102 anos de Paulo Freire
Publicado: 19 Setembro, 2023 - 00h00
Paulo Reglus Neves Freire nasceu do dia 19 de setembro de 1921, em Recife, Pernambuco.
Educador, pedagogo e filósofo, Paulo Freire se constituiu o mais célebre educador brasileiro, dono de uma obra reconhecida e utilizada como referência em todo o planeta, assumida principalmente pelos países desenvolvidos. O livro Pedagogia do Oprimido (1968), por exemplo, é apontado por diversas fontes de pesquisa, inclusive o Google Scholar, ferramenta de busca dedicada à literatura acadêmica, como o terceiro conteúdo mais citado em trabalhos na área de humanas.
Como desde muito cedo pode vivenciar as dificuldades enfrentadas pelas classes menos favorecidas, Paulo Freire, desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político, buscando conscientizar os (as) estudantes a compreenderem sua situação de oprimido (a), desenvolverem pensamento critico sobre o que os (as) oprimia e agir lutando em favor da sua libertação.
Uma das novidades do seu projeto de alfabetização era a utilização de palavras comuns ao cotidiano dos (as) trabalhadores (as) como ponto de partida para a “leitura do mundo” no qual estavam inseridos (as). A coragem de Paulo Freire em por em prática um trabalho de conscientização política, através da leitura e escrita, fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados pelo regime militar.
“Paulo Freire acreditava, de verdade, na práxis, processo pelo qual uma teoria é executada ou praticada. Não era uma questão apenas de discurso. Ele queria saber, estava junto, participava. Isso o distinguia de um intelectual de caráter mais tradicional, que faz sua palestra, seu discurso e depois vai para casa, deita e dorme. Ele foi um educador militante, até o final da vida.”. A afirmação é da Doutora em Educação, Lisete Arelaro, professora de Educação na USP e amiga de Paulo Freire.
De que maneira o legado de Paulo Freire dialoga com os desafios da militância da Confederação Nacional dos Metalúrgicos e das Metalúrgicas da CUT?
Os princípios que norteiam a Politica de Formação da CUT e, portanto, da CNM/CUT são voltados “para despertar a consciência crítica da classe trabalhadora e a importância da unidade para a luta, tendo como meta atingir todos os sindicatos, ramos e macrossetores da CUT com o objetivo de articular as dimensões do cotidiano do local de trabalho com as demandas de classe”.
Os (as) delegados (as) presentes ao 11º. Congresso da CNM/CUT, realizado em maio do presente ano, reafirmaram esses princípios, na medida em que debateram e coletivamente apontaram resoluções que dialogam com solidariedade de classe internacional e as pautas imediatas e históricas do conjunto dos (as) metalúrgicos (as) do nosso país.
Finalmente, é preciso que estejamos atentos (as) de que a nossa missão diária é a de compreender e sermos compreendidos (as) no exercício da atividade sindical, ser o espelho daqueles (as) que representamos, ou seja, de alguma maneira somos dirigentes educadores (as). A partir das lutas diárias no local de trabalho somadas as lutas históricas da classe trabalhadora é preciso refletir, aprender e compartilhar ações que dia a dia vão construindo um mundo melhor para todos e todas.
“Além de um ato de conhecimento, a educação é também um ato político, é por isso que não há pedagogia neutra”. Paulo Freire - 1986
Maria do Amparo Travassos Ramos
Secretária de Formação da CNM/CUT