Escrito por: CNM CUT
Depois de ampliar em 8% suas vendas em 2009, quando a projeção traçada pela matriz era de queda de 25% a 30%, a SKF, fornecedora de produtos e soluções em rolamentos e vedação, espera aumentar seus negócios em 6% este ano. A empresa não divulga os números de faturamento e de vendas por questões estratégicas, disse Carlo Dessinomi, diretor de vendas automotivas.
Confiante na retomada do mercado quando a crise chegou ao Brasil a SKF não demitiu, optou pela licença remunerada de noventa dias em um dos turnos, adotou redução de jornada e de salário para os demais funcionários, cortou benefícios, diminuiu custos e renegociou contratos com fornecedores - com a promessa, cumprida, de reverter as medidas quando acontecesse a retomada do mercado.
"Decidimos não demitir por acreditarmos na recuperação do mercado e, principalmente, para não colocar em risco a qualidade da produção no momento da arrancada."
Segundo ele, ao contrário do imaginado, as medidas não serviram para ampliar as margens de lucro e, sim, para minimizar os danos à liquidez, mantendo a operação saudável: "Não raras vezes tive que explicar isso aos clientes".
Trabalhando com 90% de sua capacidade, que deve dar conta dos pedidos deste ano, a SKF estuda novo investimento para a ampliação da capacidade produtiva e para o lançamento de novos produtos em 2011. O valor ainda não foi definido mas deve repetir os R$ 12 milhões do último aporte, em 2008.
A projeção é ampliar a capacidade da fábrica de 10% a 15%, que atenderá à demanda dos próximos dois anos e, a partir daí, novo ciclo de investimento deve se repetir.
No Brasil desde 1915 a SKF representa 5% dos negócios mundiais da empresa e tem como objetivo ampliar essa participação para dois dígitos em cinco anos.
Gargalos - A preocupação de Dessimoni é com os prováveis gargalos que devem complicar a vida do setor automotivo caso as projeções de produção de 4 milhões de veículos se confirmem. Segundo ele os segmentos mais prejudicados seriam os de estampados, fundidos e, especialmente, o de forjados.
Ele acredita que é importante que as fabricantes de veículos e de autopeças pensem no longo prazo e comecem, de maneira eficiente, a investir nestes setores, que tem menores condições de conseguir empréstimos junto ao BNDES e caixa pequeno para investir por conta.
"Está na hora de as empresas entenderem a necessidade de investir nos setores de base para dar condições a estes fornecedores de ampliar a capacidade e prosseguirem fornecendo."
A hipótese de buscar abastecimento no mercado internacional foi descartada por Dessimoni: "A retomada dos mercados estadunidense, europeu e japonês acontecerá e mudará o cenário atual, dificultando a prática".
Fonte: Autodata