MENU

CNM/CUT e líderes sindicais do mundo lutam por um sindicato democrático no México

Em frente a General Motors em Silao, sindicalismo internacional fortalece luta dos trabalhadores que lutam por melhores condições de trabalho e CNM/CUT apoia o sindicalismo autêntico e independente

Publicado: 01 Fevereiro, 2022 - 20h12 | Última modificação: 01 Fevereiro, 2022 - 21h23

Escrito por: Redação CNM/CUT

Maicon Michel
notice

Termina nesta quarta-feira (2) as eleições do novo sindicato que vai representar mais de 6.000 trabalhadores na General Motors (GM) no México, em Silao. A votação é histórica, já que é uma das primeiras depois da reforma trabalhista do governo de Andrés Lopes Obrador, que garante aos trabalhadores o direito de eleger um sindicato de forma democrática, o que não era permitido antes.

 “A situação dos trabalhadores no México sempre preocupou os sindicatos brasileiros, mas começou a mudar com o governo de Andrés, que submeteu ao congresso nacional mudanças na lei para garantir aos trabalhadores a liberdade sindical, com obrigação de votação direta e secreta para escolher livremente seus sindicatos.”, afirmou o secretário de Relações Internacionais na Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Maicon Michel.

Segundo ele, “esta eleição representa a possibilidade de mudanças reais no sindicalismo mexicano, o que é fundamental para uma forte relação de solidariedade com os sindicatos brasileiros em defesa de melhores condições de trabalho”.

Favorecimento para as empresas

Maicon, que está há dois dias na porta da GM-Silao junto com outros representantes de sindicatos que representam trabalhadores nas plantas da GM em Gravataí, São José dos Campos e Joinville (motores), para fortalecer o movimento internacional por um sindicato democrático, disse que no México, há mais de 50 anos, existe um sistema de controle dos sindicatos pelas empresas através de máfias sindicais que celebram acordos coletivos de trabalho sem a participação ou aprovação dos trabalhadores. 

“As eleições eram por empresas e os resultados favoreciam exclusivamente aos patrões, o que levavam há uma situação de péssimas condições de trabalho com salários miseráveis, longas jornadas e nenhum direito de organização independente e legítimo. Esta é a primeira eleição com voto direto”, completou o dirigente.

Chapa democrática e ameaçada

Um grupo de trabalhadores de base na GM-Silao começou a se organizar em 2019, em uma greve da categoria. No ano passado, eles recusaram a aceitar as péssimas condições de trabalho e fundaram o Sindicato Independente, o SINTTIA, que hoje disputa as eleições.

“Desde a criação da CNM, a gente acompanha de perto a luta do SINTTIA para conquistar o direito de representar os mais de 6 mil trabalhadores de GM-Silao. A CNM apoia a luta dos companheiros mexicanos por um sindicalismo autêntico, democrático e independente”, disse Maicon.

Os representantes SINTTIA denunciam ameaças sofridas para que não participassem da eleição.

"Vários candidatos denunciaram nos meios de comunicação local as ameaçam que têm sofrido desde que lançaram a chapa.  Várias companheiras, que fazem parte da chapa independente, estão tendo fotos de seus filhos e familiares expostas dizendo que se continuassem com o processo eleitoral teriam problemas sérios" denuncia Maicon.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Joinville e dirigente da CNM/CUT, Rodolfo de Ramos, complementa:

"É algo realmente assustador e inédito para nós ver esse tipo de conluio entre empresa e esses sindicatos corruptos ameaçando e demitindo os trabalhadores que querem melhorar suas vidas e de seus familiares continua Rodolfo.

Luta histórica

Rodolfo também acompanha as eleições e reforçou o momento histórico que sindicalistas estão presenciando no México.

“Conhecendo a dificuldade que passam os trabalhadores aqui no México percebemos que é uma oportunidade de ter sindicatos autênticos representando os trabalhadores na GM de Silao, que relatam condições sub-humanas de trabalho, jornada de trabalho extenuantes e constante assédio no local de trabalho.”

Os trabalhadores montaram um acampamento solidário em frente à fábrica com representantes sindicais do México e do mundo para garantir esse processo democrático.

DivulgaçãoDivulgação

Solidariedade

Maicon conclui lembrando que as montadoras que operam no Brasil também operam no México e é fundamental uma forte aliança entre os sindicatos dos dois países para evitar o dumping social por parte das empresas.

"Com o acordo bilateral entre Brasil e México no setor automotivo, é fundamental a unidade dos trabalhadores nos dois países para enfrentar os desmandos empresariais e garantir que a produção do setor automotivo se mantenha no Brasil e para que os salários dos mexicanos e suas condições de trabalho melhorem cada vez mais, mas isso só se faz com mais sindicatos combativos e autênticos estejam organizando a classe"