Fiat estimula importação de peças para enfrentar chineses
Publicado: 21 Setembro, 2006 - 08h00
Escrito por: CNM CUT
A Fiat Automóveis S.A. (Fiasa), instalada em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, já está colocando em prática suas estratégias para se manter competitiva, no mercado nacional, diante da ameaça da indústria automobilística chinesa, que pretende expandir sua atuação pelo resto do mundo, inclusive no Brasil. Apesar de não temer o risco imediato, a montadora de origem italiana, que detém 25% do mercado nacional, vem investindo em redução de custos e produtividade para garantir sua fatia de mercado no médio prazo.
Chineses
A montadora está estimulando seus fornecedores de autopeças a importar componentes e suprimentos (peças plásticas e eletroeletrônicos) das fábricas chinesas para baixar os custos. De acordo com Cledorvino Belini, diretor superintendente da Fiat, que fabrica o modelo mais barato do mercado nacional, o Fiat Uno, as montadoras instaladas no Brasil têm condições de competir com as montadoras chinesas. Para isso, além de encontrar saídas próprias para a produção, precisam contar com o apoio do governo. 'O Brasil precisa aumentar e fortalecer o seu mercado interno. Assim, os preços dos veículos nacionais se tornariam mais competitivos', diz.
O governo chinês pretende transformar oito de suas principais cidades, como Changchun e Chongqing, em base de empresas exportadoras de automóveis e peças automotivas. A meta chinesa é exportar cerca de 2 milhões de veículos (praticamente toda a atual produção brasileira) até 2010, quando deverá fabricar cerca de 10 milhões de unidades. Os primeiros automóveis chineses devem desembarcar no Brasil já em 2007, por meio da montadora Cherry Automobile, fabricante do QQ, um carro compacto com motor de 0,8 cilindradas.
Preço Baixo
A expectativa é de que o QQ chegue ao Brasil com preço entre R$ 14 mil e R$ 20 mil, o que o colocará na faixa popular. Os carros chineses podem ser uma ameaça à indústria brasileira. É preciso, porém, levar em conta o preço desses veículos com os impostos brasileiros embutidos. Hoje, a cada três carros produzidos no Brasil, um vai para o governo em forma de impostos, lembra Belini.
'E os chineses também serão submetidos a esses impostos', ressalta.
No ano passado, o mercado chinês exportou 170 mil veículos, um crescimento de 120,5% sobre 2004. Os principais compradores foram a África, Oriente Médio e Sudeste Asiático. Apesar da concorrência chinesa e da sobrevalorização do real frente ao dólar, a Fiat deve encerrar o ano exportando a mesma quantidade do ano passado, quando vendeu para o exterior 100 mil unidades.
A montadora de Betim produz atualmente em torno de 500 mil unidades por ano. 'Estávamos receosos. Mas, de janeiro a agosto, já exportamos pouco mais de 60 mil unidades. Com a recuperação de mercados como o da Argentina e o da Venezuela, devemos encerrar o ano com o mesmo desempenho do ano passado, no que se refere às exportações', conclui o diretor-superintendente da Fiat.
Fonte: DCI