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Denúncias sobre falta de segurança do Fiat Stilo alertam Justiça

Publicado: 27 Junho, 2008 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça estuda providências a serem adotadas após receber pedido de investigação sobre acidentes que teriam sido causados por defeitos no eixo traseiro do modelo Stilo, da Fiat. Até agora, a montadora não foi notificada pelo órgão, que não definiu prazo para conclusões sobre o caso.

Comunidades na internet e sites especializados em automobilismo discutem o que teria causado a soltura repentina das rodas, pois os acidentes têm características semelhantes: o motorista perde o controle do carro após uma das rodas traseiras se soltar e, em seguida, o veículo gira na pista. Outro ponto coincidente seria a baixa quilometragem dos carros que têm ano de fabricação a partir de 2005.

O caso teve início com a veiculação de reportagens no jornal "Estado de Minas" sobre dois acidentes que teriam sido causados pela soltura repentina de um das rodas traseiras com os carros em movimento. Depois disso, novos casos foram sendo relatados - foram 13 até agora, com pelo menos uma morte foi confirmada.

O acidente com a consumidora Carla Barbosa em fevereiro foi o que motivou o pedido de análise do Procon-DF ao DPDC. A motorista, dona de um Stilo Sporting 2007, conta que, em fevereiro, em viagem com o marido e as três filhas, perdeu o controle do carro a 80 quilômetros por hora por causa da soltura da roda esquerda traseira. "O veículo tombou, saiu deslizando e parou no meio da pista", conta ela, que mandou fazer um laudo particular sobre o acidente antes de mandar as peças para análise da Fiat.

O responsável pela análise, o engenheiro mecânico João Valentim Bin, afirma que é inadmissível que uma roda caia. "Não cabe a mim estabelecer as causas do problema e sim à montadora. Mas existem três hipóteses: 1) o projeto não está de acordo com a roda de tala larga usada nesse modelo, ou seja, não suporta a carga; 2) falha no tratamento térmico do material ou 3) a pista externa do rolamento quebrou", detalha ele. "De uma coisa eu tenho certeza: não foi sobrecarga no carro", afirma. Carla está participando de audiências de conciliação no Procon-DF com representantes da montadora. "Enquanto um acordo não é firmado, o caso está sob sigilo, a pedido das partes", diz Bernardo Neto, Diretor de Atendimento do Procon-DF.

Um dos primeiros casos divulgados é o de Eden Mark Ribeiro de Sousa, de Brasília. Em dezembro, ele dirigia seu Stilo 2007 na BR-251, que liga Brasília a Unaí (MG) a 90 quilômetros por hora quando começou a sentir o carro perder a estabilidade. "O volante começou a tremer e escutei um barulho do lado direito. Logo em seguida o carro puxou para a direita, rodou 180 graus, invadindo a outra pista, e capotou", conta. "A roda e o cubo do eixo haviam saído do carro e não tinham nenhum arranhão."

O caso mais grave ocorreu com Márcio Gomes de Menezes em Minas Gerais. Em setembro, ele estava no Stilo 2006 com duas amigas quando viu a roda traseira direita passando na frente do veículo e logo depois colidiu com uma mureta. "Na hora perdi os sentidos. Quebrei sete costelas e machuquei o joelho. Uma de minhas amigas morreu na hora e a outra teve algumas escoriações."

José Santini, de São Paulo, passou por problema semelhante. Estava na Rodovia dos Bandeirantes, guiando a 90 quilômetros por hora num trecho reto. "Na ocasião chovia um pouco e, de repente, comecei a perder o controle do veículo. Estava na faixa da esquerda e com essa perda de controle o carro bateu no guard rail. Não consegui segurar o carro e ele foi para o lado direito, rodando 180 graus", diz ele. Após parar no acostamento, ele conta que o lado esquerdo do eixo do carro estava caído no asfalto sem a roda. "O serviço de atendimento ao usuário da rodovia veio me atender e o funcionário comentou: sua roda está lá embaixo". Foi aí que me dei conta que a roda tinha saído".

Fonte: Agência Estado