Escrito por: CNM CUT
O fim da Ford no país pode impactar o mundo todo, apontam entidades, que repudiam fechamento da fábrica de um dia para o outro
A saída repentina da Ford no Brasil e o fechamento das três plantas da montadora no país, anunciada neste mês, e que impacta mais de 100 mil pessoas só no país, tem causado repercussão nacional e internacional. No Brasil tem mobilização diária para reverter demissões de mais de 110 mil pessoas. Sindicalistas de diversas partes do mundo enviaram carta de solidariedade aos trabalhadores na Ford no Brasil e muitos deles insistem na luta pela revogação do fechamento da multinacional.
Representantes de diversos sindicatos pelo mundo e de comitês e comissão de trabalhadoras da indústria se posicionaram preocupados com o desemprego de milhares de pessoas que o encerramento na Ford no país pode significar. Segundo o Dieese, quase 120 mil pessoas, de forma direta e indireta, sofrerão impactos com a decisão. [veja lista das entidades abaixo]
“Nós temos recebido bastante cartas de solidariedade de todas as partes do mundo, da Argentina, França, Itália, Coreia, Estados Unidos e de toda América Latina, do continente Africano, da Europa, Ásia, entre outros. E em todas as manifestações as palavras veem no mesmo sentido de muito preocupação pela forma que a Ford saiu do país. O sindicalismo internacional tem se mostrado solidário com a situação brasileira”, disse o Secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT, Maicon Michel da Silva.
A IndustriAll Global Union chamou de hipócrita o slogan da empresa "People First" (pessoas primeiros) e disse que este comportamento da Ford mostra que as próximas vítimas do "curso de reestruturação" podem ser os europeus. A entidade também diz que é preciso que a Ford reconsidere plano de encerramento para que os impactos não sejam ainda maiores.
Em carta, a vice-representante e Diretora da IG Metall Köln-Leverkusen, Klein acrescentou dizendo que as decisões erradas e falhas dos últimos anos também podem afetar a Alemanha e outros lugares.
"Na Alemanha e na Europa também, a Ford está ameaçando o fechamento de fábricas, deslocalizações e está se concentrando cada vez mais em cortes de empregos. Nesta disputa sobre as fábricas da Ford no Brasil, nós em Colônia estamos ao lado de nossos colegas em Taubaté, Camaçari, Horizonte e as outras plantas da Ford no mundo inteiro", diz trecho da nota da IG Metal. Klein salienta a necessidade de uma política industrial ativa na qual os interesses dos funcionários sejam considerados em equivalente aos interesses dos proprietários. "Mesmo em tempos de crise, não deve haver desculpa para uma ação corporativa unilateral. Mesmo no capitalismo globalizado e na época de Corona, não é justo proteger apenas os lucros".
Uma das cartas também reforça o pedido de mudança de atitude da empresa. “Requeremos a Ford a reconsiderar o plano de encerramento e a desenvolver melhores planos para os trabalhadores e as trabalhadoras”, pede uma das cartas.
Entidades que enviaram carta de solidariedade
Confederação Geral de Trabalhadores (CGT-França)
Federação Trabalhadores Metalúrgicos na França (FTM-CGT)
Sindicato da Indústria Automotiva dos Estados Unidos (UAW)
Sindicato Mundial de Trabalhadores Industriais (IndustriALL Global Union)
Comitê Europeu de Trabalhadores da Ford
Sindicato de Mineros do Kirquikistão
Sindicato Nacional dos Metalúrgicos da Turquia da Central Sindical Turk In
Sindicato dos Metalúrgicos da Alemanha (IGMetal)
Trabalhadores da Ford na Colônia
Conselho De Empresa Europeu
Sindicato dos Metalúrgicos do EUA e Canadá (USW - United Steel Workers)
Comissões Obreiras da Espanha (CCOO)
Federação de trabalhadores Industriais da Argentina (FETIA – Argentina)
Coordenação Nacional de Trabalhadores da Indústria da Argentina (CNTI – Argentina)
Confederação de Trabalhadores Industriais no Uruguai (CTI- Uruguai)
Federação de Sindicatos Independentes da Indústria Automotiva, Autopartes , Aeroespacial e Pneus do México (FESIIAAAN México)
Confederação Nacional de Metalúrgicos e Industrias do Chile (CONSTRAMET – CHILE)
Sindicato Nacional de Trabalhadores nas Minas de Carvão da Colômbia (SINTRACARBON – Colômbia)