Em nota, CNM/CUT diz que decisão unilateral de Trump é golpe na indústria brasileira
Entidade denúncia governo de Jair Bolsonaro pela falta de autonomia para defender os interesses nacionais nas negociações comerciais e ressaltou que vai buscar aliados para a defesa dos empregos
Publicado: 02 Setembro, 2020 - 00h00
Escrito por: CNM CUT
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nota CNM/CUT |
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EUA reduz cota de aço semiacabados importados do Brasil
Em março de 2018, o governo de Donald Trump sobretaxou a importação de aço e alumínio oriundos do Brasil, em 25% e 10%, respectivamente, argumentando a suposta necessidade de preservação da segurança nacional, prevista da seção 232 da Lei de Expansão do Comércio de 1962. As tarifas seriam necessárias para evitar o “potencial impacto de mais fechamentos de fábricas”, conforme mencionava o pronunciamento presidencial. Depois de algumas negociações, principalmente com México e Brasil, chegou-se a um entendimento em que o aço produzido nestes países poderia entrar nos EUA sem essas pesadas tarifas.
Em 28 de agosto de 2020, mais uma vez o governo Trump agiu unilateralmente e determinou uma redução da quota isenta de taxa de importação para produtos siderúrgicos semiacabados do Brasil, passando de 350 mil para 60 mil toneladas. Os EUA representam o destino de 65% das exportações de produtos semiacabados brasileiros, além de ser o principal destino de produtos do aço exportados pelo Brasil.
Mesmo que a sobretaxa se aplique somente a produtos semiacabados e não a todo o portifólio de exportação da siderurgia nacional, isso é um grande golpe para nossa indústria, cuja capacidade instalada está um pouco acima de 40% e uma queda brutal do consumo interno devido a crise gerada mesmo antes da pandemia por uma política ultraliberal implantada no Brasil desde o golpe contra a ex-presidenta Dilma, em 2016.
Considerando um cenário global cuja tendência do comércio mundial é de um menor nível de interdependência produtiva, comercial e tecnológica, com menor nível de abertura, permeado por questões geopolíticas e de segurança nacional, cujo resultado pode vir a ser uma economia mundial mais regionalizada, em detrimento da América Latina e Caribe, segundo a CEPAL, consideramos que as medidas recentes do governo dos EUA relacionadas ao aço brasileiro reforçam essas tendências econômicas protecionistas, a CNM-CUT vem a público manifestar:
- Denúncia ao governo de Jair Bolssonaro pela falta de autonomia para defender os interesses nacionais nas negociações comerciais;
- Que tal medida apresenta preocupações para a produção e emprego do setor siderúrgico brasileiro, mas também expõe a fragilidade e a falta de uma política industrial no Brasil, que atualmente não é prioritária para o atual governo;
- A CNM/CUT irá buscar aliados para mobilizar e defender os empregos neste setor fundamental da produção nacional;