença dos sindicalistas junto aos trabalhadores no local de trabalho de forma permanente.

Para Claudionor, é essencial que os sindicalistas estejam em diálogo constante com os trabalhadores nas suas bases, estabelecendo uma relação de confiança para saber dos problemas do local de trabalho e entender as dores de quem está no chão de fábrica.

Acordo coletivo nacional

Em sua intervenção, Taise Gonçalves, que é trabalhadora na ThyssenKrupp Elevadores, falou da experiência na construção do acordo coletivo nacional entre as unidades da empresa no país. 

Ela lembrou que as conversas se iniciaram depois que a empresa ofereceu um acordo de Programa de Participação nos Resultados (PPR) que não agradou aos trabalhadores de uma unidade, por causa da dificuldade prevista para alcançar as metas estabelecidas pela empresa. 

A partir da força dos trabalhadores no chão de fábrica e depois de muita conversa, chegou-se a um acordo coletivo que envolveu várias fábricas, trazendo benefícios no valor do PPR. Os resultados foram tão positivos que aumentaram o número de filiados ao sindicato de Porto Alegre, contou Taise.

Ela destacou a presença da CNM/CUT na interlocução com os sindicatos pelo país e recordou a viagem de um dirigente de sindicato alemão (a matriz da ThyssenKrupp fica na Alemanha) ao Brasil para participar das negociações.

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Movimento sindical fragmentado

Por fim, o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, trouxe um cenário de como está o movimento sindical no país, destacando suas diferentes realidades. Ele estimulou os sindicalistas a valorizarem mais o passado de luta do movimento sindical, já que grande parte dos direitos sociais conquistados no país se deu a partir da luta dos sindicatos.

Fausto alertou para a falta de unidade do movimento sindical para debater suas demandas atuais e aproveitar o momento de abertura proporcionado pela eleição do presidente Lula, depois de anos de muita luta contra governos que foram totalmente contra a classe trabalhadora. 

Em 6 de abril, o governo federal publicou uma portaria que estabeleceu um grupo de trabalho composto de vários ministérios, do movimento sindical e de empresários, para debater o fortalecimento da negociação coletiva, e outros pontos para aperfeiçoar as relações de trabalho e, segundo o diretor técnico do Dieese, o movimento sindical se encontra fragmentado para entrar nesse debate.

Ele encerrou sua participação reforçando que o movimento sindical precisa ter clareza que o embate não é entre si, mas contra a direita, que quase destruiu o movimento sindical nos anos Temer e Bolsonaro.

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