Escrito por: FTM-RS
Tragédia que assolou o estado do RS no mês de maio afetou 478 municípios, deixando mais de 388.781 pessoas desalojadas, 806 feridos, 34 desaparecidos e 178 mortes confirmados
Dezenas de mulheres das mais diversas categorias participaram do seminário virtual “Mulheres e Enchente: Dramas e Recomeço”, realizado na noite desta quinta-feira (27). A atividade foi promovida pelo Coletivo “Gabi” de Mulheres da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS (FTM-RS).
“Vamos fazer uma roda de prosa e escuta com mulheres que viveram diretamente esse drama que ainda está latente. O pior desastre natural da nossa história, muitas famílias gaúchas sofrem o impacto do descaso com sistema ambiental”, disse a vice-presidente da FTM-RS, Eliane Morfan ao abrir o evento.
De acordo com o boletim da Defesa Civil do RS, do último dia 24, a tragédia que assolou o estado no mês de maio, afetou 478 municípios, deixando mais de 388.781 pessoas desalojadas, 806 feridos, 34 desaparecidos e 178 mortes confirmados. A estimativa é de mais de dois milhões de pessoas atingidas, direta ou indiretamente.
A secretária de Prevenção e Saúde do Trabalhador do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e Região, Simone Ribeiro Peixoto, teve sua casa totalmente inundada pela água. “Conseguimos salvar poucas coisas, eu e minha filha levantamos algumas coisas, mas nunca imaginamos que a água subiria tanto”, disse. Para ela, o mais difícil tem sido lidar com os entulhos em frente à casa. “Isso é o que mais machuca, saber que ali estão as nossas coisas, roupas, nossa história...”
A psicóloga Branca Regina Chedid afirmou que todos os relatos são porta vozes de uma experiência que “atravessou os nossos corpos, mentes e almas.” Por isso, esse o enfrentamento dessa situação é multifacetado. “Quem sabe é uma oportunidade para reciclar as nossas vidas e os nossos sentidos. Para isso, rodas de conversas como essas servem para transformar a realidade e as experiências e não para perpetua-las”, provocou Branca.
Já a assessora jurídica da Federação, Juliane Durão, enfatizou que este momento exige atenção. “São em períodos de crise que os direitos dos trabalhadores são flexibilizados”, alertou ela ao lembrar as inúmeras denúncias, que ocorreram em maio, de empregadores exigindo que os trabalhadores exercessem suas tarefas, quando eles estavam impossibilitados de chegar no local de trabalho, desalojados ou até mesmo, desabrigados.
Juliane destacou que todas as participantes tem ligação com alguma entidade sindical e a importância de se inserirem no debate sobre a política ambiental. “Os sindicatos tem papel fundamental neste agenda que nos impacta diretamente. Precisamos criar essa consciência e começar a pautar isso nas nossas entidades”, disse.
A mediação foi por conta da educadora popular, Lurdes Santin, que ao encerrar a atividade chamou a atenção para importância da rede de apoio entre as mulheres. “É preciso saber que não estamos sozinhas... Temos uma a outra.”