Escrito por: Redação CNM/CUT
Especialistas apontam caminhos e desafios para o país e para os/as trabalhadores/as nos próximos anos e metalúrgicos/as aprovam tema, calendário, local, formato e datas para Congresso que acontecerá em 2023
Com convidados especiais e dirigentes sindicais de todo país, a Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) deu um passo importante na reunião do Conselho Diretivo da CNM/CUT, que aconteceu nesta terça-feira (6), rumo ao 11º Congresso da categoria . Além de aprovar calendário, local, formato e tema, o debate sobre indústria, trabalho e direitos será usado como subsídio para a construção do texto base do 11º Congresso, que acontecerá nos dias 9,10 e 11 de maio de 2023.
O economista, João Furtado, falou sobre o papel da indústria no desenvolvimento de soluções, da importância da participação dos trabalhadores/as no debate sobre qual indústria queremos e sugeriu algumas ações em defesa de uma indústria próspera para todos e todas. Ele defende uma indústria que construa soluções para o país e não seja evidenciado apenas pela mão de obra bruta do trabalhador.
A presidenta da Confederação Nacional do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT) e membro do Grupo de Transição no tema trabalho, Juvandia Moreira, falou o que a CUT e demais centrais estão discutindo para o próximo governo e dos desafios do presidente eleito com os desmontes que foram feitos nos últimos anos, como a reforma Trabalhista, a Terceirização Irrestrita e a reforma da Previdência, entre outros. Ela também apontou desafios do movimento sindical para dar apoio às pautas de interesse da classe trabalhadora.
Divulgação
O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e coordenador do Grupo de Transição no tema Indústria, Mauro Borges, falou sobre o diagnóstico que estão fazendo do tema e também afirmou que o governo está planejando reconstruir o Ministério em que ele ficou à frente no último governo de Lula para o fortalecimento da reindustrialização do país tão necessária para a geração de emprego de qualidade e a sustentação do crescimento. [saiba mais sobre o debate abaixo]
“A ideia é trazer para este debate as nossas expectativas com este governo, com a industrialização e, principalmente, em relação ao fortalecimento do movimento sindical com a participação da classe trabalhadora, porque sem organização não iremos conseguir enviar propostas e convencer o governo da importância destes temas para o país. É muito importante ouvir os palestrantes, mas nós também seremos ouvidos pelo presidente eleito, nosso companheiro Lula”, afirmou o presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres.
A secretária de Mulheres da CNM/CUT, Marli Melo, disse que as perspectivas e desafios na indústria são assuntos importantes para o 11º Congresso em Maio porque vai trazer subsídios para construir ações para o próximo mandato.
Divulgação“Ganhamos a eleição, mas este governo vai ser de disputa e teremos um congresso de extrema direita. Portanto, temos muito trabalho e o movimento sindical tem que estar preparado para este embate”, desafia Marli.
Sobre o 11º Congresso
O tema do 11º Congresso será “Reconstruir o Brasil de forma sustentável e humanizado com trabalho decente, soberania, renda e direitos”, que acontecerá nos dias 9,10 e 11 de Maio de forma presencial no Hotel Monaco em Guarulhos. O evento também está previsto para ser transmitido ao vivo. Até lá, os/as metalúrgicos/as da CUT vão fazer vários debates para construir seus planos de luta e ações para o próximo período com conferências virtuais de gênero, saúde, políticas raciais, formação e comunicação E duas conferências presenciais dias antes do 11º Congresso com os temas internacional e indústria.
Segundo o secretário-geral da CNM/CUT, Loricardo Oliveira, a reunião da direção plena inicia o processo do 11º Congresso e o centro dos debates foi a questão do processo de desindustrialização no Brasil e as perspectivas que o ramo metalúrgico está pensando como estratégia para o desenvolvimento do país com direitos, renda e humanizando a relação entre os trabalhadores e trabalhadoras e o setor produtivo.
“Saímos daqui com indicativo de que todos os debates, como este, e conferências que serão feitas sobre gênero, questão racial, formação, comunicação, saúde, indústria e relações internacionais servirão de base para gente construir o nosso texto base olhando para os próximos quatro anos, inclusive também como vai ficar a questão da liberdade sindical, sustentação, representação e organização no local de trabalho. Foi uma reunião fundamental e que autoriza a comissão organizadora do Congresso a seguir em frente para fazermos um dos maiores congressos da CNM/CUT”, explica Loricardo.
A indústria precisa desenvolver novas soluções
João Furtado trouxe conceitos fundamentais que ajudam a refletir o que deve ser uma política industrial e de desenvolvimento que de fato possa transformar a realidade. O economista disse que a indústria não pode ser apenas mão de obra para manusear máquinas, e sim precisa ser um lugar que desenvolve soluções.
Ele contou que desde o século passado há este debate de qual indústria precisamos, uma indústria que produz os instrumentos da transformação econômica e social ou uma indústria que só precisa ter a mão de obra para o trabalho?
“A realidade é que sempre tivemos uma indústria diversa, mas não complexa.Temos que ter uma indústria com capacidade de fazer soluções novas e transmitir para outras atividades econômicas. Isso porque quando a gente utiliza um equipamento no setor de serviço, saúde ou educação este equipamento é pensado, previsto e fabricado na indústria e isso gera emprego de qualidade e uma indústria forte”, ressaltou Furtado.
Ele, que trabalhou no governo Lula em 2003, disse que a Indústria tem papel fundamental no desenvolvimento social e econômico do país e contou que o governo petista sempre deu importância para a indústria, mas que é preciso que os simpatizantes com o tema estejam atentos e exijam a participação dos trabalhadores/as no debate para que o país tenha uma indústria para todos e todas.
“No governo Lula em 2003 a gente não fez tudo que gostaria de fazer justamente pela pressão. Se depender só dos empresários a gente vai ter uma indústria que corresponda só a questão econômica e não podemos deixar isso acontecer. A gente precisa de uma proposta ousada entre companheiros e pessoas que acreditam que o Brasil pode ser próspero para todos e todas e é isso que nos une nesta sala e o que nos diferencia de pessoas que também acreditam na indústria, mas não acham que é para todos”.
DivulgaçãoDesafios da Classe trabalhadora
Foi um desafio enorme eleger Lula presidente e é unânime entre toda a sociedade que clama por justiça social e humanidade que foi a eleição da vida, mas o que também já é convergente entre o movimento sindical é de que não será um governo fácil. Isso porque, além de ser um governo amplo, que teve apoio de forças de esquerda, direita e centro, Lula precisará reorganizar a casa com muito apoio político e social.
A afirmação foi feita pela Juvandia antes mesmo de começar a falar sobre os desafios impostos à classe trabalhadora para os próximos anos.
Ela disse que a CUT e demais centrais fazem parte do grupo de transição e que está sendo discutido quais ferramentas serão preciso usar para reconstruir o país, mas com responsabilidade fiscal e social porque todos os levantamentos que estão sendo feitos pela transição mostram que todas as áreas estão desmontadas. Na questão das pautas trabalhistas, Juvandia disse que o debate é como melhorar a vida do povo:
Segundo Juvandia, o grupo está avaliando como voltar com a política de correção do salário mínimo, com geração de emprego de qualidade, política de reindustrialização, o fortalecimento dos sindicatos, sem a volta do imposto sindical, e também há uma discussão sobre um novo marco para a terceirização. O trabalho por plataformas, tão precarizado, e os mais de 60 milhões de negativados também estão no radar do governo para garantir segurança e proteção à população.
“Nosso papel da organização sindical é estar mobilizados nos comitês de lutas porque será disputado o tempo todo. A extrema direita tem sua pauta e estão indo pra rua por isso temos que ter muita politização da classe trabalhadora para disputar as pautas e fazer a defesa da dos trabalhadores na base. Agora de imediato, temos que aprovar a PEC do Bolsa Família para que possamos começar o governo com as promessas de Lula sendo cumpridas”, destacou a sindicalista.
Volta do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Mauro Borges começou sua fala na reunião do Conselho diretor da CNM/CUT dizendo a importância do debate que a categoria está fazendo e que também será muito importante ouvir os/as trabalhadores/as metalúrgicos na construção da política industrial do país.
Segundo ele, no papel de coordenador do grupo de transição do tema indústria, a missão agora é fazer um diagnóstico da política industrial e de comércio exterior que aconteceu no Brasil nos últimos anos para a conclusão e entrega do relatório final, que será no dia 11 de dezembro, rumo ao segundo desafio que é a reconstrução do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
“Tem um lado bom de toda terra arrasada, vamos poder reconstruir o país à luz dos desafios da reindustrialização tão necessária para a geração de emprego de qualidade e a sustentação do crescimento. A gente sabe que sem isso, o Brasil não é viável. Esta é uma questão crucial e também uma grande oportunidade para gente estar sintonizada com a agenda econômica industrial do século XXI, uma agenda de conhecimento amplo, que envolve todo o processo de descarbonização da economia, a economia digital, e envolve o nosso desafio brasileiro que é uma economia inclusiva”, finaliza o ex-ministro.