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Alstom define participação no trem-bala brasileiro

Companhia ainda avalia como será sua atuação no projeto, mas já decidiu que não será investidora

Publicado: 17 Março, 2011 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Com uma queda de 8% nos pedidos nos nove meses do ano fiscal (abril a dezembro), a divisão de transporte da Alstom conta com os emergentes para não sair dos trilhos.

Segundo a companhia, esses países respondem atualmente por 60% das novas encomendas, alcançando uma marca que antes pertencia à Europa.

Como neste segmento os pedidos são feitos com cerca de dois anos de antecedência, o grupo sentiu até os últimos meses de 2010 os efeitos da crise econômica na região.

Hoje uma das principais apostas da empresa para seguir crescendo nessas áreas é um projeto brasileiro.

Segundo Patrick Kron, CEO da Alstom, a participação na operação do trem-bala - projeto de trem de alta velocidade (TAV) que deverá ligar São Paulo ao Rio de Janeiro e aguarda licitação do governo federal - fará com que o posicionamento do Brasil dentro dos negócios do grupo cresça de maneira significativa.

Hoje, a companhia está reavaliando a sua forma de participação no projeto do trem-bala, mas já está certo que não será como investidora.

"Bons projetos conseguem sozinhos seu financiamento", diz Kron.

De acordo com o principal executivo da Alstom, a empresa está definindo se será apenas fornecedora de um consórcio ou se participará como membro de um dos grupos. "Estamos discutindo com as construtoras brasileiras nossas condições para participar", diz Kron.

Apesar de destacar vantagens competitivas da companhia em relação a concorrência chinesa, tais como a experiência em diversos países e a manutenção das máquinas, quando se trata do projeto do trem-bala brasileiros Kron não descarta parceria com empresas da China.

Características do projeto

Às vésperas da publicação do edital de licitação para a construção do TAV, o governo brasileiro ainda não definiu os parâmetros para a implementação do trem. Mas, pelas condições geográficas do trajeto, já é possível apontar algumas características caso a Alstom seja a fornecedora. Ele deverá atingir até 250 quilômetros por hora, ter motorização compartida e vagões não articulados.

O projeto é semelhante ao que a Alstom já opera na Coréia em uma região com distância (cerca de 400 quilômetros) e inclinação comparável ao trecho brasileiro. O custo total (obra civil e os trens) para cada quilômetro é estimado em € 300 milhões.

"Esse modelo hoje é questionado por causa dos custos, mas quando vemos os gastos com gasolina podemos assegurar que o mercado de TAV é crescente e está em aceleração", diz Bernard Peille, diretor da fábrica de La Rochelle, na França. Atualmente a Alstom lidera esse mercado com 60% de participação. A alemã Siemens e a indústria japonesa participam com 12% cada.

A expansão é mostrada em um cenário projetado pela companhia para 2020. Nele a Europa segue na liderança do mercado com 6 mil quilômetros de linha de TAV, mas seguida de perto pela China com 5 mil quilômetros. O Brasil aparece com 400 quilômetros.

Caso seja a fornecedora do projeto a Alstom pretende fabricar a maior parte dos componentes dos trens no Brasil, na fábrica localizada no bairro da Lapa, em São Paulo, e que já pertenceu a Mafersa. Os primeiros trens, no entanto, serão produzidos na unidade de La Rochelle, centro de desenvolvimento da tecnologia que será utilizada nessas máquinas.

Fonte: Brasil Econômico