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Com mais crescimento disseminado, indústria tem alta de 0,2% em outubro

Publicado: 06 Dezembro, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A indústria teve um ligeiro crescimento em outubro, mas o resultado foi mais disseminado entre os setores do que anteriormente.

Segundo o IBGE, a produção industrial teve alta de 0,2% em outubro na comparação com setembro, com aumento na produção de 15 das 24 atividades pesquisadas.

Após primeiro semestre de comportamento errático, com altas seguidas de quedas, a produção industrial segue em rota de melhora gradual. É o segundo mês consecutivo de variação positiva.

Apesar do desempenho ter ficado abaixo do obtido no mês anterior — o IBGE revisou o dado de setembro de 0,2% para 0,3% —, a avaliação do órgão é que o indicador de outubro foi melhor porque, em setembro, apenas oito setores haviam tido alta.

"O positivo desse resultado é percebermos que o crescimento da indústria está menos concentrado em setores específicos", disse o gerente da pesquisa, André Macedo.

Os setores que puxaram o indicador para cima foram o ramo farmacêutico, de bebidas, vestuário, metalurgia e máquinas e equipamentos.

Na divisão por grandes grupos, os chamados bens de capital, que são as máquinas voltadas para a produção, tiveram alta de 1,1%. Os bens de capital são tidos como importante termômetro da atividade econômica.

Segundo Macedo, a maior parte do bens de capital são caminhões, tratores e retroescavadeiras para a construção civil voltados para as exportações.

Ás máquinas voltadas para ampliação de produção nas fábricas brasileiras, bem como a modernização do parque industrial, segundo o técnico, ainda não tiveram alta relevante. As máquinas agrícolas, que tiveram boom no primeiro semestre na esteira da chamada super safra de grãos, perderam fôlego em razão do fim da colheita.

"As máquinas que estão abastecendo hoje a indústria estão mais relacionadas a reposição de peças do que ampliação do parque industrial", disse Macedo.

O resultado de outubro coloca a indústria em patamar semelhante ao observado em fevereiro e março de 2009. A produção continua muito abaixo do pico recente da série, ocorrido em junho de 2013 – o nível de produção atual está 17,2% abaixo do registrado no período.

Os chamados bens de consumo semi e não duráveis tiveram a maior alta, de 2%, revertendo período de dois meses de taxas negativas. Estão nesse grupo os produtos farmacêuticos, cuja alta de 20,3% precisa ser relativizada porque a produção do setor é historicamente volátil, variando conforme câmbio e disponibilidade de matéria prima para medicamentos no país.

"A produção farmacêutica está entre as atividades que mais influenciaram negativamente a indústria. No acumulado do ano, ela caiu 7,4% e, em setembro, a queda foi de 19,7%".

Macedo avalia que a indústria está em trajetória de melhora de ritmo, "mas é aquela característica de recuperação gradual, lenta".

Na comparação de outubro com igual período do ano passado, a produção industrial teve alta de 5,3%, na sexta alta consecutiva do indicador.

Os bens de capital tiveram alta expressiva, de 14,9% — é a primeira alta de dois dígitos do ano, calcada principalmente nas vendas ao exterior. Já os bens de consumo duráveis tiveram alta de 17,6%. Nesse segundo grupo entram os automóveis, que também têm tido boas vendas ao exterior.

A queda dos juros, inflação em patamar mais baixo e melhora do emprego, segundo Macedo, ajudou também a uma melhora no desempenho de veículos no Brasil e também dos eletrodomésticos, como televisão.

"Apesar das altas, nós não conseguimos zerar as perdas do passado. É importante frisar que a base de comparação está muito depreciada porque as quedas em igual período do ano passado eram muito maiores que as altas mais recentes", afirma Macedo.

(Fonte: Folha de S. Paulo)