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Avanço chinês no Brasil precisa de reação e estratégia rápida, avalia especialista

Milton Pomar, consultor das relações Brasil-China, avalia que nosso país ainda não tem ferramentas suficientes para lidar com o crescimento econômico chinês

Publicado: 19 Dezembro, 2024 - 11h57 | Última modificação: 19 Dezembro, 2024 - 12h03

Escrito por: Redação CNM/CUT

Cadu Bazilevski
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Milton Pomar

Os brasileiros precisam ser mais rápidos e aprender a lidar melhor com o aumento da presença da China no nosso país nos últimos anos, quando os asiáticos abriram várias empresas, participaram mais ativamente de setores estratégicos da nossa economia, e tornaram-se o maior parceiro comercial do Brasil no mundo. 

Para o escritor, palestrante e consultor das relações Brasil-China, Milton Pomar, o avanço chinês no Brasil e no mundo nas últimas décadas é fruto de planejamento de Estado permanente da China, quando eles investiram macivamente em estrutura, ampliaram seu poder econômico, e se tornaram exemplos de tecnologia e inovação. 

Ele avalia que o Brasil ainda possui dificuldades para lidar com toda essa mudança provocada pela China e que é preciso ter “senso de urgência” e criar estratégias para lidar com esse novo momento.

Pomar ministrou a palestra "China 2025-2035: impactos em empregos e salários na indústria metalúrgica no Brasil" aos dirigentes da CNM/CUT na manhã desta quarta-feira (18), na sede da CUT Nacional, em São Paulo (SP), trazendo dados sobre o crescimento econômico chinês nos últimos 40 anos e mostrando como o Brasil reagiu a essas mudanças.

“Hoje nós temos um cenário onde mais de 90% do que exportamos para a China é produto básico, e importamos cerca de 97% de manufaturados deles, é um dado preocupante”, ilustra o consultor.

Cadu BazilevskiCadu Bazilevski
Milton é presenteado com a blusa da CNM/CUT pelos dirigentes da entidade

Indústria com ferrovias 

No campo industrial, o especialista avalia que a China soube transformar a sua estrutura para facilitar a produção industrial em massa. Isso fez com que produzir na China fosse muito mais barato do que no Brasil. 

“O custo do transporte ferroviário é muito baixo na China, eles construíram uma malha ferroviária gigante, que envolve todas as cidades do país. Hoje no Brasil o transporte é basicamente feito por caminhões, o que encarece a produção. E aqui nós temos de tudo para ter ferrovias, produzir trilhos. Temos minério de ferro, temos siderúrgicas”, disse Pomar.

Sobre as relações trabalhistas nas empresas chinesas, o consultor afirma que é preciso aprender a negociar com os chineses e evitar o choque cultural. “Os sindicatos, federações, confederações, precisam ter uma preparação para negociar com os chineses. Apesar de ser um país comunista, eles agem como capitalistas e são vorazes no jeito de atuar”.