CNM/CUT faz balanço de negociações do ano e definição dos próximos passos da luta
Conselho Diretivo da entidade se reuniu por dois dias para traçar metas para o futuro
Publicado: 03 Dezembro, 2025 - 20h50 | Última modificação: 03 Dezembro, 2025 - 20h59
Escrito por: Redação CNM/CUT
A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) encerrou, nesta quarta-feira (3), a última reunião ampliada do Conselho Diretivo em 2025 com um diagnóstico completo das campanhas salariais do ano e a definição das prioridades para o próximo período. O encontro, realizado na sede da CUT Nacional, em São Paulo, e por meio da plataforma virtual Zoom, reuniu dirigentes de todas as regiões do país e evidenciou um consenso: negociação coletiva só avança quando está apoiada na mobilização da base e em informação qualificada.
O segundo e último dia começou com um balanço das federações e sindicatos sobre os acordos firmados ao longo do ano. Os relatos mostraram uma realidade desigual nas mesas de negociação, influenciada por fatores econômicos e regionais, entre eles, o impacto da taxação norte-americana sobre produtos importados, que afetou com mais intensidade empresas exportadoras em determinados estados. Apesar disso, os dirigentes destacaram conquistas importantes em cláusulas sociais, reajustes acima da inflação em grande parte das negociações e a manutenção de direitos historicamente ameaçados.
“Nenhum avanço veio sem luta. Onde teve mobilização, teve resultado”, avaliou Loricardo de Oliveira, presidente da CNM/CUT. Para ele, o balanço das campanhas salariais evidencia que a disputa direta com os empregadores continua sendo o elemento central para garantir acordos melhores. “As assembleias, os atos, a presença na porta de fábrica mudam a correlação de forças. Essa é a base de tudo”, completou.
DIEESE traz dados e tendências para preparar a estratégia de 2026
Após os relatos dos sindicatos, os técnicos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) apresentaram um panorama nacional das negociações, com foco na base metalúrgica da CNM/CUT. A análise destacou que 64,1% das datas-base da categoria ocorrem em setembro, o que exige preparação unificada e planejamento permanente. Os dados mostraram também que, em 2024, 87,4% dos reajustes negociados ficaram acima da inflação, percentual expressivo diante de um cenário econômico instável.
Outro destaque foi o crescimento das conquistas em cláusulas sociais relacionadas à igualdade de oportunidades, responsabilidades familiares, diversidade, saúde e segurança, além das garantias de ação sindical. A variedade dessas cláusulas, presentes nos acordos analisados, demonstra que o movimento sindical tem ampliado seu foco para além do salário, incorporando temas ligados à qualidade de vida e proteção dos trabalhadores.
Para Renato Carlos de Almeida (Renatinho), secretário-geral da CNM/CUT, o conteúdo apresentado pelo DIEESE reforça a importância da qualificação técnica dos dirigentes. “Os dados não são só números; são munição para a luta. Eles revelam onde avançamos, onde estamos vulneráveis e como devemos nos preparar para o próximo ciclo”, destacou. “A informação bem utilizada fortalece a negociação, evita retrocessos e abre caminhos para conquistas futuras.”
Reflexões sobre o futuro e desafios estruturais
A apresentação também recuperou efeitos da reforma trabalhista e do atual modelo de relações de trabalho no país. Segundo o DIEESE, a ausência de regras de ultratividade, a desproteção contratual e a tentativa de equiparar a força entre empresas e trabalhadores nas negociações tornam o ambiente mais hostil para a ação sindical. Por outro lado, pesquisas recentes mostram que a população reconhece a importância das entidades: 70% afirmam que sindicatos são essenciais, e 80% defendem redução da jornada e o fim da escala 6x1, pautas centrais das reivindicações do setor.
Os dirigentes destacaram que essas tendências reforçam a necessidade de ampliar a presença nos locais de trabalho, fortalecer a comunicação com a base e investir na formação de novos quadros sindicais. A juventude trabalhadora, apontaram, deve ser um dos focos das próximas ações.
Encerramento com metas e diretrizes para o próximo biênio
No encerramento, o Conselho sintetizou as atividades dos dois dias e aprovou as prioridades para o próximo biênio da gestão. Entre elas estão:
- intensificar a organização nos locais de trabalho;
- unificar a luta pela redução da jornada e pelo fim da escala 6x1;
- ampliar cláusulas de saúde, segurança e igualdade;
- fortalecer campanhas salariais simultâneas;
- e reconstruir a narrativa pública sobre a importância dos sindicatos.
Loricardo resumiu o espírito do encontro: “O ano termina, mas a luta não. Saímos daqui mais preparados e com mais clareza sobre para onde queremos avançar em 2026.”
Renatinho completou: “Este Conselho mostrou maturidade, unidade e capacidade política. O próximo período será exigente, mas não seremos pegos de surpresa. Estamos prontos para seguir disputando direitos e ampliando conquistas.”
Galeria de fotos dos dois dias de encontro
