Em seminário, trabalhadores debatem desafios da indústria no Brasil
O evento acontece em São Paulo e é promovido pelo TID Brasil e Macrossetor da Indústria da CUT, em parceria com a Fundação Perseu Abramo.
Publicado: 13 Junho, 2018 - 00h00
Escrito por: CNM CUT
Crédito: Adonis Guerra |
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Seminário tem participação de 160 representantes dos trabalhodores |
Nesta quarta-feira (13) teve início o Seminário “Desafios da Indústria no Brasil e os Trabalhadores e Trabalhadoras”. O evento é organizado pelo Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID Brasil) e Macrossetor da Indústria da CUT, com apoio da Fundação Perseu Abramo.
A atividade, que se estende até amanhã (14), conta com a participação de 160 representantes dos trabalhadores dos ramos químico, vestuário, metalúrgico, construção civil, alimentação e eletricitários/sinergia.
A primeira mesa do Seminário teve como tema a “Transição para um novo paradigma tecnológico: que lugar caberá para o Brasil?”. Em sua intervenção, o professor Demetrio Toledo, da Universidade Federal do ABC, apresentou as revoluções tecnológicas sob o olhar da socióloga venezuelana Carlota Perez.
De acordo com estudos dela, a primeira revolução tecnológica se deu em 1771 com a energia hidráulica e da manufatura têxtil; a segunda foi a partir de 1929 com a era do vapor e das ferrovias; já a terceira foi em 1975 com o aço, eletricidade e engenharia pesada; em 1908 entra a era do petróleo, automóvel e produção em massa; e por último, em 1971, a era da informação e telecomunicações.
“Atualmente, o Brasil está completando a quarta revolução tecnológica, mas o mundo já está terminando a quinta e dando início a sexta. Quando achamos que o Brasil iria avançar, a indústria no mundo surge com novos paradigmas de tecnologias de produção. As novas revoluções tecnológicas alteram radicalmente o modelo tecnológico vigente”, afirmou Toledo.
Crédito: Adonis Guerra |
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Mesa da manhã abordou novos paradigmas tecnológicos |
Segundo o professor, principais líderes do novo paradigma tecnológico são Alemanha, China e Estados Unidos. “O desenvolvimento industrial e tecnológico não existe sem o outro, por isso é preciso pensar conjuntamente, e estes países fazem isso com excelência. As novas tecnologias terão novos processos de fabricação e, consequentemente, a redução do emprego na indústria”, disse. “Com essas revoluções tecnológicas, a gente vai ter que pensar uma política industrial e uma política de emprego de formas autônomas”, completou.
Já para João Furtado, professor e economista, a indústria é essencial para uma nação porque é através dela que nascem novos processos de produção. “A indústria é o ramo que tem alta eficácia. Por exemplo, em 1800, a população mundial era de 1,4 bilhão e a mão de obra era majoritariamente agrícola, mas a humanidade passava fome. Em 2000, a população era de 7 bilhões e apenas 5% de mão de obra na agricultura. Hoje as pessoas passam fome porque não tem dinheiro. Mas foi a partir da produção industrial que a distribuição de alimentos foi possível”, contou.
“O desafio não é trazer para as fábricas a indústria 4.0, mas é de como seremos capazes de permitir que as empresas se digitalizem e criem no Brasil. Modernizar todas as empresas, inclusive as pequenas, que empregam milhões de brasileiros”, completou.
(Fonte: Shayane Servilha, assessoria de imprensa da CNM/CUT)