Encontro inédito na Argentina debate integração produtiva do setor naval no Mercosul
Atividade em Buenos Aires reuniu, pela primeira vez, em 34 anos de debates sobre o Mercosul, sindicalistas, empresários, universidades e governos do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai
Publicado: 15 Agosto, 2025 - 14h45 | Última modificação: 15 Agosto, 2025 - 14h59
Escrito por: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC* | Editado por: Redação CNM/CUT

Encontro realizado na Faculdade de Engenharia da UBA (Universidade de Buenos Aires), em Buenos Aires, na Argentina, no último dia 5, reuniu, pela primeira vez em 34 anos de debates sobre o Mercosul, academia, trabalhadores, empresários e governos para discutir a integração produtiva no Mercosul, com foco no setor naval. O debate foi proposto e articulado pelos metalúrgicos da CUT.
O secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT, Maicon Michael Vasconcelos, explicou como surgiu a ideia e destacou a relevância da iniciativa. “Ela nasceu da percepção dos metalúrgicos da CUT sobre a necessidade de debater a integração produtiva da região para fortalecer nosso parque industrial e nos proteger de influências externas que podem debilitar ou impedir o desenvolvimento de nossas atividades industriais. Esse entendimento foi aprovado no último congresso da CNM/CUT”.
Maicon pontua que a atual conjuntura internacional é mais um dado relevante para reforçar a busca por integração no continente. “Com as recentes intervenções do governo estadunidense do Trump, atendendo aos pedidos de traidores da nação, como os Bolsonaros e seus aliados, que querem colocar o Brasil como capacho dos EUA atentando contra nossa soberania nacional, a necessidade se comprovou. Uma ação de extrema importância que tivemos o imenso prazer e a satisfação de articular”, complementou.
O coordenador do segmento Naval da CNM/CUT, Edson Rocha, revelou que a ideia do evento também veio de uma dica do presidente Lula para debater a integração dos países da América do Sul que possuem indústria naval, ideia prontamente aceita pelos representantes estrangeiros.
“A ideia da integração da Indústria naval do Mercosul é uma iniciativa com objetivo de criarmos de alguma forma um polo naval regional com integração de demandas, desenvolvimento industrial, formação profissional que atenda às necessidades regionais, evitando ou diminuindo as demandas para os países asiáticos e garantindo os empregos em nossos países, assim como uma indústria naval com legislação de estado e soberania para os países da América do Sul, além de construir uma integração maior na navegação no Mercosul”, afirmou Edson.

Por que o setor naval?
O excedente de produção do setor naval do Brasil, por exemplo, conforme detalhou o secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT, vai para a Ásia. Mas, com a articulação desses atores, o destino poderia ser outro. “Se houver articulação, se trabalharmos juntos, podemos fortalecer nossa indústria, desenvolver a dos nossos parceiros, dos nossos vizinhos e da região. A ideia é que esse excedente fique na América do Sul. Temos um setor naval desenvolvido e que precisa ser integrado a essa lógica regional”.
“Estamos falando do jogo do ganha-ganha, porque, não indo esse excedente para a Ásia, além de desenvolver o mercado regional, o Brasil também amplia sua área de ação e de comércio, abrindo novas oportunidades, inclusive para a fabricação de novos navios dentro do espaço nacional”, completou. A proposta, ainda segundo Maicon, é avançar também nos setores aeroespacial, nuclear e automotivo.
Edson Rocha afirma que já existem encaminhamentos para que os debates continuem e se aprofundem no futuro. “Saímos das discussões já com um primeiro passo a ser conquistado, o de criar uma frente parlamentar do Mercosul, com o objetivo de direcionar as políticas públicas necessárias para união dos países. Faremos reuniões periódicas para construção das ideias e indicando novo encontro ainda maior com mais atores e até países para o primeiro trimestre de 2026”, disse o dirigente.
* Editado com informações da Redação CNM/CUT