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'A luta continua', reafirma Lula na abertura do Congresso da IndustriALL

Ex-presidente alertou para o retrocesso nos direitos dos trabalhadores no Brasil e no mundo. E destacou que o papel do sindicalismo é contestar, reivindicar e propor.

Publicado: 05 Outubro, 2016 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Ricardo Stuckert
Lula Lula
Lula discursou para 1.300 sindicalistas de todo o mundo  

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta terça-feira (04) da abertura do 2º Congresso da IndustriALL, Global Union, a federação internacional dos trabalhadores na indústria, no Rio de Janeiro.

Para um auditório lotado com mais de 1.300 sindicalistas de todo o mundo, Lula destacou por várias vezes em seu discurso que a luta deve continuar. “A luta continua” é o slogan do evento.

“Quando deixei a Presidência da República achei que a luta tinha terminado. Mas estou vendo que a luta continua”. O ex-presidente relembrou sua trajetória no movimento sindical até a presidência da República no combate à fome e pelo desenvolvimento do Brasil.

Lula assinalou que no mundo todo, a situação não está fácil para a classe trabalhadora. “A diferença é que nos países pobres os trabalhadores não conseguem o que os trabalhadores europeus têm. E hoje, os europeus estão sob ameaça de perder suas conquistas e os trabalhadores dos países pobres de terem menos direitos ainda”, avaliou. “Sem luta, a classe trabalhadora não vai para lugar nenhum”, reforçou.

O ex-presidente lembrou que quando estava no G20 [grupo dos 20 países mais ricos] era provavelmente o único representante que os trabalhadores tinham para apresentar sua pauta.

No Brasil, recordou que a indústria naval só tinha dois mil trabalhadores quando ele chegou ao poder, e que foram gerados 82 mil postos de trabalho nessa indústria entre 2003 e 2014 e que, desde então, já foram perdidos 40 mil. “Vocês não podem deixar que as nossas sondas e plataformas sejam produzidas na China e na Coreia”, cobrou dos sindicalistas.

Lula falou ainda sobre o golpe parlamentar contra a presidenta Dilma Rousseff e alertou sobre os retrocessos que o país está enfrentando. “Uma mulher honesta não conseguiu cumprir o seu segundo mandato, porque uma direita chegou à conclusão de que era preciso evitar que essa mulher continuasse governando o país. Fizeram um golpe parlamentar e agora estão prometendo aos trabalhadores algumas coisas que serão um retrocesso extraordinário”, alertou.

Por fim, o ex-presidente destacou: “O papel do movimento sindical sempre foi e continua sendo o de contestar, reivindicar e propor”.

Crédito: Adonis Guerra
Paulo Cayres Paulo Cayres
Paulo Cayres destacou a importância da defesa dos direitos da classe trabalhadora 


Unidade na ação
A solenidade de abertura do Congresso foi conduzida pelo presidente da IndustriALL, Berthold Huber, que destacou a importância da unidade de ação do movimento sindical internacional. “Temos que trabalhar em conjunto sempre, porque a IndustriALL sozinha não faz nada”, afirmou.

Já o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, (CNM/CUT), Paulo Cayres, que antecedeu o ex-presidente Lula na saudação aos delegados, reiterou a importância da defesa dos direitos dos trabalhadores. “A classe trabalhadora é internacional. Nosso objetivo histórico e imediato é a defesa de nossos direitos, o direito à nossa história, a de construirmos a nossa existência de forma digna e autônoma”, destacou.

“A nossa luta por melhores condições de vida é secular. É disso que trata este nosso encontro: nos reunirmos para ampliar a nossa ação em todo o mundo até que a opressão cesse”, finalizou.

(Fonte: Olga Defavari – especial para a CNM/CUT)