CCE inicia entrega do laptop escolar
Publicado: 18 Março, 2010 - 00h00
Escrito por: CNM CUT
Tânia Vendramini, gerente comercial da CCE: até junho, todas as máquinas serão distribuídas em 300 escolas públicas
A fabricante de eletrônicos CCE fará amanhã a entrega do primeiro lote de laptops comprados pelo Ministério da Educação (MEC) para dar início ao projeto "Um Computador por Aluno". Ao todo, 3 mil portáteis serão enviados para um centro de treinamento do MEC, em Brasília. Com essas máquinas, o ministério vai treinar um grupo de instrutores que, numa segunda etapa, dará um curso sobre os equipamentos para os professores, com aulas presenciais e pela internet.
Os primeiros laptops começam a chegar nas instituições públicas em três semanas. Inicialmente, serão distribuídos 37 mil equipamentos em 85 escolas do país. Outros 110 mil portáteis serão entregues até junho.
O MEC selecionou 300 escolas espalhadas em todos os Estados do país para realizar o primeiro grande piloto de uso de computador em sala de aula. Cada escola vai indicar um professor para dedicação exclusiva ao projeto. Nos próximos meses, um site também deverá ser lançado para centralizar informações sobre a iniciativa na internet.
Além de fabricar os 150 mil portáteis, a CCE vai ser responsável pela distribuição de todos os equipamentos em cada uma das escolas, além de testar as máquinas. Os computadores terão garantia de 12 meses em todo o país, para qualquer tipo de problema.
Idealizado pela fabricante de processadores Intel, o portátil conhecido como "Classmate" é produzido em Manaus. O equipamento que será entregue aos alunos tem memória de 512 MBytes, placa interna de acesso à internet sem fio e tela de cristal de líquido de sete polegadas, com uma camada antirrefletora. Para conexões externas, há duas portas USB, uma saída de áudio e uma entrada para microfone.
"Os equipamentos começaram a ser fabricados em dezembro. O cronograma será executado conforme o planejado", diz Tânia Vendramini, gerente comercial da CCE. "Até o meio do ano, os laptops já estarão à disposição em todas as escolas que participam do projeto."
Na última semana de dezembro do ano passado, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão do MEC que realizou a licitação dos portáteis, bateu o martelo com a CCE. Cada laptop vai custar ao governo R$ 550. O valor total do contrato é de R$ 82 milhões.
A partir dessa experiência do MEC, diz Tânia, a CCE tem planos de levar o Classmate para as redes de varejo, vendendo o equipamento como mais uma ferramenta de estudos. Não há, porém, uma data definida para isso. A CCE começou a fabricar computadores em 2005. Hoje, suas máquinas são encontradas em redes como Wal-Mart, Ponto Frio e Extra.
A indústria de computadores acompanha de perto a experiência educacional do governo federal. Além da CCE e Intel, companhias como Metasys, Lenovo, MStech, Simm e Positivo Informática têm projetos na gaveta para atender o governo. Neste mês, a Intel apresentou a nova versão de seu Classmate, que teve sua tela ampliada para 10,1 polegadas e ganhou recursos para se converter em um leitor de livros digitais, o chamado "e-book", com a tela sensível ao toque. Quem também não quer ficar de fora é a instituição Um Laptop Por Criança (OLPC, na sigla em inglês). Criada pelo professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Nicholas Negroponte - o criador do conceito do "laptop de US$ 100" - a OLPC está acertando parcerias com fabricantes de PCs no Brasil para participar de novas concorrências públicas. Na última licitação realizada pelo MEC, a instituição nem chegou a participar da disputa porque não tinha um fabricante local para seu equipamento.
A expectativa dessas empresas é de que, nos próximos meses, uma nova leva de aquisições de máquinas seja patrocinada por Estados e municípios. Para incentivar a realização de novos pilotos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) criou uma linha de financiamento de R$ 650 milhões.
Em até 40 dias, o MEC deverá publicar um edital para aquisição dos laptops. Dessa vez, o ministério não pretende comprar um volume específico de máquinas. A ideia é realizar uma concorrência no modelo de registro de preço, na qual o fornecedor que oferece o computador pelo menor custo passa a ser o fabricante do projeto pelo prazo de um ano. Neste período, governos estaduais e municipais poderão usar o financiamento do BNDES para comprar as máquinas. O crédito será operado pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal. A expectativa é adquirir mais de 1 milhão de laptops escolares. É um volume considerável de equipamentos, mas que chegará a atender 3% do total de estudantes do país. Atualmente, há 42 milhões de alunos na rede pública de ensino, distribuídos por 176 mil escolas.
Fonte: Valor