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CSN adquire ativos da Prada pela quantia simbólica de R$ 1

Publicado: 02 Maio, 2006 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

O Conselho de Administração da Metalúrgica Prada define hoje se formaliza a oferta simbólica de R$ 1 para aquisição de seus ativos, feita pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Os acionistas da siderúrgica aprovaram por unanimidade, na última sexta-feira, a compra da fabricante de latas.
Segundo a convocação para a assembléia geral extraordinária (AGE), publicada pela direção da Prada no dia 19 de abril, haverá deliberação sobre 'aumento do capital social, com emissão de novas ações, conforme proposta apresentada pela Companhia Siderúrgica Nacional'.

Com a aquisição, a idéia é que os créditos da metalúrgica com a CSN no valor de R$ 175 milhões sejam capitalizados, dando fôlego à empresa. Os ativos e passivos da metalúrgica serão integralmente assumidos pela CSN e não há previsão de demissões.

A decisão foi tomada em assembléia extraordinária, realizada no escritório da CSN no Rio. De acordo com um executivo que participou da reunião, essa era a única forma de viabilizar a empresa financeiramente. 'A Prada tem bons ativos, mas estava em situação financeira complicada', afirmou a fonte. No balanço divulgado no último dia do mês de fevereiro, a metalúrgica informou que seu patrimônio líquido era negativo no valor de R$ 67,9 milhões. A CSN é o principal credor da companhia.
O montante de R$ 175 milhões que serão capitalizados toma por base os valores da dívida da metalúrgica com a CSN, bem como as contas a pagar pelo fornecimento de matéria-prima, em 12 de abril, data da publicação do edital de convocação da assembléia. Em avaliação feita pelo Banco Pactual a pedido da CSN, o valor de mercado da Prada foi calculado em R$ 331,447 milhões. Excluindo-se a dívida líquida com a CSN após a capitalização, o valor das ações seria de R$ 290,8 milhões.

Além de possibilitar a recuperação dos créditos, a operação visa fomentar o mercado de folhas-de-flandres, matéria-prima usada na fabricação de latas de aço e cuja produção no Brasil é monopolizada pela CSN. No edital de convocação da assembléia extraordinária dos acionistas, publicado em 12 de abril, a siderúrgica afirma que a aquisição é estratégica para os interesses da empresa, 'tendo em vista a importância das folhas metálicas em nosso portfólio de produtos e o papel de destaque da Prada no mercado brasileiro de embalagens metálicas'. A Prada fabrica 1 bilhão de latas por ano e para produzi-las adquire cerca de 80 mil toneladas de folhas-de-flandres, anualmente, da própria CSN. A princípio, não estão previstos investimentos em expansão de capacidade da metalúrgica. 'A Prada tem grande capacidade ociosa. O que queremos, por enquanto, é fomentar o mercado de latas de aço', disse a fonte.

De acordo com o edital de convocação da assembléia extraordinária ocorrida semana passada, a operação ainda terá de ser submetida aos acionistas da Prada, devendo também ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A aprovação pelos acionistas da Prada é certa, tendo em vista que a empresa é controlada pelo fundo americano Kiskidee Investments , que tem 97,38% das ações. A obtenção do sinal verde do Cade, porém, pode ser um processo mais complicado. No último 24 de fevereiro, a Secretaria de Direito Econômico (SDE) abriu investigação sobre 'abuso de posição monopolista' da CSN no mercado de latas. A secretaria investiga se a participação da CSN no conselho da Companhia Brasileira de Latas (CBL) a levou a preterir clientes em favorecimento da CBL. Caso o órgão defina que a siderúrgica tenha adotado uma postura discriminatória por causa de interesses comerciais na CBL, ela poderá ser multada em um valor de até 30% do seu faturamento. A CSN também possui a Metalic Brasil, que fabrica latas para o setor de bebidas.

Com a aquisição, aumenta a apreensão dos demais produtores de latas de aço, clientes da siderúrgica. 'Eu vejo com apreensão o negócio, já que passamos a disputar mercado com uma empresa que terá acesso aos dados dos concorrentes. Por outro lado, acredito que a CSN trabalhará com cautela em relação à agressividade dos preços', diz o diretor presidente da Metalgráfica Iguaçu , Rogério Marins. Ele acredita que, no caso de diferenças muito grandes nos preços, haja reclamação das empresas junto a órgãos de defesa da concorrência.

Fonte: Diário do Comércio

CSN