Em plenária, metalúrgicos da CUT-RS definem luta por reajuste de 10%
Atividade definiu a pauta da campanha salarial, abordou a conjuntura, mobilização para o próximo período e a campanha nacional pela redução da jornada
Publicado: 24 Março, 2025 - 11h56 | Última modificação: 24 Março, 2025 - 12h00
Escrito por: FTM-RS

Os sindicatos filiados à Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS (FTM-RS) definiram a pauta para a campanha salarial 2025/2026, na manhã desta quinta-feira (20), no auditório do Sindipolo, em Porto Alegre. A reivindicação principal será um reajuste de 10%, a definição ocorreu durante a plenária dos metalúrgicos da CUT-RS, convocada pela Federação, que reuniu mais de 100 dirigentes sindicais. Os desafios colocados pela conjuntura econômica e o calendário de mobilização também foram pautados.
O reajuste de 10% repõe o poder aquisitivo do salário dos trabalhadores, perdidos entre 2019 e 2024, período em que aumentou consideravelmente o custo de vida no Brasil. Entre as outras reivindicações estão o fim do teto para o reajuste, o piso salarial de R$ 2.101,41, vale alimentação de 815,57 (correspondente ao valor atual da cesta básica), sem vínculo com assiduidade.
Ajustes na redação de algumas cláusulas também são solicitados e entre a postulação de novas cláusulas, destacam-se a remuneração do 31º dia, liberação de dois dias ao ano às trabalhadoras mulheres para cuidados com a saúde e licença maternidade, já não há cláusula específica na metalurgia referente a isso e a reivindicação é de seis meses.
As advogadas Fernanda Livi e Juliane Durão, da assessoria jurídica da Federação, acompanharam a plenária e apresentaram a proposta de pauta.
Após, o presidente da FTM-RS, Lírio Segalla enfatizou a importância dos sindicatos mobilizarem o conjunto dos trabalhadores. “Nossas conquistas serão do tamanho da nossa mobilização. Estamos presentes em todo o RS e faremos muitas ações fábricas e nas regionais", declarou Lírio.
Ele informou, ainda, que na semana de 7 a 11 de abril, será realizada a primeira grande jornada dos metalúrgicos nas portas de fábricas de diversas regiões do RS, com assembleias e entrega do informativo da FTM-RS, Reaja. Essas atividades serão convocadas pelos coordenadores das regionais da Federação.
Algumas entidades da base da FTM-RS tem data-base diferente do 1º de maio e fazem campanhas salariais separadas da Federação, embora norteadas pela mesma.
Análise de conjuntura
O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ricardo Franzoi, falou da conjuntura econômica e destacou que a estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho é de que cresça 4,7% em 2024, porém a divulgação deve sair no final de março. "Para 2025, apesar dos bons resultados, o cenário não é otimista por conta do esgotamento dos recursos para a reconstrução do estado e auxílios emergenciais", disse.
Franzoi chamou atenção para a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000,00. "Sabemos que não é para agora, mas assim que entrar em vigor ajudará muito porque vai haver um acréscimo na renda dos trabalhadores que recebem até 5 mil, de cerca de 8%, e isso movimenta a economia."
Ele também ponderou sobre as perdas salariais dos trabalhadores nos últimos anos e o aumento no custo de vida dos brasileiros, principalmente por conta da alta dos alimentos. "Porém, a grande crise é do salário. O trabalhador brasileiro recebe um salário miserável e enquanto não fizermos isso mudar, essas crises serão constantes", acredita ele.
Redução de jornada de trabalho
Uma das pautas da campanha salarial é a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, uma luta histórica da classe trabalhadora que voltou ao debate e ganhou a sociedade no final de 2024. A CUT Nacional, a CUT-RS e a CNM/CUT estão engajadas e promovendo campanhas e diversas iniciativas sobre o tema. Por isso, parta da plenária tratou dessa demanda histórica.
O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Loricardo Olivera lembrou diversos momentos dessa luta pela redução da jornada e divulgou a campanha da CNM/CUT, que inclui um abaixo assinado. "Vamos entregar daqui alguns meses numa audiência pública no Congresso. É importante que os sindicatos realizem audiência públicas nas Câmaras de Vereadores de seus municípios e levem o debate nas campanhas salariais também", orientou.
Já o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci falou que a campanha da Central "A vida não tem hora extra" foi pensada desde dezembro de 2024 e visa conscientizar os trabalhadores. “Os trabalhadores brasileiros enfrentam jornadas extenuantes e baixos salários, o que compromete sua qualidade de vida”, afirmou. O publicitário da D3 Propaganda, Fernando Waschburger apresentou as peças da campanha.
Por fim, o secretário adjunto de Relações Internacionais da CUT Nacional, Quintino Severo, afirmou que a redução da jornada de trabalho sem redução salarial será uma das grandes pautas do 1º de maio. “Devem ocorrer muitas atividades descentralizadas para priorizar a conscientização e o diálogo com a população. Além disso, a CUT está construindo uma atividade para final de abril em Brasília, para buscar uma aproximação com o presidente e o parlamento”, contou. A data indicada para a grande atividade em Brasília é 29 de abril.