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Campanha Salarial dos Metalúrgicos demonstra importância da Negociação Coletiva Unificada

Para Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a unidade da categoria apontou que ter uma pauta mínima, mesmo em data base diferente, fortalece a luta e garante mais direitos

Publicado: 04 Outubro, 2021 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Divulgação
arquivo CNM/CUTarquivo CNM/CUT
arquivo CNM/CUT

Sindicatos em todo país conquistaram reajuste salarial e mantiveram ou ampliaram direitos sociais no trabalho na Campanha Salarial de 2021 dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do país. Os trabalhadores e as trabalhadoras fizeram uma luta árdua com mobilização e diálogo nos locais de trabalho e comprovaram que a negociação coletiva é fundamental para fortalecer a luta da categoria.

A afirmação foi feita pelo Secretário-Geral da CNM/CUT, Loricardo Oliveira, sobre os depoimentos de representantes dos sindicatos e federações filiados a Confederação que a entidade coletou para avaliar a Campanha Salarial da categoria.

Ele explica que desde a Reforma Trabalhista do ex-presidente Michel Temer (MDB), a classe trabalhadora tem tido grandes desafios, com perdas de direitos e no poder de compra.

Para Loricardo, a pandemia e o desgoverno de Jair Bolsonaro (ex-PSL) pioraram ainda mais a situação e que a entidade entendeu rapidamente que sem a unidade não seria possível garantir direitos mínimos.

“No começo do ano a CNM e seus sindicatos fizemos uma plenária para decidir uma pauta única e discutir os pontos que interferem na vida do trabalhador e da trabalhadora no local de trabalho, como redução de jornada, condições de trabalho e ainda precisamos discutir os impactos do futuro do trabalho e da organização sindical para incluir numa negociação com uma pauta unitária mínima”, explicou Loricardo.

Ele contou que foi fundamental a discussão em coletivo com a categoria para enfrentar os patrões de forma organizada, dialogar com a categoria e a mobilizar os trabalhadores para as negociações coletivas.

“Interagir com o trabalhador no local de trabalho foi fundamental para as negociações coletivas, a gente faz o inverso do que determina na reforma trabalhista do golpista Temer e negocia todo mundo junto, de forma coletiva e não individual, uma pauta mínima e unificada. A gente mostra para as pessoas que elas não estão sozinhas e ainda pressionamos com mais força os patrões. A gente percebe nos depoimentos dos representantes das nossas entidades”, disse Loricardo, que complementou: “Já estamos nos preparando para a plenária do começo do ano que vem para discutirmos com os trabalhadores e as trabalhadoras a pauta de 2022. A luta precisa ser coletiva, sempre!”.   

Depoimentos

Rodolfo de Ramos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Joinville, Santa Catarina.

Com data base em 1º de abril, em Santa Catarina a maioria dos sindicatos conquistou reajuste salarial equivalente a 100% da inflação medida pelo INPC. Em Criciúma e Concórdia o reajuste foi acima da inflação. Em nenhuma cidade o reajuste foi inferior a inflação.

Segundo Rodolfo de Ramos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Joinville, nenhum sindicato conseguiu ampliar as cláusulas sociais da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). A conquista foi a manutenção das cláusulas já existentes.

“O desfecho final da campanha salarial foi positivo. Além de conquistar a reposição da inflação de uma única vez, manter todas as cláusulas da CCT é uma importante vitória, uma vez que a CCT garante seis meses de licença maternidade, homologação no sindicato para trabalhadores com mais de 90 dias de empresa, entre outras”, disse Rodolfo.

Erick Silva, presidente da FEM/CUT-SP.

Dos 13 grupos que negociam com a Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT de São Paulo (FEM/CUT-SP), 11 chegaram à proposta de reajuste salarial equivalente a 100% da inflação medida pelo INPC.

Dois grupos fecharam acordo com reajuste de 10,5% aplicados de uma só vez, a partir de 1º de setembro. Outras seis propostas seguem no mesmo caminho, mas a FEM insiste para que o reajuste seja arredondado em 10,5%. Outros três grupos propuseram 100% do INPC, mas de forma parcelada, e dois grupos não apresentaram proposta.

Beto, Presidente metalúrgicos de Campo Grande

Em Campo Grande, o acordo da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) fechou com reajuste em 7,59%. Os Acordos Coletivos de Trabalho (ACT) tem fechado com reajuste que variam de 9% a 9,5%.

De acordo com o Beto, tanto a convenção quanto os acordos estão sendo negociados e fechados sem grandes dificuldades.

Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco

Os metalúrgicos de Pernambuco conquistaram reajuste salarial de 10,42% a partir de 1º de setembro, além da manutenção de todas as cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Para as empresas que mantém menos de 70 empregados, foi aprovada a proposta de pagamento do percentual equivalente a 10,42% como uma bonificação em seu salário, nos meses de setembro, outubro e novembro, sendo dobrado esse percentual em dezembro de 2021, devido ao décimo- terceiro.

Max, presidente Espírito Santo

As negociações da campanha salarial dos metalúrgicos do Espírito Santo começaram no início de setembro. As principais reivindicações são reajuste equivalente ao INPC mais 5% de aumento real e manutenção de todas as cláusulas sociais.

“Neste ano vamos trabalhar para incluir cláusula sobre diversidade na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT)”, ressaltou Max.

Segundo Max, o acordo fechado com o setor naval conquistou ganho real considerável.

Lírio, presidente federação RS

O balanço dos acordos salariais fechados pelos sindicatos dos metalúrgicos do Rio Grande do Sul é considerado exitoso. A maioria conquistou aumento real no salário e manutenção de todas as cláusulas sociais.

No setor de máquinas agrícolas, segundo Lírio, houve avanço nos temas sobre igualdade, equidade e inclusão. Uma agenda em outubro já está confirmada para se aprofundar nesse debate social.

Marco Antônio, presidente da FEM/CUT-MG

Em abril os metalúrgicos da reparação de veículos conquistaram reajuste salarial equivalente a 100% do INPC e a manutenção de todas as cláusulas sociais.

Em agosto teve início a campanha salarial unificada dos metalúrgicos de Minas. Nela, as federações que representam os trabalhadores (as) reivindicam 13% aumento salarial, R$700,00 de abono único e especial, além da manutenção e ampliação das cláusulas sociais da CCT.

“Tivemos avanço em 87 cláusulas sociais da CCT, num total de 100, mas a FIEMG não apresentou nenhuma resposta sobre nossa reivindicação econômica, o que tem dificultado bastante o processo de negociação”, disse Marco Antônio.

Edson Rocha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí.

A realidade dos metalúrgicos (as) de Niterói não é nada animadora. A indústria naval registra elevados índices de desempregado. Dos 10 grandes estaleiros ativos na cidade, atualmente existem apenas três funcionando, abrigando 10% da categoria.

Há quatro anos a campanha salarial dos metalúrgicos de Niterói não consegue avançar. Em 2018 o sindicato não conseguiu fechar acordo sobre a convenção coletiva. A justiça foi acionada e mais uma vez os metalúrgicos foram derrotados, ficando sem o “guarda chuva” da CCT até este ano.

“Este ano já iniciamos as discussões da proposta de acordo sobre a Convenção Coletiva de Trabalho. Organizamos algumas ações de resistência e mobilização na portaria de alguns estaleiros, atrasando o início da jornada, mas, mesmo revoltados com a desvalorização, os poucos trabalhadores temem o desemprego”, ressaltou Edson.

Atualmente existe a possibilidade de se conseguir fechar uma convenção coletiva entre os três estaleiros que ainda funcionam. A expectativa é conseguir algum avanço em termos financeiros e sociais.

Nas pequenas empresas os acordos fecharam com reajuste de 7%, parcelado em duas vezes. A primeira em maio e a segunda em novembro.

Fábio Dias, presidente da Federação Interestadual dos Metalúrgicos do Nordeste (FIMETAL-NE).

Sobre o sindicato dos metalúrgicos de Feira de Santana, que tem data base em maio, nossa negociação consegui reajuste em 100% do INPC, foi assegurado a manutenção de todas as cláusulas sociais e a PLR. Nos acordo individuais, em algumas empresas, os trabalhadores conquistaram 3% de ganho real.

Sobre a região nordeste, a maioria dos sindicatos conseguiu manter o que já havia conquistado e garantiram o reajuste salarial em 100% do INPC. Infelizmente muitos sindicatos não conseguiram negocia PLR.

A crise causada pela pandemia e pala falta de uma política econômica eficiente por parte do governo federal resultaram em várias empresas fechando dificultaram avançar nas conquistas.

Cristiane Marcolino presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Angra

Como nosso Acordo Coletivo teve data base dia 1º de fevereiro, só conseguimos 4,9% de reajuste salarial e ticket alimentação, dobrado nas férias e fim de ano, como cesta natal.

Este ano fechamos um acordo muito difícil, foi a primeira vez com prazo de validade de dois anos. Ano passado a empresa usou a MP 927 e prorrogou o Acordo Coletivo de Trabalho e durante a pandemia precisou fazer diversas demissões.  Além disso, os ônibus fretados foram multiplicados, por causa da Covid. Um ônibus que carregava 40 pessoas passou a carregar somente 20 para evitar contato e empresa precisou afastar os trabalhadores acima de 65 anos e com comobirdades . E ainda com o Acordo Coletivo difícil, não tinha assinado e a empresa estava demitindo por falta de obra.

Acreditamos que no próximo acordo coletivo será melhor o estaleiro em julho e agosto assinou grande as duas obras com duração de 18 meses e a outra 48 meses

Cátia Cheve – do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (AM) e Vice presidenta da CNM/CUT

A nossa data base do eletrônico e dos Metalúrgicos é agosto e setembro e não foi fácil. O patrão na hora da negociação, na mesa, falaram muito na situação do Covid e que não dava para garantir emprego nem aumento para o trabalhador.

Pressionamos os patrões e conversamos com os trabalhadores no chão de fábrica da importância do aumento melhor de salário digno pra gente. Os trabalhadores falaram que se precisasse parar eles paravam porque eles entendiam e nós voltamos na mesa de negociação e pressionamos e ofereceram 4$, dissemos que não devido ai inflação e o preço da carne. Tudo aumentou!

Conseguimos fechar em 11%, sendo que as fábricas que estão passando por situação difícil podem pagar em duas vezes só que a gente colocou 50% agora e 50% em abril e neste intervalo dar uma cesta básica para os trabalhadores.

Os trabalhadores ficaram muitos felizes e agradeceram ao sindicato. Eles viram que a luta do sindicato não é fácil.

A CNM ajudou muito o estado do Amazonas, a gente estava sempre conversando e falando das nossas negociações e foi muito importante o apoio dado aos sindicatos do Brasil para ter um bom ganho nesta campanha salarial.