Escrito por: CNM CUT
Para reduzir os custos de produção, aumentar a competitividade neste cenário de valorização da moeda nacional, empresas de grande porte catarinenses como a WEG e a Embraco aumentam a compra no exterior de insumos e também investem na aproximação de mercados internacionais, com a produção regionalizada no exterior e focada em novos mercados competitivos.
A WEG , de Jaraguá do Sul, está ampliando a importação de matérias-primas e investindo em pesquisa para reduzir o uso de metais como cobre e aço. A empresa é uma das maiores fabricantes mundiais de motores elétricos e está importando barras de cobre chinesas para reduzir os custos de produção. A Embraco aproveita o período e aguarda para este primeiro semestre o início da produção na China, por meio da nova unidade industrial que deverá quase duplicar a produção no país, de 2,3 milhões de compressores por ano para 4,4 milhões. A transação da WEG é realizada pela unidade industrial que a fabricante de motores elétricos possui na província chinesa de Jiangsu. A empresa acelera a substituição de insumos nacionais por importados, ampliando as importações de matérias-primas, sendo que desde janeiro a empresa compra em outros países barras de eixo e vergalhões de cobre, insumos antes adquiridos no mercado interno.
O objetivo do grupo é reduzir os custos de produção no Brasil, principalmente depois da recente valorização da moeda brasileira, que acumula uma alta de 40% desde 2002. Apesar da taxa de câmbio mostrar-se excessivamente valorizada, a WEG prevê expansão de exportações e de suas operações internacionais. A empresa projeta que em 2006 será capaz de obter crescimento ao redor de 20% em sua receita bruta no mercado externo, (com exportações e produção no exterior) em relação a 2005, tanto quando estas forem medidas em reais como em dólares norte-americanos. Este crescimento deverá ser mais rápido na região da Ásia/Pacífico, onde a companhia já possui subsidiárias na China, Índia e Japão e deverá brevemente aumentar sua presença, com uma nova subsidiária de vendas em Cingapura.
Várias empresas de Santa Catarina estão produzindo no exterior com fábrica própria ou através de fornecedores, em detrimento da atividade local. A Empresa Brasileira de Compressores (Embraco) S.A., maior produtora brasileira de compressores refrigerados, e o grupo Snowflake, sócios na joint venture que há 10 anos deu origem à Beijing Embraco Snowflake Compressor Company Ltd. em Pequim, China, devem colocar em funcionamento até maio de 2006 a nova unidade industrial da empresa na capital daquele país. A produção na China deverá quase duplicar a produção, de 2,3 milhões de compressores por ano para 4,4 milhões.
Mais moderna e produtiva, a nova unidade faz parte da estratégia de crescimento dos negócios na Ásia e será a base de exportação de compressores para toda a região. Atualmente, a Embraco Snowflake exporta 15% de sua produção e detém cerca de 10% do mercado chinês e 8% do asiático. A Embraco possui 25% de market share no mercado mundial e de 48% do mercado dos Estados Unidos do setor de compressores. A empresa possui fábricas na China, Eslováquia e Itália, além de unidades de negócios nos EUA, na Itália e no México.
A presença na China fez parte de um movimento iniciado na década de 90, visando à globalização da empresa e à conquista da liderança mundial. O investimento na China foi uma decorrência natural dos negócios que a Embraco já possuía na região, para a qual exportava. 'Percebemos que, para atender a Ásia com maior facilidade e competitividade, era preciso estar próximo dos clientes', comentou o presidente da empresa, Ernesto Heinzelmann, à época do anúncio do investimento na China.
Além da importação de matéria-prima chinesa, a WEG aumentou o investimento em tecnologia de forma para encontrar substitutos para o cobre em seus produtos. 'Durante o exercício ocorreram aumentos significativos nos preços médios de vários dos principais insumos, como cobre e alumínio, bem como a manutenção dos preços de outros insumos, como chapa de aço, em níveis historicamente elevados', comenta a empresa em Relatório da Administração e Demonstrações Financeiras referente ao ano de 2005. A valorização do real e o aumento do preço de matérias-primas como o cobre, no mercado internacional, contribuíram para a diminuição do lucro em 2005, conforme avalia a empresa.
Para sustentar seu crescimento a WEG prevê realizar em 2006 investimentos na ordem de R$ 175 milhões na ampliação e modernização de seus parques fabris, dos quais R$ 34 milhões serão destinados às operações fora do Brasil, principalmente nos parques fabris da China e México. A meta será transformar a unidade chinesa, adquirida em 2004, em Nantong, numa base de exportação para duplicar as vendas do grupo brasileiro no mercado asiático.
'O ambiente macroeconômico interno segue adverso, ainda com taxas de juros reais muito elevadas e a conseqüente contínua valorização do real ante outras moedas mundiais, prejudicando a competitividade da indústria local e limitando o crescimento da economia como um todo', avaliou o diretor administrativo e de relações com investidores, Alidor Lueders, ao analisar o desempenho da empresa no último trimestre de 2005.
Fonte: Diário do Comércio