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Dono da Ocean Air fará maior estaleiro da América Latina no Brasil

Publicado: 13 Outubro, 2009 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

German Efromovich, dono da Ocean Air e dos estaleiros Mauá e Eisa, irá investir US$ 800 milhões para montar o maior estaleiro da América Latina, em Alagoas, com capacidade inicial para processamente de 160 mil toneladas de aço anuais.

O próximo empreendimento do empresário German Efromovich - que, na sexta-feira, anunciou a criação de uma das maiores companhias aéreas da América Latina a partir da fusão da colombiana Avianca e a salvadorenha Taca - será a construção de um mega-estaleiro para a construção de navios e plataformas em Alagoas, projetado também para ser o maior da América Latina.

Efromovich é dono do grupo Sinergy, que, além da Avianca, é dono também das companhias aéreas Ocean Air e Vip, além dos estaleiros fluminenses Eisa e Mauá.

O estaleiro será construído na praia de Coruripe, a 80 quilômetros de Maceió, com investimentos de US$ 800 milhões, um dos maiores já aportados no estado do Alagoas. O empreendimento ocupará uma área de 2 mil m² e, no primeiro ano de operação, previsto para ter início em 2011, processará 160 mil toneladas de aço ao ano.

O atual líder latino, o estaleiro Atlântico Sul, desembarcou no Porto de Suape (PE), no ano passado e deve ser concluído até dezembro, com uma área de 1,6 mil m², capacidade para 160 mil toneladas anuais e cerca de 4,5 mil empregados.

O Eisa-Alagoas, nome que terá o novo estaleiro de Efromovich, deve entrar em operação em meados de 2011 empregando 4,5 mil pessoas e, segundo o executivo, deve chegar a 10 mil funcionários quando estiver em plena operação.

A construção está prevista para começar logo no início de 2010. "Queremos começar o mais rápido possível", disse em entrevista por telefone ao Brasil Econômico. "Será um estaleiro de construção múltipla, com estrutura para fazer navios, plataformas, reformas."

Ele ressalta ainda as características favoráveis da região, que, diferente de onde estão hoje os tradicionais maiores pólos navais do país - Rio de Janeiro e região Sul -, dá uma proximidade estratégica a mercados que pretende atingir, como África e os vizinhos latinos.

O anúncio foi resultado de uma negociação de mais de nove meses com o governo de Alagoas e outros estados, e chega em um momento no mínimo promissor para a indústria naval.

O setor foi reativado nos anos 2000 a partir da reformulação da Transpetro, braço logístico da Petrobras, depois de mais de uma década de ostracismo construindo basicamente balsas e barcos pequenos para uso privado, enquanto os poucos grandes navios comerciais do país vinham de fora.

Entre as mais recentes notícias, está o edital que a Petrobras promete lançar ainda nesta semana para a aquisição inédita de 28 sondas de perfuração a serem entregues até 2018, com a condição de serem produzidas no país.

O empreendimento promete não só ser o maior do Brasil e, de quebra, da América Latina, como é também um dos maiores investimentos que Alagoas já recebeu - o segundo menor estado do país tem registrado avanços avanços sócio-econômicos acima da média nacional, mas, ainda assim, custa a conseguir sair da lista de últimos colocados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil.

"Uma única indústria criar 4,5 mil empregos aqui é algo que muda completamente a face de Alagoas", disse Luiz Otávio Gomes, secretário do Desenvolvimento Econômico do Estado.

"Esse estaleiro significa a entrada de Alagoas na globalização e sua colocação definitiva no mapa nacional. Iremos fazer navios de grande porte para servir o Brasil e o mundo."

Além disso, dá força ao novo cenário que a indústria naval está configurando no país. Erguida originalmente no Rio, no rastro da criação da Petrobras - onde hoje está mais da metade da produção nacional, com capacidade para 280 toneladas de aço/ano -, começa agora a despontar os primeiros projetos acima do Sudeste, concentrados na costa nordestina.

Em poucos anos, será lá que estarão os maiores estaleiros do país.

O Atlântico Sul não só foi o primeiro a confirmar a presença na nova região como também, de uma só vez, prometeu uma capacidade produtiva que equivale sozinha a metade de todo o polo fluminense.

Nos próximos três anos, não só o Eisa-Alagoas deve estar de pé, como também os projetos em andamento dos estaleiros Paraguaçu e EDBASA, ambos na Bahia e com mais 100 toneladas de aço anuais cada um.

Antes da chegada do Atlântico Sul, o maior estaleiro brasileiro era o Eisa-Rio de Janeiro, do próprio Efromovich, com capacidade para 52 mil toneladas ao ano.

Fonte: Brasil Econômico